segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Conversando com Deus...


Na noite após a grande catástrofe em uma boate na cidade de Santa Maria, tive um sonho. Parecia que a morte me alcançava e eu não poderia evitá – la. Sim, eu estava lá, entre aquelas pessoas tão cheias de juventude que perderam a vida! Eu era mais um a correr sem rumo! Eu era mais um que morria aos poucos, sem escolha.
Neste momento, a fé falou mais alto e não me restou outra alternativa a não ser conversar com Deus. Pois que o sonho tem destas coisas.
E assim eu vivi meus últimos momentos em vida:

Conversando com Deus...

Ó Deus, meu rei, meu criador...
Onde estás que não vejo nada? Só horror!
Como esta noite ta linda, cintilante...
Estou saindo e voando, cadê meu diamante?
Ta tudo tão estranho; pessoas, não vejo nada...
Os gritos ecoam no escuro...
Nesta triste madrugada!

O que fazes de mim, meu criador...
De tudo o que respiro, só resta o pavor!
Minha vida está se indo, mas foi brilhante...
Estou a morrer tão jovem, cambaleante!
Ta tudo tão estranho; meu corpo, não sinto nada...
As pessoas correm sem rumo...
Para a morte anunciada!

Ó meu Deus, perdoe, meu criador...
A família está a chorar, livre – a de toda a dor!
Não precisava ser assim, via o futuro adiante...
Mas foi você quem KISS, limpe – me o semblante!
Ta tudo tão estranho; pessoas como eu, não há mais nada...
Todos morrem aos gritos...
Nesta triste madrugada!

Madrugada de todo o silêncio
Lágrimas, perdas e dor...
Madrugada de nuvens escuras...
E mortes, ó senhor!

Orações por todos os lados
Esperanças pela calçada...
Corpos adormecidos
Nesta triste madrugada!

Minhas forças estão apagando
Mas não minha carga de fé...
Assim que chegar aos céus
Meus sonhos estarão de pé!

Olhai por todos os amores...
E as famílias despedaçadas!
E a todos que aqui nos deixam...
Nesta triste madrugada!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Uma arma na minha cabeça!


“Mãe e filho policial mortos em lancheria”; “PM atira em suspeito em estação do trensurb”. Notícias como estas estão cada vez mais freqüentes na capa dos principais jornais pelo país. Pelos quatro cantos, a criminalidade não para de crescer, e com ela: o medo. Medo de ser assaltado; medo de perder a vida por quase nada. Enfim, medo!
Pois os recentes fatos ocorridos na esfera criminal, em especial, estes dois acima referidos, trouxeram – me a lembrança de um dos momentos mais difíceis ao longo destes, bem vividos, 32 anos de vida. Um momento em que eu posso afirmar com toda a certeza: eu tive medo!
Nos dias de hoje, não raramente, tenho presenciado delitos de todas as maneiras. Isso fez com que eu me tornasse uma pessoa mais calma diante de atos violentos ou atos que colocasse em risco a vida de qualquer pessoa. Com o tempo, aprendi a lidar com uma arma. Aprendi a suspeitar de que quanto mais a mão de um criminoso que porta uma arma  tremer, maior a chance de ele estar com um alto grau de nervosismo; portanto, mais propício a cometer um crime de maior gravidade. Mas veja, caro leitor, isso eu não aprendi lendo noticiários ou ouvindo especialistas; aprendi com a vida, que muitas vezes me colocou em sério risco de morte.
E naquele final de tarde de um dia qualquer, como disse anteriormente, senti medo. Muito medo! Foi um momento em que pareceu que alguém apertou o STOP e minha vida ficou congelada por alguns instantes. Instantes em que entrei em um bar que estava sendo assaltado por dois homens armados! Aquela velha história de estar no lugar errado, na hora errada. Provavelmente, se eu tivesse chegado um minuto depois não estaria escrevendo este texto, nesta tarde.
Sim, os fatos!
Era fim de tarde e o bar era conhecido, eu estava com desejo de beber um vinho. Simples, não? Os amigos sempre me recebiam de forma cordial: “Fala alemão!”; “Como vai esta vida de correrias?”. Mas naquele dia tudo era silêncio. Um homem parado, bem na frente do local onde encontravam – se as frutas, me chamou a atenção. Entrei no bar e o ele fitou – me com um ar de gente brava. O clima era tenso; havia algo de errado, pensei.
Segundos após, cheguei próximo ao caixa para fazer algumas consultas ao meu amigo, dono do bar. Neste instante, havia um outro homem escorado no balcão. Eu jamais o tinha visto na vida! O meu amigo me respondeu de maneira séria, sem apelidos ou brincadeiras. Então, eu tive certeza: havia, mesmo, algo errado!
Na verdade, quando esbocei algum pensamento, o homem do balcão se virou rapidamente e colocou o seu revolver repleto de ferrugem na frente dos meus olhos. “É um assalto! Me dá o dinheiro e tudo o que tu tem!” Senti medo! Nunca tinha passado por situação semelhante. A mão do homem tremia e parecia que a minha morte era uma coisa certa!
Felizmente, o assalto terminou sem nenhum ato mais grave. Os dois assaltantes levaram uma quantia insignificante (Ou meu amigo seria tão vacilão a ponto de deixar todo o faturamento do dia dentro da gavetinha do caixa? ) e um vale de R$ 4,45 reais que eu tinha para comprar o meu vinho. Nada mais!
Enfim, anos após este acontecido, nada mudou! Muito pelo contrário, a criminalidade cada vez mais aumenta e a população não tem outra saída a não ser se esconder em um medo sem fim. Um medo como aquele que senti, naquele bar, naquela tarde. Um medo que a vida talvez já tenha me moldado para não sentir, hoje em dia, com tamanha intensidade. Um medo que pode acarretar em conseqüências muito mais graves, como aquelas das notícias da primeira linha deste texto.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A crueldade do sistema prisional brasileiro!


O “museu de grandes novidades” do sistema prisional brasileiro tem, cada vez mais, aparecido no cenário internacional. Ora, para que qualquer problema alcance tal nível de repercussão, é necessário que a situação esteja, realmente, insustentável. Pois esta é a mais pura verdade sobre o sistema prisional brasileiro: insustentável. Neste contexto, não há como abordar esta questão sem, pelo menos, citar três fatores que influenciam no funcionamento direto do sistema prisional.
O primeiro deles é aquele em que diz respeito aos atores envolvidos nas estruturas de funcionamento do sistema, bem como as suas diferentes formas de interação social dentro e fora das cadeias, no Brasil. Neste sentido, a edição Nº 95 da revista VOTO (Pág. 38/41) traz uma reportagem intitulada “O Estado brasileiro à beira do colapso”; onde aborda, justamente, o fato de detentos de alta periculosidade orientarem atividades criminosas de dentro das instituições penais.
Por outro lado, não apenas contribuem para o problema as relações entre os criminosos que estão dentro e fora dos presídios. Há que se destacar, também, a relação do Estado (Por meio de seus órgãos e agentes) para com os detentos. Assim sendo, não raro aparecem relatos de tortura ou negligência em relação a quem está “sonhando” com uma ressocialização dentro de lugares tão desumanos como os presídios.
Um outro fator que também contribui muito para o colapso do sistema prisional é verdadeira falta de importância que o Estado refere ao problema. Ou seja, não há a menor pretensão em investir em presídios ou na possibilidade de tentar reintroduzir os apenados ao convívio social. Não há distinção entre os criminosos de maior e de menor periculosidade; ou seja, para o “Leviatã”, são todos farinha do mesmo saco.
Outro exemplo, a completa negligência do Estado com relação à Lei N. 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984; a saber, a Lei de Execução Penal. Seria ela a esperança de dias melhores para a sociedade? Em parte, sim. Talvez a ineficiência desta lei (Em virtude de um Estado tão negligente e desinteressado em cumprir tal lei) contribua muito para que o sistema prisional brasileiro seja destaque no cenário internacional!
Por fim um terceiro e último fator determinante está amparado em uma crise estatal que apenas se reflete no sistema de segurança pública como um todo. A corrupção parece estar impregnada nas veias do Estado brasileiro. Ou seja, muitas vezes há uma estreita relação entre policiais e criminosos. Dessa maneira, ocorre uma prática corruptiva em que policiais (Com remuneração que beira à miséria, se comparado com a periculosidade de suas funções) acabam se vendendo aos criminosos para obterem mais valorização.
Em síntese, com tamanha crise e incompetência do poder público em garantir uma tranqüilidade social, parece interessante propor uma solução com influência de setores privados da sociedade. Em Belo Horizonte, parece que as coisas já se dirigem por estes caminhos. Pois que, aguardemos as cenas dos próximos capítulos!

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A solidão de Alvarez...


Pelo menos uma vez, na vida: a solidão! Por mais que desenvolvemos e amadurecemos variados tipos de relações sociais, é inevitável o encontro com a, muitas vezes reclamada, solidão. Pois que ela, muitas vezes, é de fundamental importância para que possamos pensar e dar um rumo as nossas vidas. Sim, a solidão!
Alvarez era aquele tipo de homem mulherengo. Não cansava de conduzir seus luxuosos carros do ano recheado de mulheres bonitas e companheiros de noitadas. A cidade de Porto Alegre tornara – se pequena para Alvarez. Certa vez, lembro tê – lo encontrado em uma balada de família. Sem querer, por entre papos e bebidas, percebi que o rapaz começou a palestrar por entre as meninas:
“Acho que vou mudar de cidade! Acho que estou muito grande, crescendo cada vez mais, enquanto a minha cidade parece encolher mais, a cada dia!”
Pois a vida de Alvarez era essa: diversão, bebidas, festas e mulheres! Muitas mulheres! Como se a felicidade fosse só isso. Como se a vida fosse entrar para o fundo de uma garrafa e transar com as mulheres mais bonitas da cidade. Mas o fato: Alvarez amava a sua vida. Queria morrer fazendo o que gostava; ou seja, nada!
Eram raras as noites em que o moço não andava por entre os bares da cidade curtindo a noite. Mas acontecia, volta e meia. E, naquele trinta de Outubro, voltou a acontecer. As rajadas de vento batiam portas e fechavam janelas; enquanto isso, um grande temporal armava – se para desabar sobre a cidade.
Alvarez abriu a porta e entrou em seu pequeno “recanto”, pois era desta maneira que preferia chamar  o seu quarto. As duas janelas estavam iluminadas pelos raios e trovões que antecediam o temporal daquela melancólica noite. Encostou – se junto ao seu travesseiro de fronha azul e pensou na vida. Veio – lhe à mente a principal lembrança ao longo da sua existência, que já durara 28 anos.
A nebulosa lembrança da perda dos seus pais em um acidente de trânsito, quando completara 5 anos, fez sentir algo que talvez jamais tivesse sentido: a solidão! A vida era aquele momento, e Alvarez estava sozinho.
Mulheres bonitas, festas, diversão: tudo perdeu a importância. A solidão em que se encontrava tornou o grande Alvarez no menor dos seres. Uma bactéria, talvez! Foi, então, que ele aprendeu a sua maior lição de vida.
Aquela noite de clima sombrio tornou – o um homem de solidão. Um homem que aprendeu que, na vida, precisamos estar só! Precisamos refletir sobre o que estamos construindo, sobre o que estamos vivendo. E as festas, as mulheres e os bares jamais permitiram isso. A bebida causava – lhe prazer, ao mesmo tempo em que o seu cérebro engolia os seus pensamentos.
Pois que, naquela noite de trinta de Outubro, Alvarez resolveu mudar de vida. Trocava olhares com o temporal que inundava a rua e com os retratos de família – sobre o seu pequeno gabinete – onde seus pais apareciam em primeiro plano. Aos 35 anos, formou – se em Direito por uma das melhores universidades do país. Os lucros oriundos do seu escritório, no centro da cidade, são doados a uma instituição que cuida de jovens envolvidos com drogas.
Enfim, Alvarez precisou encontrar a solidão para aprender a viver de verdade. Depois daquela noite, os “amiguinhos” o olhavam com ares estranhos. Aquele temporal, aquela solidão! Tudo era necessário para que a vida tomasse um rumo!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O pastor que a rua conhece ...


Pois que os boatos se espalhavam pela rua e o pastor vivia a encher a boca para dizer que “a voz do povo é a voz de Deus”! As casas, coisas simples, uma quase colada na outra. Quando o pastor passava, as mulheres buscavam, através de gestos, uma comunicação que a dignidade as impedia de vociferar.
Mas, então, quem era este pastor? Posso imaginar a curiosidade de você, caro leitor, que imagina um pastor como um homem de princípios. Um homem instruído a pregar coisas que você há de seguir para toda a eternidade. Um cidadão de bem, que procurou a paz em um soberano e jamais deixou de seguir os seus mandamentos.
Então o nosso pastor vivia a pregar: “Lembra, querido! A voz do povo é a voz de Deus, o nosso grande criador...”. Circulava pela rua com a sua grande pasta preta contendo livros e mais livros. Sempre que se achava cansado, parava em um canto qualquer; pedia um café, ou um saboroso suco de goiaba. Sim, era fascinado por suco de goiaba! Mas isso em tempos mais atuais; digamos que, de umas semanas pra cá.
Por falar nisso, foi por causa de uma goiaba que tudo começou! Aquelas cenas jamais me fogem á memória! Então, amigo leitor, coloque – se comigo no outro lado da rua. Na calçada oposta, uma grande goiabeira, frutas maduras, lindas demais.
Tão lindas que pareciam com aquela moça que passeava naquela tarde quente, carregando a sua sombrinha de cor branca. Tal moça começou a se aproximar das goiabas de forma lenta. Realmente, uma moça pra lá de bonita! Encorpada. Em termos atuais: sarada!
Escolheu uma goiaba para atacar, talvez a única que conseguisse alcançar. Mesmo assim, faltou – lhe tamanho. Talvez uns vinte centímetros a mais de altura seria o suficiente para que ela efetuasse o seu objetivo.
Mas, perceba leitor, olha quem vem lá da esquina! O pastor, com a sua tradicional pasta preta, cheia de livros. Desde já, faço as minhas apostas: “o pastor abordará a moça sob a goiabeira, recolherá a fruta escolhida por ela e fará aquela velha pregação, que a rua toda já decorou – de tanto que se repete”.
Vejam só, bingo!
Perceba que o pastor tem o dom da conversa, basta atentar para o sorriso que a moça abre, de quando em quando. Ela não consegue se concentrar no livro aberto na mão direita do pastor. Com ele, também não há nada de diferente; parece estar longe das tradicionais pregações. No entanto, parece que esta “pregação” será um pouco mais duradoura do que as normais. Talvez comece ali, sob a goiabeira e termine na casa simples da bonita dama.
Pode ser que ... sei lá! Você é esperto, leitor! Você entende!
Pois que os boatos se espalham pela rua: “A pregação foi terminar lá no quarto da bonitona!” Dizem que, agora, o pastor só quer pregar para a mesma pessoa. Já não conduz a sua pasta preta para todos os lados. Tem a goiaba como uma fruta sagrada, aquela que te conduz ao paraíso!
Acima de tudo, continua sendo um pastor! Continua com suas velhas caminhadas, agora mais esporádicas... Um pastor de velhas pregações e novos costumes. Um pastor que a rua inteira conhece. Porque a rua é o povo e a voz do povo é a voz de Deus!

domingo, 6 de janeiro de 2013

O Grêmio e os reforços.


Nada como escrever o primeiro texto do ano falando sobre futebol. Sim, porque as férias chegaram ao fim e os boleiros já estão fazendo trabalhos físicos e técnicos. Neste contexto, não podemos deixar de lado o fato de que estão abertas as possibilidades de vendas e contratações para o ano que segue.
Em relação ao Grêmio, confesso que tenho andado meio preocupado com a movimentação em busca de reforços para este ano. Por exemplo, a primeira contratação: o goleiro Dida. Sempre gostei muito deste goleiro, e acho que é inquestionável a sua história de muitas conquistas e títulos. No entanto, entendo que o grupo precisa buscar reforços na posição onde a carência esteja mais visível. Uma vez que Marcelo tem segurado muito bem os ataques adversários, não consigo entender a contratação de um goleiro ( Mesmo que seja o Dida, com toda a sua história ) como algo tão relevante.
Por outro lado, o Grêmio parece ter feito um grande negócio com o zagueiro Naldo, que vinha jogando muito bem e se firmando cada vez mais. A imediata contratação do zagueiro Cris possibilita repor uma perda que podemos definir como importante. Ou seja, retira – se uma peça, mas realiza – se uma reposição imediata. Não foi o que aconteceu com o Marcelo e com o Dida.
Percebam a parte da frente. A quantas anda o ataque do tricolor gaúcho? Pois aí é que começam a aparecer os principais problemas, pelo menos, sob o meu ponto de vista. O Kleber foi uma grande aposta da direção; porém, jogou bastante logo que chegou ao Grêmio; depois, caiu muito de produção e já faz um tempo que está devendo. E o Moreno, parece que carrega uma tonelada em cada perna, de tão lento que é!
Quanto aos reservas, André Lima é muito esforçado, tanto que carrega os ditos de “Guerreiro Imortal”, realmente imortalizado por fazer o primeiro gol da Arena. Acho ele mais presente que o Moreno, por exemplo. Mas também entendo que depois da sua lesão, jamais as oportunidades apareceram como antes. Quanto ao Leandro. Bom, este tem velocidade, mas falta – lhe a habilidade. Talvez amadureça esse fundamento com o tempo, pois ainda é jovem. Mas, por enquanto, não está correspondendo.
Na verdade, quando faço críticas à direção por contratar um goleiro, penso que seria muito mais produtivo investir em um ou dois atacante que tenham velocidade e habilidade. O Grêmio está carecendo destes fundamentos. O que pode oferecer ao seu torcedor é jogador ou com habilidade ou com velocidade, jamais as duas qualidades juntas.
Enfim, iniciaremos dentro de poucos dias a competição mais disputada do continente. Já na primeira rodada enfrentaremos um mata – mata, definição que manterá ou não o Grêmio na competição. Neste sentido, e isso é fato, o Grêmio precisa reforçar o seu time. Precisa colocar jogadores mais produtivos nas posições em que encontra – se desfalcado . Esperamos que a diretoria tome alguma atitude e busque, logo, estes reforços; pois, só assim, poderemos festejar a terceira conquista da Libertadores.