sábado, 10 de abril de 2010

O Estado em ebulição.

Dias atrás , ocorreu um forte discussão entre o Ministério Público do Estado do Rio do Grande do Sul e a Polícia Civil por causa de um crime que abalou a sociedade gaúcha como um todo . Trata – se do um crime que tirou a vida de Eliseu Santos , Secretário de Saúde de Porto Alegre . O médico tinha 63 anos e foi morto após levar tiros ao sair de um culto religioso na capital gaúcha .

Em uma primeira análise , a polícia concluiu as investigações dando o caso por encerrado ao definir o crime como uma tentativa de roubo de carro ( latrocínio ) . Ora , a própria polícia entende que , em um caso de axecução ( versão colocada pelo MP – RS ) , arma – se uma tocaia para pegar um desafeto . Então eu não compreendo uma coisa : em um latrocínio não arma – se tocaias ; como fazem , então , os bandidos ? Imagino que eles procurem um local discreto e adequado para a prática do delito , ao contrário do lugar onde o Eliseu foi morto ; ou seja , a saída de um culto religioso – onde uma grande quantidade de pessoas circulava pela rua , perto do local . Seria possível uma tentativa de assalto em um ponto de bastante movimento , onde os próprios bandidos corriam grande risco de se verem azarados pela polícia ou , futuramente , por testemunhas ?

Neste sentido , a própria Polícia tropeça nos seus argumentos e abre campo para a versão do Ministério Público , de execução . Os promotores que atuam na 1ª Vara do Júri da Capital – Lúcia Helena Callegari , Eugênio Paes Amorim , Jorge Alberto dos Santos Alfaya e André Gonçalvez Martinez - defendem que a morte do médico foi encomendada por desafetos e inimigos do médico . Entre eles , Marco Antônio de Souza Bernardes , ex – coordenador da assessoria jurídica da secretaria , que teria sido demitido pelo secretário , em 2009 , por cobrar propina . Ora , será que a polícia tinha conhecimento de que o médico já havia registrado queixa sobre as ameaças que vinha recebendo ? E a arma que o médico carregava , nada indica sobre o caminho que uma investigação deve tomar ?

Além da inexperiência dos bandidos ( no momento do delito ) , deve – se levar em consideração outros fatos que não aconteceram no momento do crime , afinal de contas , o passado pode - perfeitamente - definir o presente . Pode ser que a Polícia tenha se preocupado muito em solucionar o crime ; no entanto , abstraiu as circunstâncias que levaram ao mesmo . Não estou dizendo que o MP tenha razão nesta controvérsia toda , apenas acho que os seus argumentos estão mais articulados e , por isso , acredito que tenha havido uma execução .

Por fim , não vejo a necessidade de fiasco midiático entre as instituições . O que se precisa é de união e dedicação de ambos para elucidar o problema . Um crime como este requer cautela , e não afobamento ; requer paciência , a não pressa . A sociedade precisa de instituições fortes e equilibradas , onde o primeiro acerto talvez seja o reconhecimento e a correção de erros , que ninguém está livre de cometer .

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