sábado, 4 de agosto de 2012

Vinte minutos para a meia noite.


Faltavam exatos vinte minutos para a meia noite. Caia uma fina chuva sobre Porto Alegre, cidade onde o inverno balançava a mente mais adormecida dos gaúchos mais apaixonados. E foi neste ambiente gelado e chuvoso que o tal “Fininho” resolveu atravessar a cidade para fazer uma surpresa a sua grande paixão.
Isadora era uma linda mulata. Carregava o brilho dos seus vinte e sete anos de idade e vivia em um bairro da periferia da capital do Rio Grande do Sul. Apreciava uma boa leitura, apesar de jamais ter concluído o ensino fundamental. Passava mais de oito horas por dia trabalhando como atendente em uma pequena farmácia localizada no centro da cidade. E foi justamente no seu local de trabalho que conheceu o tal “Fininho”.
Um certo dia, Isadora contava um dinheiro que uma cliente havia pagado por um caríssimo remédio para doença cardíaca. Não fosse a chegada do tal “Fininho”, a moça conseguiria executar com sucesso a sua tarefa de guardar o dinheiro na pequena gaveta do caixa. Pois, que, exatamente neste momento, um rapaz aponta uma arma para a cabeça da moça que entra em estado de pânico e cai desacordada por detrás do balcão da farmácia. Foi neste momento que começou uma bonita história de amizade entre o tal “Fininho” e a atendente de farmácia Isadora!
É  normal que uma pessoa cansada de conviver com o clima violento de Porto Alegre pense que a primeira atitude de um criminoso seja fugir com a grana roubada da sua vítima. Naquela tarde de março, não foi bem o que aconteceu. Não só o assaltante resolveu prestar atendimento à mulher caída, como resolveu colocá – la para dentro de um táxi e levá – la para um hospital mais próximo.
O tal “Fininho” não arredou pé da emergência do estabelecimento enquanto não teve a certeza de que a moça estava em bom estado de saúde. Então, resolveu descer para fumar um cigarro e comprou flores para a moça. Sim, um criminoso também pode oferecer flores a uma dama!
Duas horas depois do assalto, medicada e aliviada do medo causado pelo difícil momento em que havia passado, finalmente Isadora acorda no quarto 103. Flores lindas em tons vermelho encontravam – se colocadas ao lado da televisão, sobre um pequeno armário. Algum bilhete? Nada! Um admirador misterioso? Talvez!
O fato é que o tempo passou e o tal “Fininho” não mais havia cometido nenhum ato fora da lei. Resolveu procurar um justo emprego, começava a amadurecer em sua mente a idéia de constituir uma família. Pensava em ver seus filhos correndo pela casa enquanto ele e sua esposa trocavam beijos! Tudo era sonho. E este sonho chamava – se: Isadora!
Dois anos depois, a moça já havia largado de trabalhar na farmácia e resolveu voltar a estudar! Estava buscando terminar o ensino médio e almejava a faculdade. Após as aulas, pegava o ônibus a retornava ao lar para estudar.
E foi em uma dessas linhas que os dois voltariam a se encontrar. O tal “Fininho” recordou – se de Isadora, mas ela nada exatamente lembrava sobre o rapaz. Ele se omitia da sua verdadeira história. Os dois conversaram como se velhos amigos fossem e foi natural que um sentimento forte fosse nascendo entre eles.
Faltavam exatos vinte minutos para a meia noite. Caia uma fina chuva sobre Porto Alegre, cidade onde o inverno balançava a mente mais adormecida dos gaúchos mais apaixonados. Isadora começava e lembrar daquele terrível dia. O momento daquele assalto e o protagonista ! Tudo isso vinha à mente. E foi neste ambiente gelado, reflexivo e chuvoso que o tal “Fininho” resolveu atravessar a cidade para fazer uma surpresa a sua grande paixão.



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