quarta-feira, 23 de maio de 2012

Polícia, podemos confiar?


Uma pesquisa recente demonstrou que a população do Rio Grande do Sul, em sua maioria, não confia na polícia. Ora, para que isso aconteça, parece evidente que os cidadãos devem ter lá os seus motivos. No entanto, como não confiar na polícia em um estado tão violento como o nosso? Sabemos que os delinqüentes estão espalhados por todos os cantos da sociedade. Dessa forma, como não esperar do poder público uma ajuda na contenção da criminalidade?
Pois esta é justamente a questão: o poder público. Ainda que a sociedade espere deste uma ação de combate contra o crime, muito se percebe a participação direta de seus representantes com a marginalidade. As armas que desaparecem de delegacias sem requerer explicações é um fato, no mínimo, estranho. E os casos de policiais que negociam regalias com detentos? Mais ainda, aqueles agentes públicos que recebem dinheiro para facilitar a venda de drogas e a livre circulação de bandidos nas grandes cidades do país? Entre tantos outros, são apenas três exemplos.
Atualmente, é aceitável que o cidadão de bem, que paga seus pesadíssimos impostos, não esteja satisfeito com o serviço público; neste caso, os serviços prestados pela segurança pública. Enquanto a corrupção se prolifera e penetra nas relações entre o Estado e o crime, a sociedade fica, cada vez mais, à mercê de suas próprias reações.
Chamar a polícia após um assalto? Pra quê? Talvez o criminoso seja colocado em uma viatura e, após uns “tapas”, seja logo devolvido às ruas. Ou alguém tem a esperança de que a polícia encontrará uma “vaguinha” em uma das casas de detenção; que já se encontram com seus espaços completamente tomados por criminosos de toda a ordem?
Outro fator de importância é a forma como a polícia trata a criminalidade. Para muitos policiais (despreparados, por sinal) todos são suspeitos, devendo receber a mesma forma de tratamento. Em outras palavras, um estudante que volta à noite da aula pode ser abordado como um criminoso. Neste sentido, o poder público altamente despreparado tende a abusar da sua autoridade. Afinal, quantas pessoas já foram abordadas por policiais que os denominaram “chinelo” ou “vagabundo”?
Pois é isso mesmo, tem toda a razão a sociedade em desconfiar cada vez mais da polícia. Na verdade, talvez os moldes de formação e organização dos agentes e órgãos de segurança pública estejam ultrapassados. A antipatia dos cidadãos em relação aos policiais, beira à mesma antipatia em relação ao crime. Neste caso, Estado e crime juntam – se em um só corpo!
Enfim, não adianta colocar um grande número de agentes públicos nas ruas para fazer cumprir a lei se estes agentes não estão preparados para tal função. Parece que formar policiais virou a mesma coisa que criar cães ferozes. Fora a corrupção e outros fatores mostrados neste texto, parece ser este um dos grandes motivos da desconfiança social em relação aos órgãos de segurança pública; à polícia, em especial. O despreparo!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Cidade limpa: um sonho possível!


No início desta semana( se não estou enganado na segunda-feira) estava no centro de Porto Alegre esperando o coletivo para retornar para casa. Todos sabem que o centro é sempre uma área de intenso movimento, onde as pessoas – muitas vezes – caminham com uma pressa realmente impressionante. Em um ambiente como este, é difícil encontrar algo que chame a atenção, pois tudo acontece de forma acelerada.
No entanto, passados uns dois minutos desde a minha chegada, o ato de uma moça me despertou interesse. Era uma moça por volta dos trinta anos de idade, aparentemente. Vestia uma roupa simples e ainda tenho em mente detalhes da sua bolsa escura e levemente danificada.
Na verdade, não tive motivos, mas o fato é que comecei a olhar aquela mulher intensamente. Estava a segui – la com os olhos! Em um determinado momento, ela parou em uma esquina e acendeu um cigarro. Caminhou alguns passos e aproximou – se de um vendedor ambulante: comprou uma pequena garrafa plástica. Não consegui identificar se era água, refrigerante ou suco.
Como o meu coletivo demoraria mais alguns instantes a chegar, permaneci com o rádio ligado e a mochila nas costas, os olhos não saíam daquela mulher. E os minutos foram passando até que chegou um momento em que ela começou a olhar para os lados parecendo procurar alguém. A garrafa já estava vazia e o cigarro liquidado. Neste momento, a moça atravessou a movimentada rua e andou por quase uma quadra inteira. Encontrou o que estava procurando: uma lixeira. Largou a garrafa e os restos do cigarro e dirigiu – se para a sua parada.
Quer dizer, uma atitude louvável e completamente rara. Em situações normais, as pessoas costumam sujar a cidade. Jogar papel de bala pelas janelas dos ônibus ou atirar sujeira pelas ruas é tão normal quanto fumar um cigarro sem respeitar quem está por perto. O exemplo desta moça deveria ser, sempre, seguido: isolou – se para fumar o seu cigarro e andou bastante para não sujar a cidade. Uma atitude brilhante!
Hoje, dias após este ocorrido, sai uma reportagem no jornal demonstrando que a Prefeitura gasta 9 mil R$ por dia para retirar resíduos dos arroios da cidade. Isso quer dizer que as pessoas sujam muito mais do que preservam. Simples assim, basta andar pelas ruas e perceber a sujeira: garrafas, latas, papel de bala, tocos de cigarro e muito mais.
Enfim, enquanto escrevo este texto, provavelmente muitas pessoas estejam sujando e poluindo a cidade. Ao contrário, quando eu andar pela rua, gostaria de ver bons exemplos, quero ver pessoas educadas que, assim como aquela moça,  tenham a educação mínima necessária para manter a cidade limpa. Esse sonho é possível!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Caso Oscar: TST tem de ser soberano!


Tudo vira problema quando os papéis são usados como armas e as práticas são jogadas de lado. O sistema jurídico – burocrático parece servir de pilar para quem detém o poder político e uma forte influência sobre os “donos” do futebol brasileiro.
Passado o dia do trabalho, não pude deixar de lado um caso trabalhista que ganhou traços de um filme. Refiro – me a um caso no qual a imprensa já denominou “novela”: refiro – me ao caso envolvendo o jogador Oscar, do Internacional.
A história é tão simples, que o fiasquento clube do São Paulo resolveu, da noite para o dia, complicá – la. Qualquer criança sem o menor conhecimento em futebol sabe que o jogador Oscar veste a camisa colorada e já se destaca entre os grandes do futebol brasileiro. Atua em um grande clube e defende a camisa da seleção brasileira. No entanto, nem sempre foi assim.
Enquanto pertencia ao São Paulo, o atleta não tinha toda esta projeção. O que o clube paulista resolveu fazer, então? Resolveu fazer aquilo que todo o clube costuma fazer: negociar o jogador.
Neste contexto, por não acreditar no potencial de Oscar, o São Paulo passou o atleta para o Internacional; que o acolheu e o projetou como uma das grandes promessas do futebol no Brasil. Justificando o termo “fiasquento”: agora vem o São Paulo querendo de volta o jogador que pertence ao clube gaúcho; ou - de forma absolutamente mercenária - querendo uma enorme quantia em dinheiro para abrir mão do jogador. Em um golpe de tremendo olho grande, o clube paulista quer Oscar de volta, uma vez que resolveu reconhecer o seu talento.
Sim, esta é a história: prática e real! O resto é papel assinado por pessoas interessadas em prejudicar o Inter, ou o próprio atleta.
Fico a imaginar se  Oscar fosse um jogador comum, razoável. Será que o “grande” São Paulo faria tamanho fiasco para tê – lo de volta? Claro que não, porque os clubes do centro do país só querem craques e títulos – a todo o custo! E, no caso em debate, prejudicar um clube gaúcho, para não perder o costume.
O fato é que Oscar já está à longa data sem poder atuar pelo seu clube, o Inter. Sim, porque o próprio tricolor paulista sabe que Oscar é do Inter; Oscar quer jogar no Inter; quer ficar em Porto Alegre e não quer papo com os paulistas.
O tal fiasco chegou à Justiça do Trabalho!
A influência do TST de nada serve porque o verdadeiro tribunal futebolístico no país da corrupção é a CBF; provavelmente dirigida e representada, politicamente, por muitos cartolas oriundos de clubes do centro do país. Ou seja, do que adianta o TST afirmar que Oscar poderá jogar onde quiser? De nada adianta, pois o São Paulo vai – com o aval da CBF – cobrar dinheiro ou o retorno do jogador; que, outrora, resolveu deixar de lado. Enquanto isso, o atleta ficará impedido de exercer a sua profissão!
No dia do trabalho, uma reflexão: todos têm o direito de trabalhar onde bem entender! O clube paulista não é senhor de nada; e a CBF, muito menos. A decisão do TST precisa ser soberana e respeitada, o resto são papéis usados como armas; como se fosse tão difícil perceber que Oscar é jogador do Internacional.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Refletindo a violência nas escolas!


Este texto surge de uma reflexão entre o texto “A violência na escola: Conflitualidade social e ações civilizatórias” do professor José Vicente Tavares dos Santos e algumas entrevistas realizadas por professores de Ensino Médio que atuam em diversas disciplinas.
Ainda que a complexidade do tema não permita uma abordagem exata, procurei propor algumas reflexões relevantes a partir de algumas respostas que tornaram – se comuns aos professores.
Como o próprio título do texto indica, a “conflitualidade social” vai muito além dos limites da escola. Talvez pelo motivo no qual o professor José Vicente nos indicou: “desencontro entre a instituição escolar e as particularidades culturais das populações pobres das grandes cidades” .
Nas entrevistas coletadas com professores de Ensino Médio de diferentes disciplinas, no que refere – se à violência na escola, percebe – se uma grande preocupação no sentido de que as formas culturais dos alunos precisam ser absorvidas pelos professores. No entanto, grande parte destes professores argumenta que também precisa receber dos alunos um respeito maior.  Segundo José Vicente: “o espaço da violência escolar expressa nas crescentes fraturas nas instituições socializadoras, tais como a família e a escola” . Neste sentido, as famílias também teriam uma importância muito grande no processo de aprendizado das crianças e dos jovens.
Outra questão que também não pode ficar marginalizada, nesta discussão, é a forma como os professores estão tratando o tema da violência com os seus alunos. Estariam eles preparados para tratar sobre tal assunto? A questão me parece não de preparação, mas de iniciativa. Por exemplo, para que os professores trabalhem a questão da violência escolar em sala de aula, é necessário que tenha acontecido algum caso na escola onde trabalham ou locais próximos a ela. Em outras palavras, para grande parte dos professores entrevistados, a violência precisa se fazer presente para que a discussão entre na sala de aula; do contrário, vamos consumindo atos violentos vindos de outras escolas e de outros locais.
Um outro aspecto que foi identificado nas entrevistas foi aquele que se refere à violência contra a pessoa. Neste contexto, os argumentos dos entrevistados estão baseados na forma como a família e o meio social atuam na vida de cada aluno.
Respostas como: “A violência, na maioria dos casos, ocorre porque eles recebem isso dos pais, da mídia, do ambiente em que estão inseridos”; “Uma família que não possui uma estrutura decente para seu filho, certamente refletirá na sua conduta na escola e na sociedade”; e, por fim, “A violência é mais evidente pela crise de autoridade dos responsáveis”; estiveram sempre presentes; direta, ou indiretamente.
Enfim, em uma passagem do texto de José Vicente, ele cita um outro autor que faz uma observação muito relevante ao referir – se à questão da violência: “as regras do mundo da rua se intrometem na vida escolar de forma direta”. Entretanto, para a maioria dos nossos entrevistados, não apenas a rua tem intromissão direta na vida escolar, mas também a família e tudo que envolve a cultura de cada um e o que eles aprendem ao longo do seu desenvolvimento.