terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A solidão de Alvarez...


Pelo menos uma vez, na vida: a solidão! Por mais que desenvolvemos e amadurecemos variados tipos de relações sociais, é inevitável o encontro com a, muitas vezes reclamada, solidão. Pois que ela, muitas vezes, é de fundamental importância para que possamos pensar e dar um rumo as nossas vidas. Sim, a solidão!
Alvarez era aquele tipo de homem mulherengo. Não cansava de conduzir seus luxuosos carros do ano recheado de mulheres bonitas e companheiros de noitadas. A cidade de Porto Alegre tornara – se pequena para Alvarez. Certa vez, lembro tê – lo encontrado em uma balada de família. Sem querer, por entre papos e bebidas, percebi que o rapaz começou a palestrar por entre as meninas:
“Acho que vou mudar de cidade! Acho que estou muito grande, crescendo cada vez mais, enquanto a minha cidade parece encolher mais, a cada dia!”
Pois a vida de Alvarez era essa: diversão, bebidas, festas e mulheres! Muitas mulheres! Como se a felicidade fosse só isso. Como se a vida fosse entrar para o fundo de uma garrafa e transar com as mulheres mais bonitas da cidade. Mas o fato: Alvarez amava a sua vida. Queria morrer fazendo o que gostava; ou seja, nada!
Eram raras as noites em que o moço não andava por entre os bares da cidade curtindo a noite. Mas acontecia, volta e meia. E, naquele trinta de Outubro, voltou a acontecer. As rajadas de vento batiam portas e fechavam janelas; enquanto isso, um grande temporal armava – se para desabar sobre a cidade.
Alvarez abriu a porta e entrou em seu pequeno “recanto”, pois era desta maneira que preferia chamar  o seu quarto. As duas janelas estavam iluminadas pelos raios e trovões que antecediam o temporal daquela melancólica noite. Encostou – se junto ao seu travesseiro de fronha azul e pensou na vida. Veio – lhe à mente a principal lembrança ao longo da sua existência, que já durara 28 anos.
A nebulosa lembrança da perda dos seus pais em um acidente de trânsito, quando completara 5 anos, fez sentir algo que talvez jamais tivesse sentido: a solidão! A vida era aquele momento, e Alvarez estava sozinho.
Mulheres bonitas, festas, diversão: tudo perdeu a importância. A solidão em que se encontrava tornou o grande Alvarez no menor dos seres. Uma bactéria, talvez! Foi, então, que ele aprendeu a sua maior lição de vida.
Aquela noite de clima sombrio tornou – o um homem de solidão. Um homem que aprendeu que, na vida, precisamos estar só! Precisamos refletir sobre o que estamos construindo, sobre o que estamos vivendo. E as festas, as mulheres e os bares jamais permitiram isso. A bebida causava – lhe prazer, ao mesmo tempo em que o seu cérebro engolia os seus pensamentos.
Pois que, naquela noite de trinta de Outubro, Alvarez resolveu mudar de vida. Trocava olhares com o temporal que inundava a rua e com os retratos de família – sobre o seu pequeno gabinete – onde seus pais apareciam em primeiro plano. Aos 35 anos, formou – se em Direito por uma das melhores universidades do país. Os lucros oriundos do seu escritório, no centro da cidade, são doados a uma instituição que cuida de jovens envolvidos com drogas.
Enfim, Alvarez precisou encontrar a solidão para aprender a viver de verdade. Depois daquela noite, os “amiguinhos” o olhavam com ares estranhos. Aquele temporal, aquela solidão! Tudo era necessário para que a vida tomasse um rumo!

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