terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

1986 , o carnaval inesquecível .

A Ana conheceu o seu primeiro evento de carnaval aos seus curtíssimos nove anos . Sua mãe era daquelas foliãs que não perdia tempo e fazia da sua vida as festas à fantasia . Passava o ano inteiro pensando e arquitetando de que maneira curtiria esta festa cultural que todo o ano movimenta este país tropical . Em uma destas festas , quando a menina já havia completado onze anos , a mãe resolveu fantasiar a pequena de cobra e levá – la para uma festa de desfiles de blocos , que aconteceria na rua onde a família morava .

Parece claro que uma criança de onze aninhos não possui um cuidado e uma experiência que os mais velhos carregam em suas bagagens . Passou a metade da noite conversando com Arialdo , um rapaz de quinze primaveras que tocava surdo na bateria de um dos blocos .

Apesar de seus onze anos , Ana era uma menina muito bonita , os olhos eram mais azuis do que o Olímpico em dia de jogos decisivos ; seus cabelos , mais lisos do que uma camisa de seda . Uma pessoa muito brincalhona que , por vezes , deixava escapar o seu ar de arrogância .

Arialdo conversava com Ana de forma empolgada , parecia que a presa estava caindo em suas armadilhas . Mais um pouco , a azaração surtiria efeitos . Mas esta “pouco” não aconteceu e a menina começava a cuspir o seu ar de arrogância para cima do pobre rapaz ; que , percebendo , resolveu tirar o time de campo .

Esta festa tinha acontecido no ano de 1986 , sete anos antes da pequena Ana completar os seus dezoito e se tornar uma linda mulher . Arialdo nunca mais tinha atravessado o caminho de Ana , até o próprio carnaval de 1994 . Sim , naquele ano em que seleção brasileira conquistaria o tetra no futebol !

Arialdo já não gostava mais de tocar surdo , preferia se recolher com amigos em algum lugar e ficar trocando idéias , paquerando as moças que chegavam por perto . Foi quando uma mulher lhe tocou o ombro e lhe sussurrou ao ouvido : “chegue comigo , preciso lhe falar !” Isso mesmo , leitor : era Ana ! Maravilhosa ; sem nem uma fantasia , mas com uma linda roupa a mostrar – lhe as formas .

Arialdo estremeceu , ( Ela é muito linda ! Pensava ) não acreditava no que acontecia , ao mesmo tempo em que sabia conhecer a mulher de algum lugar .

_ Você não se chama Arialdo ? Tocava surdo na bateria de um bloco , anos atrás ?

_ Sim , sou eu mesmo ! Mas você deve ser ...

Os dois , como na festa de 1986 , passaram longo tempo conversando e relembrando daquele momento que haviam vivido juntos . Pareciam bons amigos , mas os sorrisos indicavam outro caminho . Ana já não mais possuía aquele ar arrogante , a vida deve ter dado alguma lição . Arialdo também amadurecera a escutava mais as pessoas ; enfim , tinha aprendido a ter mais paciência .

Conversas e mais conversas , e um beijo aconteceu : os dois já não eram apenas bons amigos . A linda Ana e Arialdo estavam empolgados , como na primeira vez . No entanto , muito mais maduros e prontos para uma relação mais séria . Uma relação que só o tempo pode preparar qualquer criança . Mas o tempo , ele precisa ser preenchido , nem que seja de saudade . A vida de Ana haveria de ter uma vazio por alguns anos :

“_ Arialdo , preciso confessar – lhe : nunca esqueci de você desde aquele último carnaval em que tivemos juntos !E sei que a espera valeu a pena !”

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