quarta-feira, 21 de abril de 2010

SAMU , o que significa isso ?

Nos últimos dias , dois incidentes provocaram um certo desconforto com relação à confiança no serviço público de administração municipal de Porto Alegre . No primeiro deles , o estudante Valtair Jardim de Oliveira 21 , anos , sofreu um choque elétrico em uma parada de ônibus a acabou perdendo a vida . No segundo , Leonardo da Silva Delgado , 19 anos , também perdeu a vida ao derrapar sua moto sobre as britas oriundas de uma obra realizada sem sucesso pelo DMAE .

O que impressiona , nestes dois episódios , não são os acidentes em si ; mas a forma como age o serviço público no trato com as suas obrigações . Quer dizer , ninguém está livre de um acidente . Ele pode acontecer a qualquer momento e pegar todos de surpresa . No entanto , nos casos colocados , não foi o que aconteceu ; a eletricidade estava em contato com a parada , onde o jovem se encostou e morreu ; o piso da pista estava tomado por britas , onde o motoboy perdeu o controle da moto e também morreu . Parece que pensar no futuro é a melhor saída para o serviço público , pagar indenizações às famílias das vítimas pode parecer uma solução , mas não é . Isso porque não adianta tapar o sol com a peneira e continuar cometendo os mesmos erros do passado .

O serviço público precisa estar capacitado para oferecer à sociedade aquilo que ela necessita para o seu bom funcionamento . Evitar acidentes - e , mortes - não é nem um favor dos gestores públicos , mas uma obrigação que precisa , a todo o momento , ser renovada . Este descaso frente à população precisa ter um fim . A administração pública precisa rever os seus conceitos e aprender que zelar pela vida das pessoas pode significar um ponto muito importante para adquirir credibilidade frente ao público .

Por exemplo , dias atrás , um homem fortemente alcoolizado - aparentando ser um morador de rua - estava caído na avenida Carlos Gomes , uma das avenidas mais movimentadas de Porto Alegre . Um médico , que passava pelo local , detectou que tratava – se de um caso grave , em que o homem precisava ser recolhido com urgência a um hospital . Solicitou , então , que sua secretária entrasse – imediatamente – em contato com a SAMU (Serviços de Atendimentos Móveis de Urgência ) para a realização dos primeiros socorros . A surpresa veio quando a secretária explicou a situação e ouviu o seguinte da atendente do SAMU : “Não socorremos neste tipo de situação ! Daqui a pouco o porre passa e ele sai caminhando!” .

Incrível ! Não é um completo descaso com as pessoas , ou um pobre não é uma pessoa ? Não seria um caso de urgência ? O cara estava morrendo ali , como um bicho , e o poder público nada fez ! O SAMU não atendeu à solicitação e o homem foi socorrido por outros meios . Quer dizer , se dependesse do serviço público , o homem já era , estaria morto !

Pois é isso que precisa mudar , não importa a demanda ; a administração pública precisa prestar atendimento , não importa onde e a quem ! Pagamos pesados tributos e queremos o mínimo : presteza e boas intenções . Os órgãos da administração municipal precisam oferecer melhores serviços , já !

sábado, 10 de abril de 2010

O Estado em ebulição.

Dias atrás , ocorreu um forte discussão entre o Ministério Público do Estado do Rio do Grande do Sul e a Polícia Civil por causa de um crime que abalou a sociedade gaúcha como um todo . Trata – se do um crime que tirou a vida de Eliseu Santos , Secretário de Saúde de Porto Alegre . O médico tinha 63 anos e foi morto após levar tiros ao sair de um culto religioso na capital gaúcha .

Em uma primeira análise , a polícia concluiu as investigações dando o caso por encerrado ao definir o crime como uma tentativa de roubo de carro ( latrocínio ) . Ora , a própria polícia entende que , em um caso de axecução ( versão colocada pelo MP – RS ) , arma – se uma tocaia para pegar um desafeto . Então eu não compreendo uma coisa : em um latrocínio não arma – se tocaias ; como fazem , então , os bandidos ? Imagino que eles procurem um local discreto e adequado para a prática do delito , ao contrário do lugar onde o Eliseu foi morto ; ou seja , a saída de um culto religioso – onde uma grande quantidade de pessoas circulava pela rua , perto do local . Seria possível uma tentativa de assalto em um ponto de bastante movimento , onde os próprios bandidos corriam grande risco de se verem azarados pela polícia ou , futuramente , por testemunhas ?

Neste sentido , a própria Polícia tropeça nos seus argumentos e abre campo para a versão do Ministério Público , de execução . Os promotores que atuam na 1ª Vara do Júri da Capital – Lúcia Helena Callegari , Eugênio Paes Amorim , Jorge Alberto dos Santos Alfaya e André Gonçalvez Martinez - defendem que a morte do médico foi encomendada por desafetos e inimigos do médico . Entre eles , Marco Antônio de Souza Bernardes , ex – coordenador da assessoria jurídica da secretaria , que teria sido demitido pelo secretário , em 2009 , por cobrar propina . Ora , será que a polícia tinha conhecimento de que o médico já havia registrado queixa sobre as ameaças que vinha recebendo ? E a arma que o médico carregava , nada indica sobre o caminho que uma investigação deve tomar ?

Além da inexperiência dos bandidos ( no momento do delito ) , deve – se levar em consideração outros fatos que não aconteceram no momento do crime , afinal de contas , o passado pode - perfeitamente - definir o presente . Pode ser que a Polícia tenha se preocupado muito em solucionar o crime ; no entanto , abstraiu as circunstâncias que levaram ao mesmo . Não estou dizendo que o MP tenha razão nesta controvérsia toda , apenas acho que os seus argumentos estão mais articulados e , por isso , acredito que tenha havido uma execução .

Por fim , não vejo a necessidade de fiasco midiático entre as instituições . O que se precisa é de união e dedicação de ambos para elucidar o problema . Um crime como este requer cautela , e não afobamento ; requer paciência , a não pressa . A sociedade precisa de instituições fortes e equilibradas , onde o primeiro acerto talvez seja o reconhecimento e a correção de erros , que ninguém está livre de cometer .

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O massacre !

Entrar em um coletivo e esperar , pelo menos , vinte minutos para que ele deixe o centro da capital parece algo tão normal . Nada interessa aos passageiros , parece que eles não se importam em perder tempo nos congestionamentos e , tão pouco , dão a mínima importância para questões de pontualidade .

Atualmente , o imenso número de veículos circulando pelas vias da cidade traz muitos transtornos para os motoristas e passageiros . Leva – se muito tempo para realizar qualquer deslocamento pela cidade . Atrasa – se para cumprir horários e realizar compromissos .

Neste contexto , não parece recomendável elaborar uma forma alternativa para resolver este tipo de problema . No entanto , uma das possibilidades seria deixar o veículo particular em casa e buscar um coletivo . Ora , partindo – se do pressuposto de que muitas pessoas farão o mesmo , não fica difícil prever o que acontecerá no interior do coletivo . Por exemplo , a frota de ônibus é insuficiente para atender a grande quantidade de pessoas ; assim , elas ficam tumultuando , uma por cima da outra , dentro do “bãs” . Os indivíduos que não conseguem um acento para ficar , ficam submetidos ao massacre do corredor . Sim , massacre ! Porque todos que passam fazem um sanduíche das pessoas ; todos que passam , deixam o braço ; todos que passam , saem arrastando tudo que tem pela frente ; enfim , um massacre . Isso sem contar que ninguém consegue ver uma dama com um filho no colo e , muito menos , um senhor de idade ou um obeso . Quer dizer , uma imensidade de fatores que tendem a acabar ainda mais com o psicológico de qualquer pessoa .

Por outro lado , porque não pegar o carro particular para deslocar –se pelo caos urbano ? Motivo de preço ? Conforto ? Tempo ? Pois bem , não consigo ver vantagem em trocar o carro pelo ônibus , em se tratando de valores . Tenho a nítida impressão de que , quanto mais pagamos pela passagem de “bãs” , mais esperamos na parada ; mais nos submetemos aos massacres já mencionadas . Quanto ao conforto , sem demais comentários , pode –se fazer o que bem entender dentro do veículo particular . Por fim , em ambos os casos , o tempo é o pai de todos os problemas ! A única maneira de fazer o tempo correto é utilizar um transporte aéreo .

Na verdade , estamos longe de uma situação confortável no trânsito de Porto Alegre . Pegar ônibus , sair de carro ; não importa , o fato é que a grande quantidade de pessoas em movimento faz da cidade um inferno . A principal conseqüência disso tudo é a espera . Não tem jeito , é esperar , esperar e esperar .

Fazer o que , se esperamos meses para nascer ?