sábado, 26 de abril de 2014

As drogas, a polícia e a burguesia.



Recentes casos de criminalidade, abusos policiais e repressão, têm apavorado moradores que residem em locais periféricos das grandes cidades. A incursão de policiais em busca de drogas e traficantes tem se tornado o principal argumento para justificar mortes que, muitas vezes, não encontram quaisquer relações com delinqüentes ou afins. Neste sentido, parece relevante pensar sobre o que tipo de trabalho os órgãos de segurança estão fazendo no sentido de caminhar em direção a uma sociedade onde a criminalidade seja efetivamente reduzida, assim como o tráfico de entorpecentes e o consumo de drogas. Uma primeira questão: a entrada de drogas e armas no país.
Ora, os gestores de segurança pública, apoiados por estudos, grandes aparatos informativos e tecnológicos internacionais, conseguem realizar um monitoramento das principais rotas de tráfico na América, por exemplo. Desta maneira, mesmo assim, os narcotraficantes conseguem manter uma hegemonia nas fronteiras de forma a anular a atuação do Estado, que parece ser despresível. Como resultado disso, a fronteira vira uma passarela, onde as drogas e os armamentos pesados desfilam sem qualquer impedimento por parte das forças armadas.
Então, como o Estado atua nesta teia de considerável prejudicidade social? Invade favelas, pois imagina que as drogas e as armas estejam nas mãos de pessoas pobres e humildes, muitas vezes denominadas "traficantes". Enquanto isso, os burgueses dos bairros mais nobres consomem a sua maconha e dão os seus "tequinhos", ao som de MPB e imagens do futebol.
Ou seja, o Estado não ataca a raiz do problema, por quê? A resposta a esta pergunta está cada vez mais distante de qualquer interpretação ou suposição. Uma segunda questão:
O Estado negligencia as camadas mais populares em favor da burguesia. Como assim? Simples, operações de rotina com tiros e abordagens são realizadas em becos e favelas pelo país inteiro, mas as mansões e apartamentos luxuosos da Bela Vista e afins continuam intocáveis. A presença da polícia em bairros nobres só acontece quando ocorre alguma ocorrência ou uma possível ronda, mediante pagamento ou pelo fato de alguém ser conhecido dos policiais ou algo do tipo.
Então, os pobres são alvo fácil de um Estado que mata, muitas vezes, pessoas inocentes com o argumento de que está protegendo a sociedade do tráfico de drogas e todo o seu código de ação. Desculpem a ignorância, mas por que o Estado não realiza trabalhos permanentes e competentes nas fronteiras para impedir que as drogas entrem no Brasil? Feito isso, não haveria a necessidade de invadir favelas e tomar boca de fumos. Feito isso, parece que seria complicado para os filhos das elites cegas sustentarem as suas festinhas regadas a mulheres, bebidas e drogas. Não seria este último o maior problema, percebendo que estamos falando de um Estado negligente, incompetente e elitista?
Por fim, parece que nos aproximamos de algum questionamento sobre tudo isso que nos faz ter medo. A ação do Estado é medíocre e isso é fato! Por quê? Porque deveria trabalhar pela sociedade como um todo e não atacar nas favelas, onde o povo já convive com a exclusão social, enquanto passa a mão na cabecinha dos detentores do poder econômico e, conseqüentemente, do poder político. Cada vez mais percebemos: o Brasil jamais será um país de todos.

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