Em um
determinado momento de minha vida, tive a oportunidade de presenciar um ato
que, sinceramente, me pareceu repugnante. Era um dia de verão, por voltas das
15 horas da tarde e fazia calor. Na verdade, puxava algumas notas e alguns
objetos do bolso enquanto o elevador subia carregando mais um advogado malandro
que mantinha um escritório de advocacia no prédio e seu ingênuo cliente que,
naquele momento, parecia um “penico”, onde o magnata urinava como se estivesse
no banheiro de sua residência.
Parece
certo que o assunto dos dois não me parecia nem um pouco interessante, até
porque tratava – se de comentários tecidos acerca de uma audiência que ambos teriam
participado instantes antes. Até que, em determinado momento, o advogado, em
tom exaltado, diz ao seu cliente: “Acorda, o mundo é dos espertos!”
Pois,
vejam só, caros leitores: a partir deste momento parei tudo o que estava fazendo
e resolvi dedicar absolutamente toda a minha atenção aos dois outros que
dividiam aquela porção de território comigo. A frase: “Acorda, o mundo é dos
espertos!” tirou – me do estado indiferente e a vestimenta elegante do “adeva”
me fez perceber o quanto somos movidos à aparências.
Ademais,
é certo que a essência é algo ultrapassado na nossa sociedade. Tanto dentro do
lar, como fora dele, viver uma mentira é o normal! Não importa a foto de
amanhã, no Instagram: mas ela precisa aparentar alguma coisa. Ela precisa
vender a imagem que está tudo bem, que tudo é felicidade e alegrias! Assim,
vamos brincar de ser feliz e mostrar ao mundo que somos as criaturas mais alegres
e lindas do mundo, mesmo que ao cair na cama, o nosso subjetivo quase exploda
de tantas falcatruas e falsidades acumuladas!
Voltando
ao tema do texto, a simplicidade do cliente me fez sentir vergonha, confesso!
Mas
não vergonha pela sua simplicidade, mas pelo fato de ser o cliente “dorminhoco”
de um homem que dedica boa parte da sua vida para estudar as leis e os ordenamentos
jurídicos para, no final da história, fazer o seu cliente mentir para sair
vitorioso da audiência e se vangloriar por isso. É óbvio que as artimanhas e estratégias
do juiz e da parte contrária fizeram quedar os planos do advogado que se
julgava esperto.
E o
pior de tudo, caros amigos, é ter que engolir os argumentos do advogado que
cobrava do seu cliente a malandragem, a falsidade e tudo o mais que os
falcatruas fazem para tocar adiante uma sociedade tão suja como a nossa.
Por
fim, o mundo está repleto de mentirosos, enganadores e artistas de toda a sorte!
Representar uma condição positiva dentro de um universo negativo parece que se
tornou normal em uma comunidade desprovida de moral. Infelizmente, vivemos mil
vezes mais de aparência: mais vale ser um advogado (Um “cabra”, nata da
sociedade!) mentiroso, que ostenta luxo e poder econômico do que o pobre
cliente, que muitas vezes trabalha com dignidade e vive honestamente e gasta uma
quantia considerável para pagar honorários e demais despesas para que possa
garantir que a “Justiça” seja feita.