Aproximadamente 15 pessoas
espancam um assaltante até a morte, sem lhe proporcionar a menor chance de
defesa. Muitos aplaudiram a barbárie, inclusive, afirmando que os assassinos
mereciam reconhecimento.
Tal fato representa um
estado de natureza inaceitável em dias de uma modernidade tão tardia! Incrivelmente,
estamos retornando a um ponto da história em que, literalmente, vem antes do
homem pré – histórico. Ou seja, o ser animalesco e sanguinário surge desprovido
de racionalidade ou qualquer vestígio de um ser pensante! É completamente
irracional, tal qual os animais selvagens que se destroem pelas matas do mundo.
A sobrevivência da espécie
está diretamente relacionada a estes animais. Logo, o homem das multidões está abaixo
disso! O homem das multidões não sabe o que faz: não tem consciência na hora de
votar em homens corruptos, não consegue viver em sociedade sem ter ganância e
desrespeito! Enfim, não consegue preservar a vida de outrem. E assim se
reproduz a violência! O motivo de tal assassinato cruel e selvagem seria a tentativa
da vítima de assaltar um casal que circulava por uma praça, na cidade de Viamão
- RS.
Importante apontar o fato de
que tais posturas violentas e covardes não aparecem como nenhuma novidade nos
dias atuais. A multidão adora sangue e violência, não conhece outra forma de
socialização ou educação. Não por acaso muitos pais ensinam seus filhos através
da “cinta”, da palmada e da famosa “tunda” de laço. Educar pelo ensino e pelo
acompanhamento está muito longe dos objetivos da família atual, normalmente
liderada por pessoa violenta e repressiva.
Assim, as multidões se
tornam covardes, sanguinárias e descontam sua própria negligência (Ou a
construção da criminalidade não é uma construção social?) e raiva nos mais
fracos. Ou um assaltante desarmado e rendido representa algum perigo para a
sociedade? Mais ainda, a mesma multidão que tem repulsa em relação à política e
economia não consegue relacionar uma coisa com a outra coisa e, pior ainda,
acha que vive em um mundo alheio a tudo isso.
Ora, no mínimo, tamanha
alienação pode – se justificar pelo próprio desinteresse das multidões em
relação à convivência dos cidadãos em sociedade, com trocas de experiências
etc... Hoje, vivemos na velha história do “cada um por si e Deus por todos”;
claro, quando convém, e apenas assim, a história muda de figura! As multidões
não acreditam que sua crueldade gera desigualdades sociais de toda a sorte,
onde uns navegam em ouro puro enquanto milhares mal conseguem se alimentar.
Mas a crueldade das
multidões vai além. Ela se cria nas telas de cinema com tiros, assaltos, e
estrelas que brilham frente à indústria sanguinária e alienante das armas, da
pólvora e do sangue. As crianças estão expostas a isso tudo sob os olhos
sanguinários dos próprios pais, os mesmos que os educaram pela violência e pelo
moderníssimo modelo educacional punitivo. Elas crescem brincando de polícia e
ladrão ou utilizando armas de brinquedo. No seu imaginário, a criança corre,
foge da polícia, atira e mata! A morte é de brinquedo e real ao mesmo tempo.
Mas a crueldade das
multidões não consegue fazer essa relação, por isso imagina que espancando
alguém até a morte fará com que a justiça seja alcançada de alguma forma!
Tremendo engano: sempre, a violência, inevitavelmente, vai reproduzir no futuro
tantos atos violentos quantos forem se reproduzindo a violência por todos os
redutos sociais!
Por fim, a crueldade das
multidões atinge o seu ápice em casos como este que ocorreu no centro de
Viamão. Ao longo do seu desenvolvimento, a crueldade da multidão se cria dentro
de casa, nas escolas da vida, nas salas de cinema e se espalha rapidamente pela
sociedade que adora consumir essa violência e esse derramamento de sangue
cinematográfico. O crime (Assalto!) aparece assim e se propaga de forma rápida
em outras modalidades de crimes cada vez mais cruéis (Assassinato!).
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