quinta-feira, 30 de maio de 2013

Qual o preço da destruição?



“ASSIM FAZIAM, INICIALMENTE, OS NAZISTAS. MANTINHAM UMA FACHADA DE LEGALIDADE PARA NÃO CHOCAR "OS HOMENS DE BEM" E PROMOVIAM SUAS AÇÕES VIOLENTAS DE SEQUESTRO, ASSASSINATO ETC. NA CALADA DA NOITE, QUANDO NINGUÉM PODIA VER. NO OUTRO DIA "TAVA FEITO" E O SILÊNCIO DA CUMPLICIDADE COMPLETAVA A TRAGÉDIA. SE TIVESSEM QUE CORTAR ÁRVORES QUE DEVIAM SER PROTEGIDAS, FARIAM DESSA MANEIRA.”
Edir Vieira Filho – Professor

Incrivelmente, os aparatos repressivos do Estado, com todo o seu arsenal e o seu evoluído preparo, invadiram a madrugada. Sim, como os morcegos sanguinários e famintos! Não interessa o que passa pela cabeça de um policial que segue ordens. Ele não ganha um salário “exemplar” para pensar no certo ou errado; muito menos para pensar no que seja justo ou injusto. Seu papel é prestar serviço, cegamente, a alguém.
O fato é que muitos deles (Policiais) deixaram os seus lares, na calada  da noite, para cumprir ordens vindas de cima, dos seus superiores. Com certeza, muitos deles não queriam estar ali; jamais gostariam de pegar em armas para se tornarem cúmplices do desmatamento, verdadeiros cúmplices da destruição. Ainda que não tenha sido preciso pegar em armas, eles garantiram a derrubada das árvores naquela madrugada! São, portanto, cúmplices e deram a sua contribuição para que o desmatamento fosse possível.
Atualmente, os moradores de Porto Alegre têm convivido com muitos transtornos de tal forma que percebem suas rotinas sendo bruscamente alteradas. Então, os governantes defendem a quebradeira da cidade argumentando que é tudo temporário; mais ainda, é por um bom motivo! Por outro lado, os eventos esportivos que virão não podem servir de justificativa relevante, uma vez que a cidade se encontra “quebrada” de longa data.
Explico: busque dar uma caminhada pelo centro da cidade. Nas principais ruas, as calçadas estão desniveladas e muitas apresentam as lajotas quebradas! Saindo do centro, arrume uma bicicleta e tente transitar pelas vias asfálticas da Protásio Alves, Bento Gonçalves ou Ipiranga. Parece claro que, em virtude dos problemas estruturais, (Buracos na pista) a vida útil da suspensão da sua bicicleta será consideravelmente reduzida.
Neste contexto, com tantos outros problemas estruturais (E nem me refiro à Saúde, Educação, Segurança etc...) não seria o caso de dar maior atenção aos locais onde a circulação de pessoas é bem mais considerável? Pois é, busca – se reforma para onde circulam os veículos, mas não para onde circulam os cidadãos!
Meu questionamento é sobre a importância de mobilizar tantas pessoas, no período da madrugada, para derrubar árvores e justificar como projeto de reforma estrutural para a Copa. Se a polícia sabia que usaria a força (Correu muitos acampados e prendeu diversos manifestantes) que diferença faria de madrugada, de manhã ou à tarde? Então, utilizaram a tática de muitos criminosos: atuaram em quanto a sociedade dormia um cego e utópico sono no interior dos seus lares. Daí, ninguém vê e nem questiona a ação! Percebem como tudo fica mais fácil, na madrugada!
O fato é que muitos manifestantes foram presos, no momento em que tentavam impedir a derrubada das árvores. Neste ínterim, não restam dúvidas de que os governantes já não têm mais interesse em se dedicar a negociar em situações mais complexas com os movimentos sociais. Portanto, com o aval da “Justiça” (Muitas vezes coorporativa, que defende lá os seus interesses) e protegidos por homens armados, a Prefeitura acaba com a história e coloca várias árvores abaixo, no chão!
Enfim, Porto Alegre sempre foi uma cidade sucateada e os prefeitos, apoiados (Sempre) por seu extenso cordão de puxa – sacos, jamais fizerem algo no sentido contrário. Agora, aparecem alguns eventos esportivos e começa a quebradeira com pedidos de “paciência” aos cidadãos e promessa (Muito conhecida, no sistema político brasileiro) de “melhoras” no futuro? Por favor, parem com isso!
Sinceramente, não sei onde vamos parar da forma como as “coisas” acontecem. Dias atrás, políticos corruptos foram presos por suposto envolvimento  com fraudes em licenças ambientais.
Então, pergunto: não é preciso licença ambiental para realizar obras, derrubar árvores e causar transtornos à população? Em outras palavras: qual o preço da destruição?


segunda-feira, 20 de maio de 2013

A fome e a vontade de comer!



Um assunto de importância é aquele que ultrapassa a fronteiras das redes sociais, a grande - e nada imparcial - imprensa e atinge a cada indivíduo, isoladamente. Em especial, quando estamos tratando de Saúde Pública, a atenção deve ser ainda mais destacada. Neste contexto, gostaria de trazer uma reflexão sobre a grande polêmica que está acontecendo na sociedade brasileira a cerca da contratação de milhares de médicos que virão do exterior para atuarem em cidades interioranas, aqui no Brasil.
O título deste texto não parece, ou não tem nem uma relação com tal assunto, mas no decorrer do seu desenvolvimento, conseguiremos ter uma percepção melhor da relação Título / Texto. Pois bem, deixo, desde já, claro que não estou saindo em defesa dos médicos que já atuam no Brasil (Pelo menos nas grandes cidades e muitos no interior), bem como a suas corporações, que já os defendem com unhas e dentes. Muitos menos, a intenção destas palavras é aprovar a iniciativa das autoridades, que ao longo de séculos de negligência transformaram a saúde pública neste caos!
Vamos aos fatos!
Alguém poderia imaginar a contratação de milhares de agentes penitenciários para exercer as suas atividades em presídios sem aparelhamentos suficientes ou comandados por forças criminosas, sem a menor segurança? Mais ainda, alguém poderia imaginar (E creio que isso já esteja acontecendo) um concurso para a contratação de milhares de professores para exercerem a suas atividade em escolas precárias, onde muitas delas não apresentam nem um “quadro negro” de qualidade para os mestres trabalharem?
Pois é isso mesmo, desculpem a ignorância, que penso estar acontecendo com essa tal contratação de milhares de médicos para trabalharem nas cidades do interior do Brasil. Penso que o sistema de saúde das grandes cidades já sofre muito com a falta de recursos investidos pelo governo, imaginem em cidades mais afastadas dos grandes centros urbanos! Para comprovar esta análise, basta perceber quantas pessoas realizam uma imensa peregrinação de suas cidades em busca de atendimento nos hospitais melhores aparelhados de Porto Alegre, por exemplo.
E isso ocorre por quê, senhores? Não acredito que seja por falta de profissionais, mas sim pelo simples fato de muitos pacientes se encontrarem como problemas de saúde que não baste o mínimo para resolver. Em outras palavras, qualquer atendimento um pouco menos estável requer a transferência para atendimentos mais complexos, com estruturas mais complexas, que os hospitais do interior jamais possuíram.
Junte – se a isso (Fome – falta de investimento do governo em estrutura na Saúde Pública, precarizando cada vez mais atendimentos de maior complexidade), também as expectativas dos médicos estrangeiros de conseguir um emprego fora de seus países (Vontade de comer – melhor expectativa de vida). Dessa forma, parece claro que os estrangeiros estejam dispostos a deixarem suas pátrias por não receberem ofertas onde possam exercer suas atividades, mesmo que recebam pouco para isso.
Por fim, a minha visão é de que contratar agentes penitenciários é muito mais fácil do que construir presídios e aparelhar o sistema, buscando a sua melhoria Realizar concursos visando à contratação de professores é muito mais fácil do que oferecer escolas dignas, com estruturas adequadas que garantam um ensino de qualidade. No caso em análise, parece muito mais fácil (Diga – se mais barato) trazer estrangeiros dispostos a exercerem a atividade médica, mesmo que equipamentos estejam em situação precária, mesmo que pacientes em estados mais graves continuem morrendo por falta de atendimentos mais complexos.
Retirados os debates entre entidades médicas e prefeitos; debates ideológicos que estão propagando um show de humor via redes sociais, acredito que esta contratação de estrangeiros não vai melhorar o sistema de Saúde Pública. Sabem porquê, amigos? Porque a saúde é como o esporte (E aqui refiro – me à Copa do Mundo), não basta ter mão – de – obra barata, é preciso profissionais de qualidade e, muito mais, investimentos em estruturas para que possamos trabalhar com um sistema de Saúde Pública eficiente e competente e de qualidade.