segunda-feira, 14 de julho de 2014

O sorriso de Dilma e o fim da Copa.

Ontem terminou o “grande” evento que não aconteceria. Com a grande vitória da Alemanha sobre a Argentina, em um jogo vibrante com gol apenas na segunda etapa da prorrogação, e a conquista do tetra pelos alemães, termina a Copa do Mundo de futebol, realizada no antigo país do futebol. Neste contexto, gostaria de refletir sobre dois fatos que me parecem bastante interessantes.
Primeiramente, gostaria de escrever sobre o sorriso da presidente Dilma no momento em que estava entregando a taça do mundo ao líder alemão. Não cabem julgamentos sobre o fato de a presidente Dilma levar vaias durante suas aparições nos estádios, pois sabemos que a nossa sedenta e imbecil burguesia está com a herança de toda a educação que nos consome há mais de 500 anos de história.
Assim sendo, resta – nos pensar sobre a postura da representante maior da “nação”[1], ao fechar o rosto e não esboçar um sorriso sequer em um momento de glória para os grandes vencedores do torneio[2]. Ora, estaria ela furiosa por ter levado uma tremenda vaia, como se não soubesse o que a esperava no grande Maracanã? Ou, por outro lado, estava preocupada com as pessoas que estão sendo exterminadas pelos israelenses na Faixa de Gaza, causando um verdadeiro extermínio em massa do povo palestino.
Ora, parece certo que a postura da presidente nos deixou desconfiados sobre o que a Copa pode ter deixado de bom para o Brasil, o que o governo e seus partidos oportunistas aliados defendem com tanta ênfase. Tivesse tanta confiança no que pensa em relação aos aspectos positivos da Copa, a presidente teria motivos de sobra para abrir o sorriso, aumentar a confiança em relação ao próprio pleito de Outubro, e atropelar a elite que insistia em beber cerveja e cuspir no prato em que está saboreando!
Outro aspecto que gostaria de mencionar: a atuação incansável dos movimentos sociais que atuaram na parte de fora dos gramados, setor da sociedade completamente excluído da cobertura jornalística e, principalmente, das instituições burguesas (Vendidas a preço de banana como “demcráticas”). Neste ínterim, parece relevante pensar sobre o que está chegando a nossos lares através do rádio e das redes de televisão. Por exemplo, um batalhão de repórteres de todo o mundo estavam a captar imagens, entrevistas e fotografias dos grandes campeões. Na capa dos grandes jornais, no mundo inteiro, a foto da seleção alemã aparecerá com as devidas notícias, e todos triunfalmente idolatrados pela grande conquista!
Enquanto isso, a conquista do governo em realizar a “Copa das Copas”[3] se restringe ás limitações internas dos estádio superfaturados e, muitos, com obras inacabadas. Por fora dele, o Estado fascista e burguês tratou de silenciar os opositores do sistema! A polícia atuou com força, pois sabia que o foco estava dentro dos gramados. Enquanto a bola rolava, ativistas estavam sendo enquadrados e encarcerados por atuarem em manifestações contra os gastos da Copa, contra e exclusão social e contra os desmandos dos corruptos que controlam as empreiteiras responsáveis por fazer o governo neoliberal feliz.
Também assim, a Fifa silenciou frente a tudo o que acontecia fora de campo. A sociedade brasileira pouco interessa para os abutres, tudo o querem é dinheiro! Neste sentido, o governo brasileiro não fica muito longe, ou alguém imagina que o dinheiro movimentado pela economia, durante os jogos, será destinado a equilibrar um dos maiores desequilíbrios de renda do mundo? Parece que não, o dinheiro permanecerá lá na parte de cima: no poder político corrupto e nas elites esfomeadas por $$$!
Enfim, a “Copa das Copas” foi bem relativa! A postura da TV, do rádio e do governo são as mesmas, por um simples motivo: esconder as coisas feias, alienar sobre a importância de tal evento e justificar a repressão aos movimentos sociais é uma tática certa de um estado que vende uma democracia fajuta e boçal. Tudo, parece claro, sob o comando de um governo que combateu a repressão em um passado nem tão distante, mas hoje...bom, hoje, está no poder...e...




[1] Não sei o porquê, mas me veio o inesquecível Renato Russo e o seu conhecidíssimo “estado que não é nação”! Saudações aos fãs desta grande banda chamada Legião Urbana!
[2] Não apenas grandes vencedores, mas a equipe que colocou a seleção brasileira de futebol frente ao maior fiasco da história das copas. Neste sentindo, Dilma está certa ao afirmar ser esta a “Copa das Copas”!
[3] E aqui reforço a idéia de que o evento foi vitorioso apenas dentro dos estádios, onde estavam as “estrelas” e a mídia, é claro. Então, os fatos que aconteceram fora de campo não foram levados a público, a não ser pelas redes sociais. Por exemplo, as mortes de operários e a dolorosa realidade de suas famílias, as remoções, as manifestações, as prisões sem uma acusação convincente contra ativistas etc...não receberam a devida atenção.

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