domingo, 3 de novembro de 2013

Todo o clube de futebol é uma instituição política.



Ocorreu – me de voltar no tempo e lembrar  da época em que eu freqüentava a Escola Rubra, a escolinha de futebol  do Sport Clube Internacional, de Porto Alegre.  Não lembro exatamente dos dias em que treinava; mas lembro, como se fosse hoje , do esforço que eu fazia para conseguir colocar uma chuteira velha em uma sacola e ir para o treino. Na época, existiam as linhas de ônibus Bela Vista e Anita, que saiam do ainda bairro humilde Bela Vista e me deixavam ali no Parque Farroupilha, onde eu subia no T5, encarregado de me largar perto do estádio colorado,o Beira – Rio.
Naquele tempo, procurava entender porque eu jamais cheguei à seleção de minha categoria (80) uma vez que muitos atletas jogavam pior do que eu (Inclusive atuando na mesma posição: meia esquerda) mas acabavam levando a vaga. Os famosos campeonatos internos eram o exame máximo para os atletas juvenis; hoje, não sei qual o critério de escolhas para os “melhores” chegarem à seleção.
O fato é que o tempo foi passando e o meu pensamento, de certa maneira, começou a amadurecer ao longo do caminho. Hoje, toda a vez que me lembro dos treinos pesados e jogos difíceis que participei, dos amigos que fiz, de muitos boleiros que vi em campo, dos professores que tive, tenho ainda mais certeza: todo o clube de futebol é uma instituição política. E quando refiro – me à instituição política, não o faço apenas levando em consideração sua organização interna com suas devidas hierarquias e relações de poder com as quais convivem. O faço amparado naquilo que muitos ignoram mas está logo ali, na parte externa às quatro linhas: os patrocinadores!
Muitas pessoas procuram evitar, mas a verdade é que os clubes de futebol já não correm como antes! Na época dos salários milionários, a etiqueta e o faz de conta tomam a dianteira em relação àquela garra contagiante e daquela heróica vontade de vencer. Neste contexto, quem são os boleiros que surgem? Pois é, boa parte surge de famílias conceituadas que injetam verbas nos clubes e exigem algo em troca. Muitos deles são lançados no mercado futebolístico por empresários que enriqueceram lançando atletas que fizeram fama como grandes jogadores e estão estabilizados, no mercado.
Sim, todo clube é uma instituição política, basta ver que são como o Estado, por exemplo. Quem imagina que o Estado trabalha para o povo, está enganado! O Estado trabalha para resolver os problemas do próprio Estado! Daí as indicações meramente políticas e despreparadas para cargos em virtude de alianças, e somente isso. O resultado? Talvez o que estamos assistindo com as nossas manifestações possa nos situar um pouco!
E os grandes times de futebol, pelo mundo: estariam trabalhando para a alegria geral do torcedor? Estariam preocupados em vencer os grandes campeonatos para arrecadar mais fundos com sócios etc? Parece – me que não! A verdade é que o clube não está interessado nos seus torcedores! Fossem assim, os ingressos custariam essa verdadeira fortuna? Fosse assim, a mensalidade do sócio seria tão alta?
Uma instituição política, onde os clubes trabalham para resolver apenas os seus problemas. Lembram os contratos com grandes emissoras de Tv, onde se transmitem apenas os jogos dos clubes de maior poder político, lesando milhares de pessoas que pagam mensalidades e queriam ver o seu time em campo pela Tv? Lembra aquele jogador ruim, mas que é filho de um famoso jogador ou de um importante conselheiro!
Lembre de tudo isso, pois eu lembrei aqueles tempos de Escola Rubra! Lembrei daqueles colegas que chegavam em seus luxuosos carros e, tempos depois, eram os mesmos convocados para a seleção da categoria! Lembrem de tudo: do futebol e das instituições políticas; afinal, anda muito caro ser um torcedor presente, hoje em dia!

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