Este texto foi escrito por Roberto M.
M. da Silva[1],
em uma das primeiras aulas do Curso de Direito Penal da conhecida Universidade
do Canto Brasileiro[2].
Naquele contexto, discutia – se sobre as questões criminais presentes em diversas sociedades em todos os
continentes do globo terrestre.
O autor:
“Todo o ser humano nasce com um caminho
traçado a seguir, na vida. Alguns, preferem o tortuoso caminho da criminalidade,
imaginando que a riqueza se busca num piscar de olhos; outros, preferem a
grande perspectiva que permeia os círculos dos estudos, levando em consideração
que o estudo é o melhor caminho para uma vida bem – sucedida economicamente;
mais ainda, alguns homens preferem escolhas que, aos olhos de muitos, parecem
incompreensíveis.
Por exemplo, estamos discutindo
aspectos da criminalidade no Brasil e incrivelmente muitos alunos apóiam a
idéia de que bandido bom é bandido morto. Pois que, então, me proponho a pensar
um pouco sobre isso.
Em primeiro lugar: o que estou fazendo
aqui? Que são estes colegas? Meu Deus!
Em verdade, não sei o que estou fazendo
aqui. Na aula passada, estudamos a importância de uma constituição para
qualquer país em seu processo de desenvolvimento humanista. Então, muitos
colegas teceram comentários no sentido de que
o Brasil já não se encontra mais “em desenvolvimento”, tendo
ultrapassado esta fase em virtude de seu grande momento econômico em que vive.
Nossa, eu queria falar, mas temi em ser fortemente hostilizado por aquela
galera que achava que todos os problemas sociais se resolvem por meios da
armas!
Eu estava a questionar: será que o
Brasil está privado de criminalidade? Mas, será que a economia e a
criminalidade não andam de mãos dadas? Pois estes alienados pensam que,
provavelmente porque saem para a aula acompanhado de dois ou três seguranças
armados até os dentes, vivemos em um mar de flores.
Um dos colegas acaba de concordar com a
afirmação de que “não penso que a constituição mereça ser alterada. Até porque,
os grandes problemas sociais são históricos em um país como o Brasil”. Isso
chega a me dar um clima de desânimo. Com certeza, eu não deveria estar aqui!
Quanto aos meus colegas: quem são eles?
Podem ter certeza, são formadores de
uma elite que tem uma constituição atrasada que nada faz a não ser legitimar as
suas riquezas e posses. Por esse motivo, fazem questão de entrar em uma
universidade que também defende suas idéias. Fazem questão de defender uma
hierarquia social com o argumento de que tudo no Brasil é histórico!
Amanhã virei queimar a minha matrícula.
Então, provavelmente, me perguntarão o porquê. Parece claro que não colocarei o
que realmente penso com medo de que, talvez, sairei da universidade dentro de
um carro de Polícia. Claro, ou você não sabe que as forças policiais existem
para evitar os conflitos sociais e defender a posse dos possuidores do poder
político e econômico?
Mas amanhã, esta tortura de alienação e
vazio cerebral acabará! Estarei em casa, pois pensar sozinho é muito melhor do
que pensar envolta de quem não quer que se pense! As sociedades são assim, só
quem pode pensar são as elites...
Mas eu...bom, eu sou muito teimoso!
Logo serei um pensador! Tudo o que eu quero, tudo o que carrego na minha cabeça
e no meu coração!”
[1] Este
nome é fictício, na medida em que o autor do texto prefere o anonimato. Segundo
ele, é possível que os aparatos repressivos venham a expulsá – lo da
universidade ou mesmo que as forças policiais venham o tirar – lhe a liberdade.
[2] Assim
como o nome do autor, o nome da Universidade também há de ser fictício. Isso para
preservar o campo ideológico de uma
universidade muito bem conceituada dentro da Brasil. Ou seja, a preocupação do autor
reside no fato de que a instituição de ensino apresenta uma forma de abordagem
de determinados temas que abstrai muitos fatos da realidade na qual está
inserida. E isso poderia acarretar a perda de pontos por parte das avaliações
estatais.
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