segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Mais uma lei proibindo!


A Câmara de Vereadores de Porto Alegre acaba de aprovar uma lei que proíbe o consumo de bebidas alcoólicas em transportes públicos : ônibus , táxi , lotações etc... Só para não perder o costume : mais uma lei proibindo ! Mas por quê , proibindo ? Simples : as leis no Brasil são puramente arrecadatórias . A intenção não é educar ou orientar os cidadãos . A mais pura intenção do legislador é multar quem não estiver respeitando as leis .
Por exemplo , esta “importantíssima” lei , por hora aprovada , pode multar o infrator com valores compreendidos entre R$ 47,22 reais e R$ 230,55 reais . Gostaram dos valores ?
Feito este argumento inicial , gostaria de trazer , neste texto , algumas considerações sobre esta lei . Em primeiro lugar , qual seria a intenção de quem propõe uma lei como esta ? Ora , sabe – se que bebida alcoólica se consome até dentro da igreja . Nos bares , nas ruas , as pessoas gostam de apreciar a sua cervejinha em qualquer lugar para onde andam . Isso é fato !
Muitos cidadãos de condutas exemplares deixam os seus carros na garagem para que possam consumir as suas bebidas de forma livre , sem riscos de cair na outra máquina exploratória : o bafômetro ! Mas , e agora ? Se chamarem um táxi para conduzi – los a um jogo de futebol ou a uma festa estarão , igualmente ,  infringindo uma lei : basta que estejam saboreando deliciosos goles de suas cervejinhas ! Mais : vão pagar multa ! Porque o negócio é arrecadar , multar e explorar ! 
Por outro lado , o argumento de que a embriaguez pode fazer com que as pessoas arrumem confusão dentro dos transportes públicos parece um tanto sem fundamento . Dentre tantos , permitam – me citar apenas dois exemplos : Primeiro : ninguém fica embriagado em apenas um espaço curto de tempo , o deslocamento . Segundo : eu posso encher a cara em qualquer bar da cidade e chamar um lotação podre de bêbado ; no entanto , entro no veículo bebendo um suco de uva ! Percebem que lei magnífica ! Made in Brasil , mais educativa impossível ! Complexa a questão , não ?
Avançando um pouquinho mais , que tal o argumento de que a bebida alcoólica pode sujar a roupa de outras pessoas ou sujar os espaços dos veículos públicos ? Este sim , um argumento típico de representantes que fazem leis para português ver . Isso porque os refrigerantes são produzidos por produtos limpíssimos . Só o álcool suja e danifica ! O resto não suja nada ! O quê ? Não acreditam no que eu digo ? Então façam o teste : virem , levemente , uma pequena quantidade de Fanta laranja sobre uma calça ou sobre uma camisa ! Após , façam o mesmo com qualquer bebida “proibida” e vejam o resultado !
Sinceramente , não sei o que é menos produtivo em uma lei como esta . Os argumentos para a sua criação ; ou os projetos de fiscalização . Sim , caros leitores , como seria a fiscalização de tal lei ? Como seria a punição para o infrator desta lei ? Não seria mais um campo aberto à impunidade social , que tanto resiste em nossa sociedade ?
Em síntese , fico a pensar naquele taxista , que o Estado insiste em explorar cada vez mais , contribuindo diretamente para arruinar a sua vida , tirando – lhes muitos passageiros . Será que tal taxista deixaria de fazer uma corrida de R$ 20,00 por causa de uma lata de cerveja ? Claro que não : “apenas não deixe que percebam a sua lata!”. Mas , e se a lata for de refrigerante ? Aí pode , porque , no Brasil , o negócio é tudo , lucrar ; menos , educar !

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Brasil e o esporte .


Mais uma edição de jogos olímpicos chega ao seu final sem que o Brasil conseguisse um grande destaque entre os países que estavam disputando as diversas modalidades de competições . Com apenas três medalhas de ouro , o desempenho do Brasil quase nada evoluiu se compararmos com a atuação nos jogos de Pequim , em 2008 . A diferença foi de apenas duas medalhas a mais .
Essa constatação não preocupa apenas pelos resultados obtidos em um grande evento , como é o caso de jogos olímpicos . Preocupa muito mais por este fraco desempenho ser produto de uma falta de investimento nos esportes , em geral . Então o leitor deve estar se perguntando : mas no futebol é investido muito dinheiro e , mesmo assim , a seleção também não conquistou o ouro !
Concordo plenamente !
Atualmente , a grande paixão pelos gramados , expressa no Brasil como “o país do futebol” , tem inibido muito o desenvolvimento de outros esportes . Basta perceber a folha de pagamento de qualquer time da primeira divisão do campeonato nacional . Na verdade , o futebol centraliza muitos recursos que os próprios clubes poderiam investir em outras modalidades esportivas . Não estou dizendo que as grandes peneiras para selecionar talentos devam ser extintas ; mas por que não selecionar também talentos de outros esportes para representar o Grêmio , ou o Internacional , por exemplo ? Já imaginaram : nadador gaúcho que treina no Grêmio é ouro nos jogos de Londres ! Ou : maratonista colorado leva o ouro e o Brasil está no alto do pódio ! Apenas um sonho , nada mais !
Realmente , cada vez mais , isso parece um sonho muito distante ! A tendência é o investimento cada vez maior no futebol . A maior conseqüência disso tudo continuará sendo o fraco desempenho do nosso país em competições internacionais , aí incluindo o próprio futebol !
Outro exemplo , grande parte dos professores de educação física do ensino fundamental e do ensino médio fazem a chamada e depois jogam uma bola para os alunos fazer uma pelada . Tudo culturalmente determinado ! Mas e a educação física , onde anda ? Pois é justamente isso que nos falta : educação física ! Futebol é um esporte que move muitas paixões , mas não é educação física ! A educação física pode ir muito além do futebol e alcançar outros esportes que também merecem ser descobertos !
Enfim , precisamos desenraizar o fato de que o Brasil seja o “país do futebol”! Isso é coisa que já deveria ter ficado pelo caminho . Atualmente , existem muitos “países do futebol”! O país tem condições de ser uma potência mundial no esporte , mas precisa de pessoas dispostas a acreditarem nisso . Pessoas que lutem ao lado dos nossos atletas para buscar sempre o lugar mais alto do pódio .
Podem ter certeza que isso não impede que os estádios de futebol lotem nos jogos importantes ! O futebol é a paixão , porque talvez ainda não aprendemos a enxergar os outros esportes , mas isso precisa mudar ! Talvez no Rio em 2016 as coisas comecem a melhorar !

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Política familiar ...


Kiko chega em casa suado. Era meio dia e fazia muito calor; e o almoço, este sim, já estava pronto e servidinho! Ainda com uma fina toalha em mãos, Kiko resmunga com a mãe:
_ Não bastasse pegar santinhos e aturar bandeirinhas e caixas de som o dia inteiro, agora estes políticos estão por toda a parte na Internet, incomodando.
A mãe percebe o descontentamento do filho, mesmo assim solta uma perguntinha:
_ Meu filho, por falar nisto, já sabes em quem vais votar nas próximas eleições?
Uma pergunta que a mãe não deveria ter feito! Um erro fatal, e a resposta:
_ Não vou votar em ninguém! Vou anular esta porcaria deste voto, pois ele não tem o menor valor! Sempre voto em alguém e recebo em troca incompetências e promessas não cumpridas, isso quando não vem por aí aqueles tradicionais escândalos de corrupção que são tradicionais em tudo o que é governo! Não estou com a menor disposição de discutir sobre política, ponto!
O rapaz ficou extremamente furioso, bateu a porta do quarto e permaneceu quieto por alguns instantes. Ainda tentando se recuperar do susto com a revolta do filho, a mãe aproximou – se da porta do quarto e efetuou três leves toques. Silêncio total!
_ Kiko, meu filho, está tudo bem?
_ Não quero saber mãe! Abriu a porta do quarto e andou a passos largos, retornando à cozinha.
Exatamente naquele instante e televisão da cozinha mostrava uma reportagem sobre as estratégias dos advogados que estavam defendendo os envolvidos no escândalo do mensalão. Kiko sentou – se , parecendo ignorar o que se passava na tela da televisão. Neste instante, a mãe voltava à cozinha para almoçar junto com o seu filho. Serviu um copo de suco de uva para ambos. Sorriu para o filho:
_ Como foi a sua aula?
_ Foi boa, mãe, a professora usou o exemplo da novela para descrever como as pessoas usam da bondade dos outros para tirar proveito! Na verdade, achei bem interessante a aula. Gostei!
O silêncio toma conta conta do ambiente e a mãe do rapaz não desvia os olhos do noticiário sobre o mensalão. Kiko, mais uma vez, começa a ter os seus ataques de braveza, causando uma irritação inesperada na mulher:
_ Mas o que está acontecendo contigo, guri? Atira uma colher sobre a mesa.
_ Não é possível que a tua alienação seja tanta que não percebas os problemas que te cercam! Não é possível que tu não saibas que o problema és tu mesmo! Tudo te revolta, mas a novela te interessa! Pra ti, todos os políticos são iguais, mas tu preferes curtir um jogo de futebol na escola, mas não quer pegar um santinho de algum candidato na rua! Até onde vais com tanta cegueira, menino?
Mais uma vez, silêncio na cozinha. O rapaz levanta – se para servir mais uma colher de arroz. Aproxima – se da televisão e dirige – se à mãe:
_ A senhora está vendo? Esta aí, na tela, não sou eu quem estou dizendo! São tudo uns falcatruas que roubam do povo para satisfazer as vontades pessoais! Isso é o fim! Isso é o fim!
A mãe espera o filho sentar e, em tom de consolo, passa a mão carinhosamente sobre o seu rosto e fala em tom leviano:
_ Filho, enquanto os outros falarem por você, por ter certeza: todos serão iguais! Enquanto todos decidirem por você, a sua alienação aumentará ainda mais. Enquanto tudo estiver fora do seu alcance: então, realmente, será o fim!
Levantou – se deu beijo com a ponta dos lábios no filho e despediu – se:
_ Preciso trabalhar, fique bem...
_ Mas, mãe, ainda não tive a chance de falar...
.

sábado, 4 de agosto de 2012

Vinte minutos para a meia noite.


Faltavam exatos vinte minutos para a meia noite. Caia uma fina chuva sobre Porto Alegre, cidade onde o inverno balançava a mente mais adormecida dos gaúchos mais apaixonados. E foi neste ambiente gelado e chuvoso que o tal “Fininho” resolveu atravessar a cidade para fazer uma surpresa a sua grande paixão.
Isadora era uma linda mulata. Carregava o brilho dos seus vinte e sete anos de idade e vivia em um bairro da periferia da capital do Rio Grande do Sul. Apreciava uma boa leitura, apesar de jamais ter concluído o ensino fundamental. Passava mais de oito horas por dia trabalhando como atendente em uma pequena farmácia localizada no centro da cidade. E foi justamente no seu local de trabalho que conheceu o tal “Fininho”.
Um certo dia, Isadora contava um dinheiro que uma cliente havia pagado por um caríssimo remédio para doença cardíaca. Não fosse a chegada do tal “Fininho”, a moça conseguiria executar com sucesso a sua tarefa de guardar o dinheiro na pequena gaveta do caixa. Pois, que, exatamente neste momento, um rapaz aponta uma arma para a cabeça da moça que entra em estado de pânico e cai desacordada por detrás do balcão da farmácia. Foi neste momento que começou uma bonita história de amizade entre o tal “Fininho” e a atendente de farmácia Isadora!
É  normal que uma pessoa cansada de conviver com o clima violento de Porto Alegre pense que a primeira atitude de um criminoso seja fugir com a grana roubada da sua vítima. Naquela tarde de março, não foi bem o que aconteceu. Não só o assaltante resolveu prestar atendimento à mulher caída, como resolveu colocá – la para dentro de um táxi e levá – la para um hospital mais próximo.
O tal “Fininho” não arredou pé da emergência do estabelecimento enquanto não teve a certeza de que a moça estava em bom estado de saúde. Então, resolveu descer para fumar um cigarro e comprou flores para a moça. Sim, um criminoso também pode oferecer flores a uma dama!
Duas horas depois do assalto, medicada e aliviada do medo causado pelo difícil momento em que havia passado, finalmente Isadora acorda no quarto 103. Flores lindas em tons vermelho encontravam – se colocadas ao lado da televisão, sobre um pequeno armário. Algum bilhete? Nada! Um admirador misterioso? Talvez!
O fato é que o tempo passou e o tal “Fininho” não mais havia cometido nenhum ato fora da lei. Resolveu procurar um justo emprego, começava a amadurecer em sua mente a idéia de constituir uma família. Pensava em ver seus filhos correndo pela casa enquanto ele e sua esposa trocavam beijos! Tudo era sonho. E este sonho chamava – se: Isadora!
Dois anos depois, a moça já havia largado de trabalhar na farmácia e resolveu voltar a estudar! Estava buscando terminar o ensino médio e almejava a faculdade. Após as aulas, pegava o ônibus a retornava ao lar para estudar.
E foi em uma dessas linhas que os dois voltariam a se encontrar. O tal “Fininho” recordou – se de Isadora, mas ela nada exatamente lembrava sobre o rapaz. Ele se omitia da sua verdadeira história. Os dois conversaram como se velhos amigos fossem e foi natural que um sentimento forte fosse nascendo entre eles.
Faltavam exatos vinte minutos para a meia noite. Caia uma fina chuva sobre Porto Alegre, cidade onde o inverno balançava a mente mais adormecida dos gaúchos mais apaixonados. Isadora começava e lembrar daquele terrível dia. O momento daquele assalto e o protagonista ! Tudo isso vinha à mente. E foi neste ambiente gelado, reflexivo e chuvoso que o tal “Fininho” resolveu atravessar a cidade para fazer uma surpresa a sua grande paixão.