Direitos
humanos para humanos direitos.
Hoje
acordei ao longo da madrugada.
Sem
sono, abri o primeiro livro que me veio pela frente. Sentia meu corpo cansado,
sem a menor condição de levantar da cama. No entanto, eu tinha a percepção que
logo precisaria estar de pé e bem apresentado para o meu primeiro dia de
trabalho no emprego novo.
E as horas foram se passando; das 2 horas até as 6, foram 4 horas que voaram praticamente na velocidade da luz.
No fim da história, optei por deixar de lado o livro que eu pegara para refletir apenas sobre a primeira frase que eu lera por entre aquelas páginas: “direitos humanos para humanos direitos”.
Então,
lembrei de diversos amigos que crucificam as instituições e organismos
internacionais de defesa dos direitos humanos argumentando que a função delas é
apenas “defender vagabundos”. Ora, refleti sobre isso até mesmo enquanto era
orientado de que deveria limpar os resquícios de fezes e urina constantes no
piso do banheiro, bem como na tampa do vaso sanitário do banheiro do
escritório. Sim, esqueci de comentar: meu novo emprego é em um conceituado e
luxuoso escritório de advocacia!
Só
gente fina, elegante e sincera!
Voltando
aos “direitos humanos para humanos direitos”, não entendo porque
motivo, fiz uma comparação entre as fezes que eu teria, cotidianamente, de
limpar com esse pensamento tão superficial de pessoas preguiçosas, incapazes de,
ao menos, ler uma notícia completa e não apenas o seu título, na maioria das
vezes direcionado. Se paramos para pensar, os devaneios fazem sentido.
Vejamos:
muitos falam que os direitos humanos devem ser dirigidos apenas aos “humanos
direitos”! Tudo certo, afinal de contas, a ignorância e a imbecilidade se
proliferam implacavelmente neste mundo contemporâneo dos achismos vulgares e da
fakes cibernéticas. Tanto é verdade que, quando se questiona o que é ser um “humano
direito”, a galerinha do moralismo barato e dos bons costumes fajutos dão
aquela titubeada pra responder!
Ou
seja, além de não saber absolutamente nada acerca da importância dos direitos
humanos em um mundo tão miserável, injusto e desigual, acabam se enrolando no
próprio preconceito e se afogando na própria ignorância.
Como
disse no começo deste texto: hoje acordei de madrugada! Aquele silêncio que penetrava
chegava a trazer medo de tanta falta de vozes trazendo vida. Tenho noção de que
as questões acerca dos direitos humanos me cercarão, talvez, ao longo de toda a
minha vida.
No entanto,
fico a pensar comigo mesmo sobre as pessoas e seus pensamentos: será que essas
pessoas que defecam nos arredores do
sanitário e urinam fora dele são as mesmas que defendem a ideia de que os
direitos humanos deveriam ser apenas para os humanos direitos?
Enfim,
jamais perderia a tranquilidade com tal questão, até porque o conhecimento está
disponível pra quem o desejar, da mesma forma que a desinformação e a
ignorância! Tudo é uma questão de escolha e grau de alienação: basta perceber,
por exemplo, que diversas pessoas que apoiaram os atos golpistas em janeiro
deste ano criticaram a presença recente de um ditador aqui no Brasil! Se isso
não é, no mínimo, contraditório, talvez já esteja no momento de cultuar a falta
de higiene como algo benéfico, humanamente relevante e, pasmem: bonito!