sábado, 13 de abril de 2013

Maffesoli e as manifestações em Porto Alegre.



Parece que ainda está longe de ser resolvida a questão dos valores referentes às passagens no transporte público de Porto Alegre.
Ainda que as grandes mobilizações tenham conseguido uma redução de R$ 3.05 para R$ 2.85, os manifestantes continuam na luta por um valor que seria o mais justo. Segundo análises oficiais, este valor estaria calculado em R$ 2,60.
Neste contexto, gostaria de abordar duas questões que me parecem bastante relevantes. A primeira delas traz aquela que vai tratar das pessoas que fizeram parte deste movimento pela redução nos valores cobrados pelas passagens na capital gaúcha. Em segundo, gostaria de fazer uma referência aos “penetras do movimento”.
Nos últimos dias, milhares de jovens estudantes, trabalhadores e muitos simpatizantes foram às ruas de Porto Alegre reivindicar soluções para um transporte público de qualidade e mais justo. Desta forma, merece grande consideração a organização do movimento, que teve nas redes sociais uma grande mobilização.
Mas não ficou por aí, o movimento jamais ficou restrito às redes sociais; muito pelo contrário, os manifestantes ocuparam ruas e avenidas da cidade, trazendo transtornos para a população e transformando este movimento em dos maiores já vistos aqui em Porto Alegre.
A força e legitimidade do movimento ficaram evidentes na forma como as pessoas recebiam os protestantes das janelas de seus apartamentos, com gesticulações e acenos de positividade, e curiosos que sacavam suas máquinas para tirar fotografias do evento. Daí uma grande prova de  aceitação por parte dos simpatizantes que acompanhavam à distancia à mobilização.
Em entrevista ao caderno Cultura, do jornal Zero Hora, de ontem, o Sociólogo francês, Michel Maffesoli teceu alguns comentários sobre as manifestações em Porto Alegre.
Segundo ele a questão emocional estaria muito mais presente em grandes mobilizações do que o racionalismo. Ou seja, é possível que muitos manifestantes estivessem presentes movimentados emocionalmente por uma busca coletiva de um benefício comum. Segundo Maffesoli:
“Tudo vai ser ocasião, pretexto, para essas grandes indignações coletivas, porque o ar do tempo é emocional. O imaginário está mudando”.
Pois é justamente este imaginário que talvez esteja trazendo um pouco mais de esperança a um grupo de pessoas que sempre teve sua imagem apagada pelas grandes formas dominantes de concentrar o poder. Os estudantes, atores de tantos movimentos de outrora, parecem voltar a uma cena que andava sendo deixada de lado pela grande mídia e seus interesses: as mobilizações sociais!
Por fim, impossível não retratar um ponto extremamente negativo de uma manifestação que tinha tudo para sair sem maiores transtornos. Aqui, gostaria de tratar dos “penetras do movimento”. Mas quem seriam estas pessoas?
Ora, dificilmente conseguiríamos identificar os seus grupos ou qual as suas reais intenções junto às manifestações ocorridas nos últimos dias. O fato é que, pelas suas atitudes, com certeza não se juntaram à grande maioria para reivindicar algo. Ao contrário, seus atos de vandalismos, como depredações e pichações, deixaram os próprios organizadores e participantes do movimento com forte sentimento de reprovação. Em outras palavras, parece claro que estes vândalos se aproveitaram da grande comoção popular e se infiltraram na multidão para promover desordens de toda a sorte, recebendo, inclusive, vaias de todos os cantos do movimento.

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