quinta-feira, 6 de março de 2014

Porque sou contra a ampliação do HCPA...



Ao finalizarem a leitura deste texto, muitos cidadãos dirão que tenho problemas mentais comprometedores. Por quê? Porque não concordo com a ampliação da Emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). O motivo para tal oposição é bem simples: existem outros hospitais e postos de saúde completamente sucateados, sem as mínimas condições dignas de prestar um atendimento adequado aos enfermos.
A questão de tamanha complexidade, que envolveu os “mercenários do concreto” e muitos ambientalistas, conduziu o debate a um rumo que deixa de fora outros problemas de grande relevância para a população. Por exemplo, o sistema de saúde, em geral! Todos nós sabemos o estado precário de diversos hospitais e unidades de saúde em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul. É um problema conhecido e, mesmo assim, completamente negligenciado pelo poder público e seus (I) responsáveis.
Agora, de uma hora pra outra, resolvem ampliar o setor de Emergência do HCPA, referência em atendimentos públicos e privados? Ora, me parece que existe um conjunto de interesses envolvido, uma vez que ampliando o atendimento em outros hospitais, haveria uma reduzida procura por atendimento na instituição. Ou seja, fica nítida a intenção de monopolizar (E, conseqüentemente: lucrar!) os atendimentos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre enquanto o resto do sistema apodrece por negligência e mantém os pacientes em situações miseráveis de atendimento.
Como escrevi anteriormente, não concordo com essa tal ampliação do HCPA, mas defendo com unhas e dentes a idéia de melhorar os outros hospitais do sistema com os mesmos recursos. Ora, para derrubar centenas de árvores, planejar uma construção de tamanho porte, efetivar estacionamentos etc ... precisa – se de um projeto claro e sério, onde o superfaturamento com obras e o comércio de licenças ambientais nãos sejam possíveis, por exemplo.
É claro que os vereadores de Porto Alegre e a administração municipal aprovam a idéia! Mas não o fazem pensando na saúde de quem reside mais afastado do HCPA. Não o fazem pensando na população, em geral! Ou seja, a centralização do atendimento e as obras deverão culminar no aumento do lucro daqueles que trabalham pelo dinheiro. Por exemplo, os planos de saúde ( Ou alguém imagina que os atendimentos no local ampliado será 100 % público?) serão beneficiados, assim como os corruptos oportunistas, que a atual gestão tem revelado em número considerável.
Por tudo isso, gostaria de ver estes recursos ampliando e melhorando o atendimento em outros hospitais e postos de saúde, com uma fiscalização eficiente e competente. A periferia está carecendo disso! Muitos bairros marginalizados pela elite governamental apresentam uma grande precarização no atendimento à saúde. Muitas pessoas precisam de Emergência, mas será que quem mora em locais mais afastados do HCPA conseguirá chegar a tempo, ou será privado de sua vida ao longo do caminho?

segunda-feira, 3 de março de 2014

Lembranças de um carnaval qualquer!



Ainda consigo sentir o forte cheiro de bebida! Era cerveja, uma companheira que jamais me faltou nas diversas festas em que participei ao longo destas mais de três décadas de vida inocente e, modéstia à parte, muito bem vividas. As fantasias brilhavam ao som de marchinhas carnavalescas de tempos mais antigos! Tudo era especial em uma festa em que os corpos flutuavam aos sorrisos e aos cantos como num ritual! Isso acontecia em finais da década de 90; impressionante, parece que foi ontem!
Em algum clube de Porto Alegre, o qual não lembro o nome, eu encontrava um grupo de amigos para uma noite de muita diversão em uma cidade vazia pela retirada de um imenso número de pessoas que buscavam o litoral para viver o carnaval. Na parte de fora do clube, uma grande fila composta de pessoas fantasiadas, mascaradas e brilhantes. A noite seria um espetáculo e muito divertida!
Quando fui revistado pelos seguranças, que apertaram até os órgãos que muitos imaginam, e entrei no local da festa, comecei a sentir um mal estar que não pude conter. Os amigos sentiram o meu estado e tentaram, de todas as maneiras, me ajudar, naquela linda noite de fantasia e diversão. Sem sucesso, o que mais preocupava, naquele momento, era fazer com que os companheiros não deixassem de se divertirem por minha causa, pois estavam todos mergulhados em uma felicidade extrema. Certa feita, comecei a dizer que tinha melhorado e até arrisquei uns passos na pista de dança lotada de mulheres bonitas e caçadores de toda a sorte.
Mesmo que cambaleante, e eu ainda não estava nem perto de um estado alcoólico deplorável, consegui circular por entre as fantasias e me divertir ao som daquela banda que tocava músicas carnavalescas ali, ao vivo. Neste contexto, de supetão, tive os olhos vendados por uma pessoa a qual não reconheci de primeira. Era uma espécie de “ficante” de outros pagos! Naquela época, era costumeiro encontrar as mesmas pessoas em diversos locais onde todos objetivavam algo comum: a diversão.
Ainda me questiono se foi uma coisa boa encontrar aquela “amiga”, naquela noite. Mas uma coisa é certa: meu estado começou a melhorar assim que ela chegou por trás de mim, vendou – me os olhos com as mãos suadas e espichou a voz: “Oiiiiiiiiii”! Ela era uma pessoa muito cativante, bonita, com boa conversa e grande parceria. Entre uma palavra e outra, pedi que ela me esperasse alguns instantes, pois precisava ir ao banheiro urgentemente. Na volta, eu já era um cara renovado, zero bala! E ela? Bom ela não estava no local, pensei que pudesse estar no banheiro, também...
Não a encontrei por um bom tempo. Já passava do meio da noite quando a avistei beijando outra pessoa, um rapagão que também não me era estranho. Não havia nada de esquisito nisso, ninguém vai a uma festa de carnaval para buscar casamento! E o que mais me deixou feliz foi o fato de ter melhorado ao encontrar aquela mulher. A partir dali, fui uma outra pessoa: o sorriso me voltou e os amigos perceberam! Naquele momento, começava a minha festa! Era carnaval e eu ainda sinto o cheiro da cerveja como se fosse hoje! Aquela diversão empolgante foi inesquecível! Aquela noite...
Finalizado o evento, entro no Táxi para ir embora, mas não sem, antes, me aproximar daquela moça, dar - lhe um forte abraço de agradecimento por tudo o que havia acontecido. Ela jamais entendeu aquele ato súbito! Ficou sem reação, enquanto eu repetia em alto e bom som: obrigado por tudo!