sábado, 13 de fevereiro de 2010

Dois pontos de vista.

O texto que postei , recentemente , aqui neste blog sobre o auxílio – reclusão deixou no ar algumas definições que não ficaram bem claras . Uma delas é o fato de que não seria beneficiado cada dependente do preso com o valor de mais ou menos R$ 800.00 , mas sim a família do detento . Mesmo assim , continuo achando o valor extremamente alto se levarmos em consideração que grande parte dos trabalhadores brasileiros , pessoas íntegras , ganham bem menos que isso .

Contudo , duas opiniões sobre o tema foram divulgadas na mídia hoje . A primeira delas , do juiz da Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre , Sidinei Brzuska ; a segunda , do advogado e ex – presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul , Marco Antônio Barbosa Leal . São dois pontos de vista antagônicos e que merecem alguns comentários que podem ser relevantes .

Sidinei Brzuska acha que “o auxílio ajuda e onera pouco o Estado” . O juiz acha que com este auxílio , a família do detento pode não parar na marginalidade . Conforme o juiz , muitas vezes , os presos retardam o pedido de transferência para albergues do regime semi-aberto porque sua família depende do auxílio .

Ora , não vejo razão para acreditar e relacionar a criminalidade com questões econômicas . Neste sentido o auxílio não determina o ingresso no mundo do crime . Quer dizer , os aspectos culturais estão bem acima dos aspectos econômicos ; por exemplo , muitos bandidos não roubam ou matam para crescer na vida , suas condições sociais são sempre as mesmas ; por outro lado , a cultura do crime está enraizada nos familiares destes detentos . São eles influenciados pelos bandidos e levam isso para o seu futuro . A presença de armas , drogas , violência e outras , faz com que a marginalidade cresça independente de auxílio qualquer que seja . Quanto ao fato de os presos retardarem o pedido de transferência para albergues do regime semi-aberto porque sua família depende do auxílio , parece mais ser um visão romântica de uma atualidade macabra . Todos querem a liberdade e lutam por isso . Quando não a conseguem pelos meios legais , fogem da cadeia ou orientam os crimes de dentro dos estabelecimentos penais . Na rua , a maioria volta a cometer delitos .

Marco Antônio Barbosa Leal , por outro lado , é contra que “se gaste com quem não faz nada” . Para ele , importante seria investir com detentos que prestam alguma forma de serviço , que não estão parados . Ou seja , os cidadãos não podem pagar por algo que foi feito pelos criminosos . Foram eles mesmos quem desampararam as suas famílias .

Concluindo , penso que tudo o que é de graça estimula a vagabundagem , mais ainda quando trata – se de dinheiro . Ganhar para não fazer nada é muito fácil , tanto quanto o crime . Para que trabalhar ? Barbosa está certo , neste sentido ! Precisa – se arrumar uma forma de fazer com que o preso aprenda a viver em sociedade pela via do humanismo e , principalmente , do trabalho . É preciso ocupar a cabeça destas pessoas para que elas não se sintam assediadas pelo crime . Quem não está fazendo nada , na verdade , está controlando o crime de dentro da cadeia , pois tem tempo para isso . Se estivesse prestando algum tipo de serviço , não teria tempo de continuar praticando delitos e estaria recebendo de forma justa .

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