sábado, 6 de abril de 2013

Ele queria ser pensador!



Este texto foi escrito por Roberto M. M. da Silva[1], em uma das primeiras aulas do Curso de Direito Penal da conhecida Universidade do Canto Brasileiro[2]. Naquele contexto, discutia – se sobre as questões criminais  presentes em diversas sociedades em todos os continentes do globo terrestre.
O autor:
“Todo o ser humano nasce com um caminho traçado a seguir, na vida. Alguns, preferem o tortuoso caminho da criminalidade, imaginando que a riqueza se busca num piscar de olhos; outros, preferem a grande perspectiva que permeia os círculos dos estudos, levando em consideração que o estudo é o melhor caminho para uma vida bem – sucedida economicamente; mais ainda, alguns homens preferem escolhas que, aos olhos de muitos, parecem incompreensíveis.
Por exemplo, estamos discutindo aspectos da criminalidade no Brasil e incrivelmente muitos alunos apóiam a idéia de que bandido bom é bandido morto. Pois que, então, me proponho a pensar um pouco sobre isso.
Em primeiro lugar: o que estou fazendo aqui? Que são estes colegas? Meu Deus!
Em verdade, não sei o que estou fazendo aqui. Na aula passada, estudamos a importância de uma constituição para qualquer país em seu processo de desenvolvimento humanista. Então, muitos colegas teceram comentários no sentido de que  o Brasil já não se encontra mais “em desenvolvimento”, tendo ultrapassado esta fase em virtude de seu grande momento econômico em que vive. Nossa, eu queria falar, mas temi em ser fortemente hostilizado por aquela galera que achava que todos os problemas sociais se resolvem por meios da armas!
Eu estava a questionar: será que o Brasil está privado de criminalidade? Mas, será que a economia e a criminalidade não andam de mãos dadas? Pois estes alienados pensam que, provavelmente porque saem para a aula acompanhado de dois ou três seguranças armados até os dentes, vivemos em um mar de flores.
Um dos colegas acaba de concordar com a afirmação de que “não penso que a constituição mereça ser alterada. Até porque, os grandes problemas sociais são históricos em um país como o Brasil”. Isso chega a me dar um clima de desânimo. Com certeza, eu não deveria estar aqui!
Quanto aos meus colegas: quem são eles?
Podem ter certeza, são formadores de uma elite que tem uma constituição atrasada que nada faz a não ser legitimar as suas riquezas e posses. Por esse motivo, fazem questão de entrar em uma universidade que também defende suas idéias. Fazem questão de defender uma hierarquia social com o argumento de que tudo no Brasil é histórico!
Amanhã virei queimar a minha matrícula. Então, provavelmente, me perguntarão o porquê. Parece claro que não colocarei o que realmente penso com medo de que, talvez, sairei da universidade dentro de um carro de Polícia. Claro, ou você não sabe que as forças policiais existem para evitar os conflitos sociais e defender a posse dos possuidores do poder político e econômico?
Mas amanhã, esta tortura de alienação e vazio cerebral acabará! Estarei em casa, pois pensar sozinho é muito melhor do que pensar envolta de quem não quer que se pense! As sociedades são assim, só quem pode pensar são as elites...
Mas eu...bom, eu sou muito teimoso! Logo serei um pensador! Tudo o que eu quero, tudo o que carrego na minha cabeça e no meu coração!”




[1] Este nome é fictício, na medida em que o autor do texto prefere o anonimato. Segundo ele, é possível que os aparatos repressivos venham a expulsá – lo da universidade ou mesmo que as forças policiais venham o tirar – lhe a liberdade.
[2] Assim como o nome do autor, o nome da Universidade também há de ser fictício. Isso para preservar o campo ideológico de uma  universidade muito bem conceituada dentro da  Brasil. Ou seja, a preocupação do autor reside no fato de que a instituição de ensino apresenta uma forma de abordagem de determinados temas que abstrai muitos fatos da realidade na qual está inserida. E isso poderia acarretar a perda de pontos por parte das avaliações estatais.

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