domingo, 23 de agosto de 2009

1995

Sei que não é um bom negócio escrever um texto enquanto se escuta um jogo de futebol pelo rádio . Acaba de começar mais um importante jogo pelo Campeonato Brasileiro de futebol . O meu fraco - e caseiro - Grêmio enfrentando o Atlético MG do grande e pequeno Celso Roth .
O fato é que , enquanto a bola rola - lá no Estadio Olímpico - me vem do fundo da memória o momento em que a bola rolou pelo campeonato interno da E . E . E . F . Felipe de Oliveira . O ano , eu não recordo . Imagino que tenha ocorrido por volta de 1995 . Tínhamos um time muito bom ; o Gabriel , o mais habilidoso e líder , controlava a zona de meio campo do time ; o Fábio - vulgo Binho - , matador , não perdoava o goleiro ; o Fernando , fechava tudo , nada passava por ele ; o André , zagueirão , passou por ele era queda na certa . Por fim , este que aqui escreve , com a sua conhotinha atuando pela lateral esquerda do time . Ao contrário da nossa turma - onde todos os jogadores estudavam lado a lado - , as outras turmas mesclavam atletas de todas salas com a intenção de formar um time que conquistasse o campeonato . Foi exatamente o que fez uma turma da oitava série - onde estava a maioria da comissão organizadora do campeonato , ou seja , os cabeças do Grêmio Estudantil . Nem preciso dizer , e a política sempre teve este perfil , que eles organizaram este campeonato para saírem vencedores .
No entanto , não tinham um time muito bom – apesar de formar uma grande panela . Mas torcida sim , quase toda a escola ao lado deles , principalmente as gurias com bandeiras e tudo . Com tudo isso , o pior ainda estava por vir . Com todas as suas arrumações , esta turma da oitava série conseguia chegar à final da competição . Contra qual time ? O nosso ! O nosso mais humilde - e sem torcida – time ! Para não dizer que estávamos abandonados , três colegas acompanhavam fiéis os nossos jogos . Apareciam em todas as nossas disputas , sempre discretas e silenciosas . A verdade é que não gostavam de criar conflitos com as meninas que torciam pelos adversários , até porque o encontro na escola dias depois seria inevitável . Mas também sabiam do nosso potencial e da capacidade que teríamos para vencer o campeonato . Depois de muita briga , foi exatamente isso que aconteceu : fomos campeões após uma vitória por 4 X 1 sobre o time organizador da competição , a oitava série . É óbvio que eles fariam de tudo para ganhar , tanto que após a partida argumentaram que a nossa equipe havia inscrito um atleta a mais do que o permitido . Por isso negavam – se a entregar as medalhas e a taça para nós , os verdadeiros campeões . Não fosse a intervenção da diretora da escola , talvez estaríamos até hoje amargando o 2º lugar . Mas a vida é assim , todos querem ganhar ; no entanto , ninguém aceita perder . Talvez este seja o grande dilema das disputas atuais .
Lembrei deste acontecido por acaso . Um tempo em que não tínhamos noção de vida . Éramos ingênuos e não acreditávamos na maldade . As lágrimas do Gabriel ainda são o reflexo da injustiça da qual estavam tentando nos aplicar . Isso em 1995 ; mas parece que foi ontem , nada de novo . As lágrimas , motivos e os fatos são os mesmos , só muda a época de atuação .

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