Sempre
que chega o momento de os cidadãos brasileiros cumprirem a sua obrigação com o
sistema eleitoral[1]
as instituições responsáveis por regular o sistema “representativo” lançam suas
propagandas com a intenção de levar o eleitor às urnas. Assim, o exercício da “cidadania”
torna – se um motivo de festa, com direito a músicas com letras altamente
idealizantes e, por certo, alienantes. Para citar um exemplo de grande
importância, o Tribunal Superior Eleitoral lança suas músicas e propagandas por
mediação de emissoras de rádio e televisão espalhadas pelo país inteiro. Desta
forma, incentiva o eleitor a votar com consciência, como se isso fosse
suficiente para destruir um sistema tão manipulador e permanente, que atua no
Brasil desde que os portugas invadiram estas terras.
O que
impressiona no Tribunal Superior Eleitoral, é que ele regula apenas algumas
mazelas de um sistema completamente antidemocrático[2]. Por exemplo, quem define
os candidatos que estarão nos debates apresentando as suas propostas são
aqueles que são escolhidos pela grande mídia, instituição que tem influencia
direta para um público politicamente influenciável. Neste sentido,
mentirosamente, argumenta – se que tal seleção encontre respaldo em pesquisas.
Ora, visivelmente a pesquisa tem a nítida intenção de induzir o eleitor mais
para um ou outro lado, mas sempre preservando os candidatos de ponta.
Nesta
conjuntura, podemos perceber um nítido silêncio por parte deste Tribunal que se
diz da Democracia. Ou seja, não há uma igualdade em todo o processo eleitoral.
Quem está por baixo, lá embaixo permanecerá! Então confirmamos a atuação de uma
democracia unicamente burguesa quando os candidatos e partidos que recebem
muito dinheiro de empresários e influência de padrinhos políticos corruptos têm
mais chance do que os demais.
Desta
maneira, se realmente podemos ter um processo decisório democrático como supõe
a CF e vende o sistema burguês[3], como pode haver
candidaturas que são impedidas de chegar ao grande público? Se o TSE lança
músicas e propagandas para o cidadão votar com consciência em nome da tal
democracia, por que não pode regular, também, a aparição de candidatos de forma
igualitária, independente de agremiação política de interesse ou de recurso
financeiro que o possa manter?
Ora,
ao silenciar a respeito alguns fatos importantes sobre esta democracia
inventada, os órgãos do Estado (TSE, em especial.) acabam obrigando os cidadãos
a votarem em alguém. Logo, os cidadãos só podem conhecer aqueles candidatos que
estão sendo apresentados na televisão ou no rádio, aqueles mesmos que recebem
dinheiro para financiamentos de campanhas objetivando interesses alheios ao que
espera o povo; mais ainda, aqueles que têm condições financeiras de comprar
mais tempo na televisão e no rádio. Assim, podemos comprovar que existem
candidatos que representam todo um sistema de coisas que tendem a “reformar” o
irreformável. Existe um grupo de partidos e de candidatos que estão trabalhando
para que o atual sistema continue a excluir alguns postulantes que não aderem
ao sistema sujo, mercadológico, corrupto e interesseiro que o próprio Tribunal
Superior Eleitoral insiste em vender como democrático.
Por
fim, existe uma grande maquiagem que cobre a nebulosa e mentirosa venda de uma
democracia que nunca existiu, no Brasil. Como posso apresentar o meu candidato
a alguém, se ele não aparece em debates com a mesma freqüência daqueles que representam
grandes empresas e partidos financiados pelo sistema atual? Como o meu
candidato terá alguma chance se o sistema está moldado a destruí – lo de forma
que jamais chegue ao poder? Então, continuaremos a dançar com as músicas que o
TSE lança nos meios de comunicação como se a festa da democracia fosse real e como
se o sistema representativo existisse!
[1]
Ainda que as instituições burguesas insistam em vender, por meio de uma mídia com
instinto altamente manipulador e elitista, o tal “Estado Democrático de Direito”,
podemos perceber a própria CF que define o voto obrigatório no Brasil para os maiores
de 18 anos (CF, Art. 14, § 1º e inciso I). Neste sentido, o aspecto “democrático”
é meramente ilusório com a obrigação do voto.
[2]
Justamente ao contrário do que o próprio Tribunal coloca em seu subtítulo. A
saber: “O Tribunal da Democracia”.
[3]
Neste sistema, impossível não colocar o TSE, instituição fundamental para a
propagação dos principais objetivos do grande capital e dos mercenários que
governam o sistema “moderno” da nossa política.
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