Não precisa ir muito longe para perceber que o mundo está de cabeça para baixo . Muitas pessoas , há muito tempo , não gostam de trabalhar . Elas fogem do serviço como o cara aquele foge da cruz ! Dessa forma , elas se encostam nos outros de tal maneira que fica difícil manter a mente em seu devido descanso .
Não é raro alguém reclamar para o patrão que o fulano não quer fazer nada ou que o cara anda se “arrastando” pelos cantos . Relações de coleguismo que muitas vezes acabam em demissões indesejadas e conflitos entre ex – colegas de trabalho que podem superar até amizades de longa data .
Lembrei deste assunto ao atentar para aqueles meninos que entram no coletivo oferecendo balas e guloseimas aos passageiros . Estes , os olham com um olhar desconfiado e característico de tipos preconceituosos que já estamos acostumados a lhe dar . Mas nada disso importa , eles têm o texto na ponta da língua .
Em uma das passagens do texto : “quem quiser colaborar com o meu serviço , estarei passando aos bancos” . A despedida não poderia ser diferente : “tenham uma boa viagem e fiquem com Deus” !
Esta breve passagem mostra apenas uma parte da apresentação que os jovens fazem diante de uma diversidade de pessoas que jamais viram na vida e , talvez , jamais o verão . Aquele texto decorado sai com uma naturalidade que dificilmente se encontra em muitos universitários . Tanto que muitos estudantes de curso superior , a grande maioria - talvez - , jamais gostou de realizar apresentações de grupo ou algo do tipo . Talvez por necessidade , estes jovens precisam vencer ; precisam entrar em um coletivo e pedir “arrego” ao cobrador ; precisam , enfim , trabalhar !
Este é o trabalho que garante o sustento de suas famílias .
Portanto , se você é daqueles que tem uma forte bronca com o trabalho e adora se encostar nas costas dos outros , contribua – pelo menos – com o serviço destes jovens vendedores que deveriam estar dentro de uma sala de aula enfrentando um ensino precário que nada mais faz do que enrolar o que já está enrolado até os dentes !
Se não quiser colaborar , tudo bem , não se desespere ; afinal de contas , o pobre menino trabalhador já lhe desejou que “fique com Deus !”
Enfim , Deus o seguirá ; tanto na colaboração , quanto na tradicional indiferença com que os olhos atravessam o corredor do “bãs” . Talvez o mais importante seja continuar a leva desta vida que não cansa de passar e deixar para trás tudo daquilo que somos e tudo aquilo que dizemos ser .
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