sexta-feira, 19 de junho de 2015

A sociedade em convulsão.

Não parece novidade que a sociedade brasileira vive em um momento de forte convulsão em relação à criminalidade, que amedronta a nação e acaba disseminando o medo pelos quatro cantos deste país tropical. Assim, os atos delinquentes aparecem em todos os setores sociais, principalmente entre aqueles que deveriam dar o exemplo de como se deve conviver pela paz, pelo progresso da população e pela constituição da ordem.
Assim sendo, refiro - aos políticos eleitos por um povo que detesta e desacredita na política e, por consequência, acaba votando apenas por obrigação. Dessa maneira, a negligência e o desinteresse das pessoas no momento de escolher os representantes ( Que geralmente representam apenas quem investe dinheiro em suas campanhas políticas! ) acaba fazendo com que muitos criminosos e corruptos acabem assumindo poder. Com eles, aparece uma cambada de oportunistas dispostos a realizar diversas manobras delinquentes de forma a prejudicar os cidadãos de bem. Ora, se nos parece certo que estamos passando por um momento de forte convulsão, como o título deste texto nos mostra, também nos parece correto que chegou o momento de tratar a criminalidade com seriedade.
Como assim tratar a criminalidade com seriedade?
Ora, vivemos diariamente expostos a crimes de toda a sorte. Assim sendo,existe uma forte doutrinação de cunho ideológico que nos ensina, desde pequenos,quem são os bandidos, quem são os ladrões, os assassinos e aí por diante. No entanto, essa doutrinação é mostrada a todo o momento na televisão, impondo uma certa aculturação sobre o que seja determinado como crime e quem são aqueles que devem ser reconhecidos como criminosos. Por exemplo, os programas de fraquíssimo índice instrutivo que costumam sensacionalizar atos criminosos, mostram o tráfico de drogas! Mostram pequenos roubos cometidos por menores de idade! Mostram relações conjugais que acabaram em desentendimento e, por consequência, em agressões ou mortes. Mostram, enfim, uma longo cardápio de crimes violentos a serem consumidos instantaneamente. Ou seja, mostram os fatos que são reconhecidos como crimes de forma a impor tal determinação como natural e imutável. Mostram cenas que impressionam pela crueldade dos atos ou por outros motivos; casualmente, fatos exatamente parecidos com as cenas daquelas de filmes americanos, altamente violentas e sanguinárias, onde os bandidos e criminosos são idolatrados tamanha a vulgarização e banalidade da violência na atualidade.
Assim, basta atentarmos para a postura esbravejante e forçada dos apresentadores para perceber que tais programas nada fazem a não ser amedrontar e exercer uma completa alienação sobre as pessoas que estão em casa e desejam comprar um produto televisivo qualquer, como forma de entretenimento. Por outro lado, as pessoas que dedicam tempo a dar audiência a tais programas acabam internalizando aquilo que é mostrado sem qualquer observação crítica ou questionamento. Como resultado de toda essa doutrinação sensacionalizada, muitos crimes de tamanha relevância são deixados de lado; ou seja, acabam não sendo impostos como crime e completamente omitidos frente ao grande público de forma que seus atores jamais são taxados e, muito menos, vendidos como criminosos!
De todo o exposto, não fica difícil perceber a verdadeira lavagem cerebral que a televisão costumeiramente realiza nas pessoas. Por exemplo, as equipes de reportagem não vão com seus carros, microfones e câmeras fazer coberturas sobre os atos criminosos protagonizados por pessoas que detém poder político ou econômico. O empresário pode sonegar à vontade, assim como os bancos podem roubar por meio de seus juros exorbitantes e as empreiteiras podem superfaturar milhões de reais; então, a mídia não dá a mínima atenção necessária a tais crimes! De onde surge tanta falta de ética, incoerência e omissão por parte dos veículos de informação ( Neste caso: doutrinação! )?
Vejam bem, mas se o fato for na vila, no bairro pobre ou em qualquer área de vulnerabilidade social, lá estará a ( o ) repórter com se terninho bonitinho passando a matéria enquanto o apresentador protagoniza um verdadeiro ato falsário de uma encenação completamente despreocupado com o real contexto dos fatos e das reais condições sociais e econômicas das pessoas envolvidas! Tiro de armas de fogo, agressões de toda a sorte, linchamentos, estupros, assassinatos e outros são crimes que vendem mais do que qualquer produto barato, no mercado. Daí a presença fundamental da televisão ( Inclusive por meio da invasão de filmes violentos no mercado cinematográfico! ) na aculturação consumista de tais produtos!
Por fim, a convulsão em que estamos inseridos é vendida, sempre, da mesma maneira! Os ladrões, bandidos e assassinos são determinados de antemão; possuem tom de pele e classe social definida! Merecem toda a punição exemplar para que não voltem a cometer delitos! Por outro lado, outros ladrões são mencionados por sua situação profissional. Não são criminosos, mas empresários que sonegaram impostos! Não são traficantes de drogas, mas fornecedores de "drogas" sintéticas! Assassinos são mencionados pelo nome de sua família ou cargo que ocupam, mas, jamais, pelos crimes que praticam. E assim seguimos um caminhando sem rumo, ao encontro de uma forte doutrinação vazia e inconsequente que tende a santificar os criminosos de "cima" e a crucificar os criminosos de "baixo".


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