sexta-feira, 28 de maio de 2010

E as carroças?

Em julho de 2008 , o prefeito José Fogaça – regulamentou a conhecidíssima “Lei das carroças” . Esta lei tem por objetivo a retirada de todos os carroceiros de Porto Alegre até 2016 . A complexidade do tema , no entanto , está oculta sob a vista de uma sociedade preconceituosa que não quer entender os verdadeiros fatos e aliena – se em reportagens de uma mídia elitista .

Por exemplo , o jornal Zero Hora ( Edição de ontem , 27 / 05 / 2010 ) , traz uma abordagem em que os papeleiros , e suas atitudes , fazem de Porto Alegre uma cidade bárbara .

Ora , bárbaros ? Os carroceiros trabalham tanto quanto um vereador , por exemplo . A diferença é que não atuam em luxuosos gabinetes sustentados com o dinheiro destes mesmos carroceiros - ou não são eles cidadãos normais , que trabalham quase meio ano apenas para pagar impostos ? !

Os carroceiros ganham a vida reciclando lixo para poder levar um prato de comida para as suas famílias , assim como muitos empresários enchem a pança em restaurantes caríssimos com dinheiro que , muitas vezes , é fruto de uma monstruosa sonegação de impostos e da brilhante exploração exercida sobre a necessitada classe trabalhadora .

É claro que outros exemplos poderiam ser citados , mas preferi me conter nestas duas classes : a política e a empresarial . Isso porque não consigo separar a primeira da segunda . Quer dizer , tenho a nítida impressão de que se governa e se faz leis para privilegiar uma elite política e empresarial . Outro exemplo : bastou o Brasil ser escolhido , sem concorrência , para sediar a Copa de 2014 para que os “grandes” resolvessem extinguir as carroças até o mesmo ano de realização dos jogos . Quem sai ganhando com isso ? Os políticos , que fazem o seu “filme” frente a um eleitorado cada vez mais ignorante e os empresários , que jogam seus produtos para os turistas que vêm de todos os cantos do mundo para ver a Copa e estão dispostos a deixar muita grana por aqui .

Em outras palavras , poderão adiantar em dois anos o aumento ( A intenção era excluir as carroças até 2016 , mas com a realização da Copa – em 2014 – passa a ser este o ano de exclusão total ) do número de pessoas em condições sociais precárias , ou alguém acredita que o estado vai colocar comida na mesa destes trabalhadores ?

Com certeza é uma situação tão complexa que o termo bárbaro poderia ser aplicado mais a quem o citou na reportagem do que aos carroceiros . Precisa – se de uma compreensão melhor dos fatos . A questão é sobre a agressão aos animais ? Sobre a exploração dos menores ?

Então , vamos lutar para descobrir o problema , discutir e arrumar uma solução para resolvê – lo , mas sem aqueles velhas utopias que só aparecem em anos de eleições ou ano em que eventos importantes serão realizados , como a Copa de 2014 .

Um comentário:

  1. O problema é que muitos, quase a maioria, maltratam os animais, batem de relho e outros apetrechos no bicho, principalmente quando ele está cansado da sua dura jornada de trabalho não remunerada e mal alimentado. Sim, porque pelo jeito o animal não tem direito a nada. Eu concordo com o fim das carroças, porque acima de tudo defendo os animais.Com certeza essas pessoas trabalhadoras e honestas serão encaminhadas para uma nova colocação, o que certamente irão concordar, e talvez mudem suas vidas pra melhor, já os ditos rebeldes, são os que mais estão reclamando pq na verdade eles gostam é de traficar, roubar, e já se acostumaram com essa vida de "falta de compromisso". Tem muita gente boa no meio, mas tb muita gente do mal e é fato, eu mesma ando nas ruas todo santo dia e vejo o que "muitos" deles fazem por aí, jogando lixo nas esquinas, demolindo o patrimônio público, traficando, roubando, jogando animais fora, defecando nas portas de nossas casas como uma afronta pela situação em que se encontram. A esquina da minha casa é um exemplo do que essa dita "galera do mal" faz, sem a mínima noção ou conhecimento, prefiro dizer assim, eles descarregam seus entulhos como se a rua fosse um aterro. Pena essa idéia vir a tona em vesperas políticas, o que já deveria ter sido resolvido há muito tempo.

    Valeu Gui, bjus Sabrina C. Flores

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