quinta-feira, 3 de março de 2022

Ambulantes e o crime.

      Hoje assisti a imagens lamentáveis onde uma vendedora ambulante tinha os produtos que garantem o seu sustento e o de sua família sendo recolhidos pela fiscalização. É difícil ter de engolir o fato de que uma pessoa não possa trabalhar porque é ambulante ou porque vende produtos que não podem ser comercializados por carecer de originalidade. Por outro lado, tal fiscalização não costuma ocorrer com empresas criminosas que sonegam milhões em impostos, escondem grande parte de suas fortunas em paraísos fiscais, não geram empregos ( Sobrecarregando funcionários! ) e acumulam muito dinheiro.

     Atualmente, a questão do desemprego tem levado miséria e tristeza para milhares de famílias brasileiras. O mercado, de tão sujo e explorador, exige uma quantidade notável de requisitos para a obtenção de uma vaga de trabalho. Cada vez mais apavorados com a situação econômica em geral, os trabalhadores se atiram nas oportunidades que aparecem, mesmo sabendo que o patrão pagará um salário miserável para proteger os seus lucros e status burguês. Mas, e quando o mercado nega uma oportunidade? O que fazer enquanto permanecemos encorpando o conhecido "exército de reserva", como diria o tão criticado K. Marx?

     Aí, senhores, entra a história dos vendedores ambulantes, muitas vezes tratados como bandidos e criminosos pelos aparatos repressivos do estado. Muitos lojistas "legalizados" reclamam de concorrência desleal por parte dos vendedores ambulantes por causa dos produtos piratas, vendidos a preços bem abaixo daqueles vendidos nas lojas de grifes, cujos donos, através de sua inconsequente acumulação de capital, dão aquela mãozinha básica para a propagação cada vez maior do desemprego.

     O curioso caso de um país onde o sistema alavanca, cada vez mais, a desigualdade!

     Se tem uma pessoa pedindo ajuda na sinaleira é porque não quer trabalhar! Quando aparece uma criança vendendo bala, rapadura etc ... é para sustentar o vício em drogas e bebidas dos seus pais ou responsáveis!

     A verdade é que sempre guardamos certo preconceito com quem está na rua se virando. Ambulantes passam o dia enfrentando o sol e a chuva, intempéries naturais! Não apenas, mas também precisam driblar os fiscais que só atuam no impedimento laboral às classes mais baixas da sociedade. Pra tirar meia dúzia de produtos que alimenta famílias inteiras chegam rapidinho, fardados, armados, impondo o medo e a opressão. 

     Enquanto isso, as elites econômicas que sonegam milhões ou mais em impostos vendem a moralidade a toque de caixa. São bandidos,
de fato, mas só conseguem perceber crime em atos alheios; no caso, nos atos dos vendedores ambulantes! Pensam que a concorrência é desleal por migalhas ao mesmo tempo em que tratam os seus funcionários como objetos descartáveis.

     Enfim, ou as leis e fiscalizações tratam de atingir todos os setores da sociedade de forma igualitária; ou teremos ainda mais desemprego, falta de oportunidades e miséria, o que faz aumentar cada vez mais o índice de criminalidade no Brasil e no mundo. Por falar nisso, proponho uma fechada de cerco aos grandes lojistas de luxo, onde vendem produtos que custam por volta de um salário mínimo brasileiro! 

     Que tal?