Ocorreu
– me de voltar no tempo e lembrar da
época em que eu freqüentava a Escola Rubra, a escolinha de futebol do Sport Clube Internacional, de Porto Alegre.
Não lembro exatamente dos dias em que treinava;
mas lembro, como se fosse hoje , do esforço que eu fazia para conseguir colocar
uma chuteira velha em uma sacola e ir para o treino. Na época, existiam as
linhas de ônibus Bela Vista e Anita, que saiam do ainda bairro humilde Bela
Vista e me deixavam ali no Parque Farroupilha, onde eu subia no T5, encarregado
de me largar perto do estádio colorado,o Beira – Rio.
Naquele
tempo, procurava entender porque eu jamais cheguei à seleção de minha categoria
(80) uma vez que muitos atletas jogavam pior do que eu (Inclusive atuando na
mesma posição: meia esquerda) mas acabavam levando a vaga. Os famosos
campeonatos internos eram o exame máximo para os atletas juvenis; hoje, não sei
qual o critério de escolhas para os “melhores” chegarem à seleção.
O
fato é que o tempo foi passando e o meu pensamento, de certa maneira, começou a
amadurecer ao longo do caminho. Hoje, toda a vez que me lembro dos treinos
pesados e jogos difíceis que participei, dos amigos que fiz, de muitos boleiros
que vi em campo, dos professores que tive, tenho ainda mais certeza: todo o
clube de futebol é uma instituição política. E quando refiro – me à instituição
política, não o faço apenas levando em consideração sua organização interna com
suas devidas hierarquias e relações de poder com as quais convivem. O faço
amparado naquilo que muitos ignoram mas está logo ali, na parte externa às
quatro linhas: os patrocinadores!
Muitas
pessoas procuram evitar, mas a verdade é que os clubes de futebol já não correm
como antes! Na época dos salários milionários, a etiqueta e o faz de conta
tomam a dianteira em relação àquela garra contagiante e daquela heróica vontade
de vencer. Neste contexto, quem são os boleiros que surgem? Pois é, boa parte
surge de famílias conceituadas que injetam verbas nos clubes e exigem algo em
troca. Muitos deles são lançados no mercado futebolístico por empresários que
enriqueceram lançando atletas que fizeram fama como grandes jogadores e estão
estabilizados, no mercado.
Sim,
todo clube é uma instituição política, basta ver que são como o Estado, por
exemplo. Quem imagina que o Estado trabalha para o povo, está enganado! O
Estado trabalha para resolver os problemas do próprio Estado! Daí as indicações
meramente políticas e despreparadas para cargos em virtude de alianças, e
somente isso. O resultado? Talvez o que estamos assistindo com as nossas
manifestações possa nos situar um pouco!
E os
grandes times de futebol, pelo mundo: estariam trabalhando para a alegria geral
do torcedor? Estariam preocupados em vencer os grandes campeonatos para
arrecadar mais fundos com sócios etc? Parece – me que não! A verdade é que o
clube não está interessado nos seus torcedores! Fossem assim, os ingressos custariam
essa verdadeira fortuna? Fosse assim, a mensalidade do sócio seria tão alta?
Uma
instituição política, onde os clubes trabalham para resolver apenas os seus
problemas. Lembram os contratos com grandes emissoras de Tv, onde se transmitem
apenas os jogos dos clubes de maior poder político, lesando milhares de pessoas
que pagam mensalidades e queriam ver o seu time em campo pela Tv? Lembra aquele
jogador ruim, mas que é filho de um famoso jogador ou de um importante
conselheiro!
Lembre
de tudo isso, pois eu lembrei aqueles tempos de Escola Rubra! Lembrei daqueles
colegas que chegavam em seus luxuosos carros e, tempos depois, eram os mesmos convocados
para a seleção da categoria! Lembrem de tudo: do futebol e das instituições
políticas; afinal, anda muito caro ser um torcedor presente, hoje em dia!
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