terça-feira, 12 de abril de 2011

O sangue das armas .

Bastou um assassinato em série em terras de Olimpíadas para que os nossos dedicados e cultos representantes colocassem a mão na massa e resolvessem propor um novo plebiscito sobre o desarmamento . No entanto , o maior obstáculo a enfrentar é o do controle de gastos ; ou seja , organizar um plebiscito pode levar as finanças públicas ao colapso ! Não sou eu quem está dizendo , isso é uma preocupação da classe política .

Para refrescar a memória de quem não lembra , o último plebiscito que tratou deste mesmo tema ( Desarmamento ) obteve um resultado muito importante : 60 % dos cidadãos optaram por continuar o comércio de armas de fogo no Brasil . Isso ocorreu no ano de 2005 , quando o custo total do evento foi de aproximadamente $ 400 milhões .

Ora , é possível – caso ocorra o tal plebiscito – que se repita o resultado de 2005 . Isso porque nada mudou de lá para cá em termos de segurança . Quer dizer , a violência continua a deixar as pessoas de bem sem alternativas . Cada vez mais ela se impõe como soberana . Sair de casa é loteria , não se sabe se volta . Não foi por acaso que o policial que atirou no assassino das crianças em Realengo foi chamado de herói pela mídia e pela população . Seria mesmo um herói ? Claro que não , apenas fez aquilo que lhe é de ofício , mas não evitou nenhuma morte ! A grande questão está no pavor populacional quando o assunto é violência .

A verdade é que o cidadão não está disposto a esperar pela segurança pública para defender a si e ao seu patrimônio . As crianças foram estudar e acabaram mortas . Por que elas morreram , então ? Porque entrou um soldado armado e as matou em nome de uma entidade divina ? Claro que não ! Se houvesse segurança na escola ( o que eu nem precisaria mencionar ) , este matador não teria entrado no recinto educacional . Pode ser que ele , então , buscasse as suas vítimas nas ruas próximas ; porque nas ruas , a insegurança é muito maior . Daí o resultado dos plebiscitos .

Então chegarão os soberanos em “ Segurança” Pública e dirão : “não reajam , afinal de contas , os bens materiais conseguiremos reconstituir , mas a vida não !” . Acontece que o crime está mais moderno : mesmo sem reação por parte das vítimas , os bandidos estão matando . Sem perdão ; eles apertam o gatilho e enfiam uma bala onde for possível e matam , pois sabem que a lei os beneficiará no futuro . O que fazer , então ? Chamar a polícia ? Ou agonizar com furos de tiros até o SAMU decidir se atende o chamado ou não ?

Enfim , é o problema que um plebiscito jamais resolverá : o da violência . Não se assalta , ou mata , por acaso ; pelo mesmo motivo , não se guarda uma arma legalizada dentro de casa por acaso . As pessoas de bem estão tentando a sua própria proteção . São incapazes ? Quem disse ? Se um “louco” é muito mais preparado que muitos policiais por aí no manusear uma arma de fogo , como uma pessoa de bem seria incapaz ?

A guerra está aí ( carregando cada vez mais o sangue das armas ) , e parece que na sua contenção de gastos o estado assiste a tudo de braços cruzados e virando lágrimas de crocodilo pelos quatro cantos deste país abençoado por Deus . Se apenas um plebiscito sairá muy caro , imaginem investir o necessário em segurança para fazer com que os cidadão deixem de procurar a própria defesa ?

2 comentários:

  1. Muito bom o texto Gui, como voce disse, se ele não entrasse na escola, poderia atirar nas pessoas que estão na rua. Há alguns meses uma amiga foi assaltada e baleada em plena luz do dia, perto do Iguatemi, não morreu mas ficará paraplégica para o resto de sua vida.
    Mas voltando... acho que a segurança das escolas é fundamental, nossas crianças não podem ficar a mercê de bandidos...
    Um abraço
    Rose Moraes

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  2. Caro exemplar tricolor das boas mentes humanas, o te texto , como sempre brilhante, mas ( sempre tem um mas no caminho) o entendo focado apenas na contra violência institucional, porém o menino que foi morto, por si ou pelo policial (herói!!!) não teve nenhuma proteção contra sua violenta ação interna - a doença mental. Mereceu apenas o tratamento ofertado pelo governador do Rio, que o condecora pós mortem com a comenda "UM ANIMAL", que foi como o governador zeloso o denominou. E eu , você , todos nós, vamos lamentar os ocorridos , sem nada fazer para evitar os não havidos eventos do mal ? Vive l'aliénation ou live the alienation , que em língua de gringo,pode nos fazer sentirmo-nos menos ALIENADOS.
    (postei o comentário em http://umpoucodegarcia.blogspot.com/
    Grande texto mestre GUI

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