Nos últimos dias , dois incidentes provocaram um certo desconforto com relação à confiança no serviço público de administração municipal de Porto Alegre . No primeiro deles , o estudante Valtair Jardim de Oliveira 21 , anos , sofreu um choque elétrico em uma parada de ônibus a acabou perdendo a vida . No segundo , Leonardo da Silva Delgado , 19 anos , também perdeu a vida ao derrapar sua moto sobre as britas oriundas de uma obra realizada sem sucesso pelo DMAE .
O que impressiona , nestes dois episódios , não são os acidentes em si ; mas a forma como age o serviço público no trato com as suas obrigações . Quer dizer , ninguém está livre de um acidente . Ele pode acontecer a qualquer momento e pegar todos de surpresa . No entanto , nos casos colocados , não foi o que aconteceu ; a eletricidade estava em contato com a parada , onde o jovem se encostou e morreu ; o piso da pista estava tomado por britas , onde o motoboy perdeu o controle da moto e também morreu . Parece que pensar no futuro é a melhor saída para o serviço público , pagar indenizações às famílias das vítimas pode parecer uma solução , mas não é . Isso porque não adianta tapar o sol com a peneira e continuar cometendo os mesmos erros do passado .
O serviço público precisa estar capacitado para oferecer à sociedade aquilo que ela necessita para o seu bom funcionamento . Evitar acidentes - e , mortes - não é nem um favor dos gestores públicos , mas uma obrigação que precisa , a todo o momento , ser renovada . Este descaso frente à população precisa ter um fim . A administração pública precisa rever os seus conceitos e aprender que zelar pela vida das pessoas pode significar um ponto muito importante para adquirir credibilidade frente ao público .
Por exemplo , dias atrás , um homem fortemente alcoolizado - aparentando ser um morador de rua - estava caído na avenida Carlos Gomes , uma das avenidas mais movimentadas de Porto Alegre . Um médico , que passava pelo local , detectou que tratava – se de um caso grave , em que o homem precisava ser recolhido com urgência a um hospital . Solicitou , então , que sua secretária entrasse – imediatamente – em contato com a SAMU (Serviços de Atendimentos Móveis de Urgência ) para a realização dos primeiros socorros . A surpresa veio quando a secretária explicou a situação e ouviu o seguinte da atendente do SAMU : “Não socorremos neste tipo de situação ! Daqui a pouco o porre passa e ele sai caminhando!” .
Incrível ! Não é um completo descaso com as pessoas , ou um pobre não é uma pessoa ? Não seria um caso de urgência ? O cara estava morrendo ali , como um bicho , e o poder público nada fez ! O SAMU não atendeu à solicitação e o homem foi socorrido por outros meios . Quer dizer , se dependesse do serviço público , o homem já era , estaria morto !
Pois é isso que precisa mudar , não importa a demanda ; a administração pública precisa prestar atendimento , não importa onde e a quem ! Pagamos pesados tributos e queremos o mínimo : presteza e boas intenções . Os órgãos da administração municipal precisam oferecer melhores serviços , já !