sábado, 3 de junho de 2023

Direitos humanos para humanos direitos.

Direitos humanos para humanos direitos.

Hoje acordei ao longo da madrugada.

Sem sono, abri o primeiro livro que me veio pela frente. Sentia meu corpo cansado, sem a menor condição de levantar da cama. No entanto, eu tinha a percepção que logo precisaria estar de pé e bem apresentado para o meu primeiro dia de trabalho no emprego novo.

E as horas foram se passando; das 2 horas até as 6, foram 4 horas que voaram praticamente na velocidade da luz. 


        No fim da história, optei por deixar de lado o livro que eu pegara para refletir apenas sobre a primeira frase que eu lera por entre aquelas páginas: “direitos humanos para humanos direitos”.
        Confesso aos meus caros amigos e leitores que não foi nada fácil carregar essa reflexão ao longo do dia e, ainda por cima, absorver o aprendizado sobre as inúmeras tarefas que eu estava aprendendo no meu mais novo emprego de Auxiliar de Serviços Gerais. A verdade é que essa frase não me era nem um pouco estranha: “direitos humanos para humanos direitos”.

Então, lembrei de diversos amigos que crucificam as instituições e organismos internacionais de defesa dos direitos humanos argumentando que a função delas é apenas “defender vagabundos”. Ora, refleti sobre isso até mesmo enquanto era orientado de que deveria limpar os resquícios de fezes e urina constantes no piso do banheiro, bem como na tampa do vaso sanitário do banheiro do escritório. Sim, esqueci de comentar: meu novo emprego é em um conceituado e luxuoso escritório de advocacia!

Só gente fina, elegante e sincera!

Voltando aos “direitos humanos para humanos direitos”, não entendo porque motivo, fiz uma comparação entre as fezes que eu teria, cotidianamente, de limpar com esse pensamento tão superficial de pessoas preguiçosas, incapazes de, ao menos, ler uma notícia completa e não apenas o seu título, na maioria das vezes direcionado. Se paramos para pensar, os devaneios fazem sentido.

Vejamos: muitos falam que os direitos humanos devem ser dirigidos apenas aos “humanos direitos”! Tudo certo, afinal de contas, a ignorância e a imbecilidade se proliferam implacavelmente neste mundo contemporâneo dos achismos vulgares e da fakes cibernéticas. Tanto é verdade que, quando se questiona o que é ser um “humano direito”, a galerinha do moralismo barato e dos bons costumes fajutos dão aquela titubeada pra responder!

Ou seja, além de não saber absolutamente nada acerca da importância dos direitos humanos em um mundo tão miserável, injusto e desigual, acabam se enrolando no próprio preconceito e se afogando na própria ignorância.

Como disse no começo deste texto: hoje acordei de madrugada! Aquele silêncio que penetrava chegava a trazer medo de tanta falta de vozes trazendo vida. Tenho noção de que as questões acerca dos direitos humanos me cercarão, talvez, ao longo de toda a minha vida.

No entanto, fico a pensar comigo mesmo sobre as pessoas e seus pensamentos: será que essas pessoas que defecam nos arredores do sanitário e urinam fora dele são as mesmas que defendem a ideia de que os direitos humanos deveriam ser apenas para os humanos direitos?

Enfim, jamais perderia a tranquilidade com tal questão, até porque o conhecimento está disponível pra quem o desejar, da mesma forma que a desinformação e a ignorância! Tudo é uma questão de escolha e grau de alienação: basta perceber, por exemplo, que diversas pessoas que apoiaram os atos golpistas em janeiro deste ano criticaram a presença recente de um ditador aqui no Brasil! Se isso não é, no mínimo, contraditório, talvez já esteja no momento de cultuar a falta de higiene como algo benéfico, humanamente relevante e, pasmem: bonito!