sábado, 28 de junho de 2014

Política e futebol, inseparáveis!



Alguns setores da mídia nacional, financiados por grandes empresários e multinacionais que nada fazem a não ser por em prática um sistema de neo – colonialismo no Brasil, sustentam a idéia de que o futebol tem de ser visto separadamente da política. Desta maneira, seria incorreto discutir os dois ao mesmo tempo! Ora, justificam tal concepção em virtude do campeonato mundial de futebol, que rola no país das obras superfaturadas e no país militarista da repressão aos movimentos contrários a este evento nitidamente capitalista; logo o futebol, o esporte que corrói o cérebro e consome a emoção dos cidadãos sem que eles percebam. Dessa forma, podemos perceber que em tempos “intra-copas” este discurso desaparece por completo, com apenas pequenos comentários sobre a rodada de “insignificantes” torneios regionais, nacionais e continentais.
Ou seja, estes jornalistas ( Ou analistas, especialistas, como queiram ) ignoram ( Ou tentam induzir o povo a ignorar! ) que o futebol está inserido em uma sociedade controlada pelo poder político, onde as práticas e determinações finais extrapolam a ordem jurídica e social em busca de beneficiar quem sustenta o sistema de exploração: as classes dominantes, economicamente.
A idéia deste texto é fazer o leitor buscar uma compreensão de que todos estamos inseridos na mesma sociedade, sem a menor possibilidade de fuga de quaisquer dos lados. A política determina os passos da sociedade, inclusive determina sobre as regras e normas que permeiam o futebol, bem como o seu funcionamento. Por exemplo, não fosse o Sr. Lula da Silva a Copa do Mundo Fifa 2014 jamais seria realizada em um país com tantos problemas em setores essenciais da sociedade. Neste sentido, como separar a política do futebol?
Por outro lado, as elites que detém o poder econômico, para quem de fato se presta o serviço público no Brasil, investem pesadamente em eventos que possam gerar lucros para as mesmas pessoas que vão investir na campanha de candidatos da situação / oposição, na próxima eleição. O negócio envolvendo o povo ( Futebol, esporte que detém altíssimo grau de alienação ) e a política ( Ramo social que abriga uma altíssima acomodação de interesses. Lembrem que as remoções a mando da Fifa são executadas por governos! ) precisa estar às claras. A população precisa ter a certeza de que todas as determinações acima dos cidadãos são dos políticos que estão no poder. Mais ainda: estão no poder, mas jamais fazem algo por aqueles que o elegem, mas daqueles que investem pesadamente em materiais publicitários tendo em vista exitosas campanhas políticas que almejam manterem – se no poder.
Por fim, a justificativa de que devemos separar o futebol da política visa simples e unicamente a perpetuar a ignorância e a cegueira política ( Por isso mantemos há tempos bandidos e corruptos no poder! ) e reforçar no ideário popular a imagem do Brasil como uma pátria de chuteiras ( Onde nada mais importa a não ser vestir a “amarelinha” e entrar em campo) , o que a mídia já faz com muita propriedade. Então, fiquemos muito atentos aos fatos: o futebol é um negócio muito lucrativo e todo o negócio lucrativo atrai os capitalistas exploradores e os políticos gananciosos! Ou alguém acha que Lula queria trazer a Copa para render dim-dim para combater a fome e investir vultuosas somas de dinheiro no programa do Governo Federal Bolsa – Família?

terça-feira, 17 de junho de 2014

Que me chamem de comunista!



As pragas do capitalismo se espalham e se proliferam pelos quatro cantos do mundo. O acúmulo de riquezas para uma minoria acaba por colocar uma grande maioria em situação de pobreza, exclusão social e completa miséria existencial. Não é por acaso que encontramos mendigos vagando pelas ruas (Exceto em época de Copa, onde a Fifa e o governo capitalista e burguês promove uma varredura na cidade utilizando o termo “higienização” para colocar para baixo do tapete a sua própria incompetência e negligência.) das cidades; pedintes mendigam dinheiro nas esquinas e os pobres mais corajosos investem em pequenos roubos ou delitos de pequeno porte. Isso sem contar integrantes da imensa classe de trabalhadores que enfrentam filas enormes para conseguir uma entrevista de emprego!
Pensando num ambiente mais interno, o trabalhador está contaminado por este vírus “serviçal” que não consegue avançar o pensamento e a reflexão para além do emprego. A sua vida está alienada à repetição de tarefas cotidianas que o impede de agir e refletir como cidadão e não como máquinas reprodutoras, o tempo todo, de atividades repetitivas. Ora, imagina o trabalhador que precisa dar a vida pelo seu chefe, provavelmente um explorador que ganha fortunas abusando de empregados com o argumento do alto índice de desemprego e sonegando impostos que acabam recaindo sobre o seu próprio funcionário e refletindo no bolso dos cidadãos, em geral.
A alienação que K. Marx observou, tempos atrás, precisa ser percebida pelos trabalhadores, que são transformados em “lixos humanos” completamente descartáveis frente a este injusto e imundo sistema capitalista de produção. Mesmo que não saibam, os trabalhadores são os verdadeiros protagonistas do capitalismo, uma vez que enriquecem os proprietários dos bens de produção e, conseqüentemente, acabam propagando as desigualdades sociais.
Neste ambiente laboral, o verdadeiro cárcere da alienação, o patrão, ou qualquer ignorante que possua “poder” em seu lugar, jamais perceberá o trabalhador como um ser humano movido por sentimentos ou necessidades pessoais. Jamais perceberá um trabalhador como um chefe familiar ou como um cidadão de honra.
O trabalhador será como qualquer embalagem descartável!
O capital submete a honra de qualquer pessoa, desde que ela permita que isso venha a acontecer. O sistema capitalista busca enriquecer aqueles que já são ricos e nada mais faz do que colocar mais ainda na miséria aqueles que já são miseráveis, nada possuem a não ser a sua mão – de – obra.
Na atualidade, o capitalismo se propaga por meio de governos burgueses que doam migalhas como “pretexto” para combater a fome, mas jamais colocaram a mão nos lucros oriundos da exploração capitalista para igualar a distribuição de rendas. Até a sonegação de impostos, que é dever do Estado combater, é esquecida, muitas vezes por uma ou outra medida “amiga” do governo; historicamente elitista, conservador e burguês. Ou seja, os capitalistas continuarão a crescer, pois quanto mais crescem, mais financiam campanhas eleitorais e constroem uma base amiga, no Congresso.
Por fim, o trabalhador continuará sendo tratado como objeto, caso ignore o seu significado enquanto peça fundamental em todo o processo capitalista. Só uma classe pode, definitivamente, destruir o capitalismo: a classe trabalhadora. Com organização, vontade, união de classe e dedicação, os trabalhadores podem acabar com a espoliação do capital e, efetivamente, programar uma nova forma de organização na sociedade. Então, por tudo o que disse e por tudo o que penso, nada me resta a não ser pensar em um maior equilíbrio das riquezas e na igualdade de todos os cidadãos frente a este sistema que exclui, mata, explora, negligencia e amedronta os trabalhadores. Pelo fim do capitalismo exploratório e todo este sistema alienante que o mantém! Pelo fim dos lucros abusivos dos patrões, ainda que me chame de Comunista!

terça-feira, 3 de junho de 2014

Brasil



O Brasil era aquele tipo de cara trabalhador. Manja? Acordava as cinco da manhã e só se recolhia para a cama por volta das duas horas da madrugada. Carregava o peso e o tempo dos seus 65 anos de idade e uma grande família de seis filhos e diversos netos. Estudara muito pouco, na vida. Em dias atuais, seus estudos não lhe dariam um diploma do ensino fundamental. Desde cedo, dedicou – se ao trabalho, mesmo que informal, muitas vezes escravo. Homem de fibra, como diria os famosos ditos populares, “ matava um leão por dia, vivia se virando”.
Certa feita, inventou de repassar um equipamento de som usado a preço de coisa nova, daqueles que tiramos da loja com a embalagem bonita,cheirosa e a nota fiscal bombando. Sem perceber, pobre coitado, era o seu fim, a última cartada de uma longa jornada de trambiques e falcatruas! O cliente era um antigo colega de escola, que Brasil muitas vezes surrava por entre um recreio e outro. Ora, por que o homem tinha tanta felicidade em surrar um colega, o leitor deve estar pensando? Digo: tal colega era muito menor em proporções corporais em relação ao Brasil, daí o impulso à violência a o uso desproporcional da força. O Brasil era grande, com a estrutura corporal de um espartano de tempos remotos, um completo homem treinado e habilitado para atuar na guerra.
Voltando ao aparelho de som, Brasil era mestre em efetivar diversos tipos de negócios. Todos eles de forma a ganhar uma parte gorda em cima dos produtos negociados. Então, costumava superfaturar sobre qualquer coisa que estivesse em sua posse e quisesse negociar. Pois que, este som, era um dos poucos produtos que Brasil não ganharia nada em cima! A intenção era vender o parelho pelo mesmo preço de um novo, mesmo sabendo que ele já havia sido utilizado.
Brasil era um brasileiro nato, típico malandro que puxava um assunto com qualquer pessoa para ganhar um lugar mais adiantado na fila do banco, ou para ganhar um voto em processos eleitorais, se quisermos fazer referência aos nossos pleitos tão “democráticos”. Não entendia de futebol? Sem problemas, resumia o que o interlocutor havia dito com outras palavras, uma “enrolação”. Um cara que andava com um isqueiro no bolso para prozear com qualquer fumante com a intenção de vender os seus produtos. Assim ele vivia desde pequeno e, agora, aos 65 anos, nada tinha de novidade. “Velho Brasil de guerra”, diziam os companheiros de cervejada!
Então, numa noite de sábado qualquer, retornava de mais um dia de trabalho extenuante. Era noite cerrada e poucas pessoas circulavam. Seu ex – colega era uma delas, inclusive caminhava na sua dirção. Brasil caminhava a passos largos, muito menos por medo; mas mais porque desejava chegar logo em casa. O homem se aproxima:
_ Brasil, velho companheiro! Como andas?
O velho Brasil reconhecera aquele homem que há tempos não via. Estava estranho, com a barba longa, um chapéu grande e os cabelos extremamente compridos.
_Pois então, o que tens de novo?
Os dois travaram uma longa conversa que atravessou a madrugada inteira. A família do Brasil já avisara a polícia do desaparecimento do homem, visto que o relógio apontava 9 horas da manhã e nem um sinal dele. E nada, ninguém conseguia entender o paradeiro daquele cidadão nem tão honesto, mas peleador. Isso só foi possível dois dias depois, quando o corpo do homem foi encontrado por policiais em uma estrada próximo à residência onde a sua família morava. Marcas de tiros marcavam – lhe a face e facadas cortavam – lhe o peito. Junto ao corpo, um bilhete com os dizeres, a sangue seco:
“Sabemos, não foi apenas por causa de um aparelho de som...”