domingo, 24 de março de 2013

Vivos, ainda!



Na tarde deste domingo, voltei a ver um filme chamado “Vivos”. Muitos já devem assitido este filme, que trata da queda de um avião, nos Andes. A impressionante história, baseada em fatos reais, faz com que os sobreviventes daquele terrível acidente procurem obedecer aos seus instintos de sobrevivência. Desta forma, buscam de todas as maneiras lutar contra a morte, que insiste em aparecer para muitas das pessoas que haviam sobrevivido à queda da aeronave.
A parte mais impactante do filme é quando os sobreviventes, já em estado de desidratação e em caótico estado alimentar, vivem um dilema: consumir, ou não, carne humana. Sem opções, começam a cortar os corpos que encontram – se enfileirados ao lado do avião e os comem.
Na verdade, já tinha assistido este filme em uma outra situação, mas jamais me passou pela cabeça escrever sobre ele. Mas, agora, por que essa tal vontade maluca? Pois é, talvez eu mesmo não encontre uma resposta. Nem consiga fazer uma reflexão sobre esta tragédia, que deixa qualquer pessoa em estado de pânico quase total.
Neste filme, uma cena mostra um dos sobreviventes dizendo que a primeira carne humana a ser consumida seria a do piloto, pois este seria o responsável pelo grande acidente. Neste contexto, impressiona que o espírito de vingança que habita o ser humano saia de forma tão espontânea, a ponto de colocar em cena mesmo quem já se encontre sem vida.
Talvez o fato de estar vivo, ainda, me fez pensar um pouco sobre este filme. Sobre o que pensar em relação àqueles bravos sobreviventes e suas incríveis atitudes de coragem. Afinal de contas, parece que ninguém está preparado para enfrentar a morte. Parece que as pessoas jamais aceitarão algo como fatalidade ou acidente. Neste sentido, parece que sempre haverá quem procure um culpado ou quem julgue casos assim como erros e negligências de fulano ou beltrano.
Sim, a boate Kiss! Foi justamente ela que me trouxe a falar sobre este filme. Porque muitos jovens morreram em uma noite que seria de festa. Aliás, muitas noites nesta boate foram de muita diversão, pegação, alegrias e felicidades. Todos buscavam viver intensamente em um lugar que era de costume. Até então, tudo estava certo, ninguém se preocupava com nada, e tudo estava acontecendo dentro da normalidade.
Claro, o filme “Vivos” mostra a diversão dos passageiros antes de o avião cair sobre as montanhas geladas dos Andes. Tudo estava certo, não havia nada de errado! No entanto, a fatalidade aconteceu e, agora, os passageiros passaram a ser sobreviventes. Como responder a tudo isso? Procurar um poder superior, ou insistir que os homens estejam sempre por trás das coisas ruins que acontecem.
Por fim, talvez a fatalidade na boate Kiss ainda se transforme em filme. Assim como o desastre nos Andes, apresentando os momentos anteriores à catástrofe. Mostrando jovens bonitas chegando perfumadas para mais uma noite de muita diversão. Mostrando os garotos universitários, que de tão valentes perderam a vida tentando salvar quem já estava sem vida, perdendo as suas próprias vidas.
Uma queda de avião e um incêndio que mostram os dois lados de uma mesma moeda. O antes e o depois. A normalidade que não produz culpa; ou seja, tudo dentro do normal! De outro lado, o imprevisto que vai apontar culpados e que vai, provavelmente, culpar e incriminar inocentes.
 E neste mar de acontecimentos incompreensíveis, uma coisa perece certa: estamos vivos, ainda!

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