quinta-feira, 26 de abril de 2012

O crime a serviço do capitalismo.


A cada dia que passa, confesso que o meu pensamento em relação à criminalidade é de muito pessimismo. Não tenho motivos para crer em uma possível melhora; o Estado, que deveria garantir uma harmonia social, está com as suas estruturas abaladas.
E quando falo em “estruturas abaladas”, refiro – me a aspectos políticos, econômicos, sociais e ideológicos da sociedade moderna enquanto ente protegido ( ou não ) pelo Estado.
Atualmente, o Estado utiliza – se de argumentos econômicos para justificar a perceptível falta de investimentos em segurança pública. Os cidadãos de bem colocam grades em suas casas e nela permanecem como nunca antes; por outro lado, os crimes não param de crescer! A omissão dos governantes é tamanha que, de longa data, já atinge as casas prisionais e, conseqüentemente, o processo de resocialização dos detentos.
Para ficar um pouco mais a par desta situação, basta acompanhar de perto os polêmicos debates nos quais o foco principal é o Presídio Central, em Porto Alegre. Fala – se em privatizar tal presídio, como se essa atitude viesse a proporcionar lucro em um futuro nem tão distante; a essência do capitalismo.
No entanto, a questão não pode ficar restrita a problemas econômicos. Ideologicamente, o Estado brasileiro ( e aqui acredito ser a grande maioria dos estados da federação ) trata a criminalidade como uma obrigação. Neste sentido, preocupa – se em punir um delinqüente, mas jamais cogitou a possibilidade de participar ativamente no desenvolvimento e projeto de vida deste indivíduo. Portanto, o Estado põe em prática uma omissão que tende a acentuar ainda mais a criminalidade na sociedade.
Um fator de grande relevância: o tráfico de drogas. Funciona como uma grande empresa que sonega impostos. Ou seja, vende o seu produto ilegalmente (a droga ) e movimenta uma considerável soma de dinheiro entre a sociedade ( como aval de interessados no esquema, é claro: traficantes, policiais e políticos corruptos, entre outros ). Talvez nada possa ser mais importante para o sistema capitalista: colocar bastante dinheiro em circulação e proporcionar a luta incansável em busca do lucro!
Por fim, o Estado não cumpre com o seu dever por um motivo bem simples: ele está com todo o seu aparato político e administrativo voltado para o sistema capitalista! Todos querem dinheiro e sabem que segurança pública não pode satisfazer tal desejo. Assim sendo, investe a verba oriunda da maior carga tributária do Mundo naquilo que lhe convém. Então, o que lhe convém, mesmo? Respondo: tudo aquilo que pode silenciar um povo que pratica mergulhos no Guaíba achando que está em Fernando de Noronha.
Enquanto tudo isso acontece, vamos continuar levando a vida por entre as notícias e testemunhos de assaltos, assassinatos e crimes de variadas espécies. Tudo com o aval do nosso omisso e “cego” Leviatã.

sábado, 14 de abril de 2012

Um sonho real.


Rivaldo sonhava em ser um jogador de futebol; mas não um simples jogador de futebol, queria ser “aquele” jogador de futebol. Inspirado em estrelas como Pelé, Zico, Maradona e muitos outros, resolveu investir na carreira de jogador de futebol profissional. Trocou o seu velho tênis com biqueiras por um par de chuteiras brancas, com as travas quase “saindo desta para uma melhor”.

Seu par de meias era tamanho “P”, a ponto de não cobrir a mais curta das caneleiras. A camisa, por sua vez, era amarela. Sim, toda amarela com um número pintado nas costas na cor verde. O número era o preferido de Rivaldo, o 10. Era apaixonado por este número, razão pela qual resolveu pintar, em casa, a sua camiseta.

Por último, o calção! Sim, alguém já ouviu falar em uniforme de futebol sem dizer o “estilo” ou a “cor” do calção? Pois é, Rivaldo tinha um calção branco com pingos bem distribuídos na cor preta. Amigos de infância contavam causos sobre as possíveis origens dos pingos presentes no calção de Rivaldo; uns diziam que ele próprio havia decorado o calção; outros, que ele havia manchado durante uma tentativa de pintar uma pequena porta, em seu antigo casebre.

Pois, caros, era neste estilo que o nosso amigo sonhava em ser um jogador de futebol. Entrar em um estádio lotado, bandeiras para todos os lados e a voz dos torcedores em alto e bom som: Rivaldo! Rivaldo!

Treinar cobranças de faltas com bola de papel já estava se tornando coisa do passado. Agora, Rivaldo já era um atleta profissional do futebol, marcava gols lindos tal como suas estrelas! Via fotos suas pelas capas de jornais do mundo inteiro. Alguns o chamavam de “rei”; outros, “imperador”, mas ainda, “exterminador”.

Rivaldo era o cara. O mundo jamais viu atleta tão perfeito! Jogador com técnica exemplar, ótimo toque de bola e conclusões perfeitas! O mundo aos seus pés. Hei, hei, hei, Rivaldo é o nosso Rei! O som da torcida invadia o quarto e abafava qualquer outro que cruzava o seu caminho.

Hei, hei, hei, Rivaldo é o nosso Rei!

E foi dessa forma que o nosso “rei” abortou a missão de ser o atleta dos sonhos. Havia conquistado o mundo e estava em lua de mel com a sua felicidade. Era o momento de parar. Precisava trilhar outros caminhos; por isso, resolveu ele, estudar! Queria ser médico veterinário; tratar dos animais, que julgava ele: eram mais inteligentes do que os homens.

Com o passar do tempo, Rivaldo tornou-se um dos médicos veterinários mais conceituados do país. Suas fotos não estavam mais espalhadas pelos jornais do mundo inteiro. A torcida já não gritava o seu nome, por um motivo bem simples: o seu sonho era completamente diferente da sua realidade.

Mas sonho e realidade, qual dos dois pode fazer um homem mais feliz? Esta pode ser uma pergunta tão rara quanto encontrar fama e 1,5 milhão em um canal de televisão!

Rivaldo tem a resposta; talvez, eu também tenha a resposta; mas e você, já parou – um segundo – para pensar nisso? -