Faltavam exatos vinte minutos para a meia noite. Caia
uma fina chuva sobre Porto Alegre, cidade onde o inverno balançava a mente mais
adormecida dos gaúchos mais apaixonados. E foi neste ambiente gelado e chuvoso
que o tal “Fininho” resolveu atravessar a cidade para fazer uma surpresa a sua
grande paixão.
Isadora era uma linda mulata. Carregava o brilho dos
seus vinte e sete anos de idade e vivia em um bairro da periferia da capital do
Rio Grande do Sul. Apreciava uma boa leitura, apesar de jamais ter concluído o
ensino fundamental. Passava mais de oito horas por dia trabalhando como
atendente em uma pequena farmácia localizada no centro da cidade. E foi
justamente no seu local de trabalho que conheceu o tal “Fininho”.
Um certo dia, Isadora contava um dinheiro que uma
cliente havia pagado por um caríssimo remédio para doença cardíaca. Não fosse a
chegada do tal “Fininho”, a moça conseguiria executar com sucesso a sua tarefa
de guardar o dinheiro na pequena gaveta do caixa. Pois, que, exatamente neste
momento, um rapaz aponta uma arma para a cabeça da moça que entra em estado de
pânico e cai desacordada por detrás do balcão da farmácia. Foi neste momento que
começou uma bonita história de amizade entre o tal “Fininho” e a atendente de
farmácia Isadora!
É normal que
uma pessoa cansada de conviver com o clima violento de Porto Alegre pense que a
primeira atitude de um criminoso seja fugir com a grana roubada da sua vítima.
Naquela tarde de março, não foi bem o que aconteceu. Não só o assaltante
resolveu prestar atendimento à mulher caída, como resolveu colocá – la para
dentro de um táxi e levá – la para um hospital mais próximo.
O tal “Fininho” não arredou pé da emergência do
estabelecimento enquanto não teve a certeza de que a moça estava em bom estado
de saúde. Então, resolveu descer para fumar um cigarro e comprou flores para a
moça. Sim, um criminoso também pode oferecer flores a uma dama!
Duas horas depois do assalto, medicada e aliviada do
medo causado pelo difícil momento em que havia passado, finalmente Isadora
acorda no quarto 103. Flores lindas em tons vermelho encontravam – se colocadas
ao lado da televisão, sobre um pequeno armário. Algum bilhete? Nada! Um
admirador misterioso? Talvez!
O fato é que o tempo passou e o tal “Fininho” não
mais havia cometido nenhum ato fora da lei. Resolveu procurar um justo emprego,
começava a amadurecer em sua mente a idéia de constituir uma família. Pensava
em ver seus filhos correndo pela casa enquanto ele e sua esposa trocavam
beijos! Tudo era sonho. E este sonho chamava – se: Isadora!
Dois anos depois, a moça já havia largado de
trabalhar na farmácia e resolveu voltar a estudar! Estava buscando terminar o
ensino médio e almejava a faculdade. Após as aulas, pegava o ônibus a retornava
ao lar para estudar.
E foi em uma dessas linhas que os dois voltariam a se
encontrar. O tal “Fininho” recordou – se de Isadora, mas ela nada exatamente
lembrava sobre o rapaz. Ele se omitia da sua verdadeira história. Os dois
conversaram como se velhos amigos fossem e foi natural que um sentimento forte
fosse nascendo entre eles.
Faltavam exatos vinte minutos para a meia noite. Caia
uma fina chuva sobre Porto Alegre, cidade onde o inverno balançava a mente mais
adormecida dos gaúchos mais apaixonados. Isadora começava e lembrar daquele
terrível dia. O momento daquele assalto e o protagonista ! Tudo isso vinha à
mente. E foi neste ambiente gelado, reflexivo e chuvoso que o tal “Fininho”
resolveu atravessar a cidade para fazer uma surpresa a sua grande paixão.
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