Não
parece novidade que a sociedade brasileira vive em um momento de forte
convulsão em relação à criminalidade, que amedronta a nação e acaba
disseminando o medo pelos quatro cantos deste país tropical. Assim, os atos
delinquentes aparecem em todos os setores sociais, principalmente entre aqueles
que deveriam dar o exemplo de como se deve conviver pela paz, pelo progresso da
população e pela constituição da ordem.
Assim
sendo, refiro - aos políticos eleitos por um povo que detesta e desacredita na
política e, por consequência, acaba votando apenas por obrigação. Dessa
maneira, a negligência e o desinteresse das pessoas no momento de escolher os
representantes ( Que geralmente representam apenas quem investe dinheiro em
suas campanhas políticas! ) acaba fazendo com que muitos criminosos e corruptos
acabem assumindo poder. Com eles, aparece uma cambada de oportunistas dispostos
a realizar diversas manobras delinquentes de forma a prejudicar os cidadãos de
bem. Ora, se nos parece certo que estamos passando por um momento de forte
convulsão, como o título deste texto nos mostra, também nos parece correto que
chegou o momento de tratar a criminalidade com seriedade.
Como
assim tratar a criminalidade com seriedade?
Ora,
vivemos diariamente expostos a crimes de toda a sorte. Assim sendo,existe uma
forte doutrinação de cunho ideológico que nos ensina, desde pequenos,quem são
os bandidos, quem são os ladrões, os assassinos e aí por diante. No entanto,
essa doutrinação é mostrada a todo o momento na televisão, impondo uma certa
aculturação sobre o que seja determinado como crime e quem são aqueles que
devem ser reconhecidos como criminosos. Por exemplo, os programas de
fraquíssimo índice instrutivo que costumam sensacionalizar atos criminosos,
mostram o tráfico de drogas! Mostram pequenos roubos cometidos por menores de
idade! Mostram relações conjugais que acabaram em desentendimento e, por
consequência, em agressões ou mortes. Mostram, enfim, uma longo cardápio de
crimes violentos a serem consumidos instantaneamente. Ou seja, mostram os fatos
que são reconhecidos como crimes de forma a impor tal determinação como natural
e imutável. Mostram cenas que impressionam pela crueldade dos atos ou por
outros motivos; casualmente, fatos exatamente parecidos com as cenas daquelas
de filmes americanos, altamente violentas e sanguinárias, onde os bandidos e
criminosos são idolatrados tamanha a vulgarização e banalidade da violência na
atualidade.
Assim,
basta atentarmos para a postura esbravejante e forçada dos apresentadores para
perceber que tais programas nada fazem a não ser amedrontar e exercer uma
completa alienação sobre as pessoas que estão em casa e desejam comprar um
produto televisivo qualquer, como forma de entretenimento. Por outro lado, as
pessoas que dedicam tempo a dar audiência a tais programas acabam
internalizando aquilo que é mostrado sem qualquer observação crítica ou
questionamento. Como resultado de toda essa doutrinação sensacionalizada,
muitos crimes de tamanha relevância são deixados de lado; ou seja, acabam não
sendo impostos como crime e completamente omitidos frente ao grande público de
forma que seus atores jamais são taxados e, muito menos, vendidos como
criminosos!
De
todo o exposto, não fica difícil perceber a verdadeira lavagem cerebral que a
televisão costumeiramente realiza nas pessoas. Por exemplo, as equipes de
reportagem não vão com seus carros, microfones e câmeras fazer coberturas sobre
os atos criminosos protagonizados por pessoas que detém poder político ou
econômico. O empresário pode sonegar à vontade, assim como os bancos podem
roubar por meio de seus juros exorbitantes e as empreiteiras podem superfaturar
milhões de reais; então, a mídia não dá a mínima atenção necessária a tais crimes!
De onde surge tanta falta de ética, incoerência e omissão por parte dos
veículos de informação ( Neste caso: doutrinação! )?
Vejam
bem, mas se o fato for na vila, no bairro pobre ou em qualquer área de
vulnerabilidade social, lá estará a ( o ) repórter com se terninho bonitinho
passando a matéria enquanto o apresentador protagoniza um verdadeiro ato
falsário de uma encenação completamente despreocupado com o real contexto dos
fatos e das reais condições sociais e econômicas das pessoas envolvidas! Tiro
de armas de fogo, agressões de toda a sorte, linchamentos, estupros,
assassinatos e outros são crimes que vendem mais do que qualquer produto
barato, no mercado. Daí a presença fundamental da televisão ( Inclusive por
meio da invasão de filmes violentos no mercado cinematográfico! ) na
aculturação consumista de tais produtos!
Por
fim, a convulsão em que estamos inseridos é vendida, sempre, da mesma maneira!
Os ladrões, bandidos e assassinos são determinados de antemão; possuem tom de
pele e classe social definida! Merecem toda a punição exemplar para que não
voltem a cometer delitos! Por outro lado, outros ladrões são mencionados por
sua situação profissional. Não são criminosos, mas empresários que sonegaram
impostos! Não são traficantes de drogas, mas fornecedores de "drogas"
sintéticas! Assassinos são mencionados pelo nome de sua família ou cargo que
ocupam, mas, jamais, pelos crimes que praticam. E assim seguimos um caminhando
sem rumo, ao encontro de uma forte doutrinação vazia e inconsequente que tende
a santificar os criminosos de "cima" e a crucificar os criminosos de
"baixo".
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