Ainda
consigo sentir o forte cheiro de bebida! Era cerveja, uma companheira que
jamais me faltou nas diversas festas em que participei ao longo destas mais de
três décadas de vida inocente e, modéstia à parte, muito bem vividas. As
fantasias brilhavam ao som de marchinhas carnavalescas de tempos mais antigos!
Tudo era especial em uma festa em que os corpos flutuavam aos sorrisos e aos
cantos como num ritual! Isso acontecia em finais da década de 90;
impressionante, parece que foi ontem!
Em
algum clube de Porto Alegre, o qual não lembro o nome, eu encontrava um grupo
de amigos para uma noite de muita diversão em uma cidade vazia pela retirada de
um imenso número de pessoas que buscavam o litoral para viver o carnaval. Na
parte de fora do clube, uma grande fila composta de pessoas fantasiadas,
mascaradas e brilhantes. A noite seria um espetáculo e muito divertida!
Quando
fui revistado pelos seguranças, que apertaram até os órgãos que muitos
imaginam, e entrei no local da festa, comecei a sentir um mal estar que não
pude conter. Os amigos sentiram o meu estado e tentaram, de todas as maneiras,
me ajudar, naquela linda noite de fantasia e diversão. Sem sucesso, o que mais
preocupava, naquele momento, era fazer com que os companheiros não deixassem de
se divertirem por minha causa, pois estavam todos mergulhados em uma felicidade
extrema. Certa feita, comecei a dizer que tinha melhorado e até arrisquei uns
passos na pista de dança lotada de mulheres bonitas e caçadores de toda a sorte.
Mesmo
que cambaleante, e eu ainda não estava nem perto de um estado alcoólico
deplorável, consegui circular por entre as fantasias e me divertir ao som
daquela banda que tocava músicas carnavalescas ali, ao vivo. Neste contexto, de
supetão, tive os olhos vendados por uma pessoa a qual não reconheci de
primeira. Era uma espécie de “ficante” de outros pagos! Naquela época, era
costumeiro encontrar as mesmas pessoas em diversos locais onde todos
objetivavam algo comum: a diversão.
Ainda
me questiono se foi uma coisa boa encontrar aquela “amiga”, naquela noite. Mas
uma coisa é certa: meu estado começou a melhorar assim que ela chegou por trás
de mim, vendou – me os olhos com as mãos suadas e espichou a voz: “Oiiiiiiiiii”!
Ela era uma pessoa muito cativante, bonita, com boa conversa e grande parceria.
Entre uma palavra e outra, pedi que ela me esperasse alguns instantes, pois
precisava ir ao banheiro urgentemente. Na volta, eu já era um cara renovado, zero
bala! E ela? Bom ela não estava no local, pensei que pudesse estar no banheiro,
também...
Não
a encontrei por um bom tempo. Já passava do meio da noite quando a avistei
beijando outra pessoa, um rapagão que também não me era estranho. Não havia
nada de esquisito nisso, ninguém vai a uma festa de carnaval para buscar
casamento! E o que mais me deixou feliz foi o fato de ter melhorado ao
encontrar aquela mulher. A partir dali, fui uma outra pessoa: o sorriso me
voltou e os amigos perceberam! Naquele momento, começava a minha festa! Era
carnaval e eu ainda sinto o cheiro da cerveja como se fosse hoje! Aquela
diversão empolgante foi inesquecível! Aquela noite...
Finalizado
o evento, entro no Táxi para ir embora, mas não sem, antes, me aproximar
daquela moça, dar - lhe um forte abraço de agradecimento por tudo o que havia
acontecido. Ela jamais entendeu aquele ato súbito! Ficou sem reação, enquanto
eu repetia em alto e bom som: obrigado por tudo!
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