As
manifestações que ocorreram no ano passado, e que ainda acontecem nos dias de
hoje, trouxeram a discussão a respeito de muitos assuntos que grande parte da
população desconhecia: as instituições, a política, por exemplo. As pessoas,
mesmo que já adormecidas em sua grande maioria, passaram a atentar mais para
situações recentes que estão rodeando a nossa sociedade. Os escândalos
envolvendo políticos corruptos vandalizando a política, bem como, policiais
assumindo a postura de marginais como o intuito de justificar uma grande
repressão. Tudo isso sob o chefiado de emissoras de televisão e seus
funcionários competentemente contratados para fazer o serviço sujo!
Com
certeza, os olhos do povo começam a se mover em um sentido oposto aos gramados
de futebol, às novelas que idealizam uma vida de outro mundo e programas de
auditório que têm a nítida pretensão de ocupar o tempo das pessoas com
inutilidades para que elas não percam o seu precioso tempo exercendo a arte de
pensar. Entre estas percepções, no seio de uma nação até então desorientada, gostaria
de destacar duas que me parecem de extrema relevância: a participação dos
órgãos de segurança do Estado, a polícia em particular e a participação das
empresas midiáticas; em especial, a forma como os fatos são transmitidos ao
público pelos jornalistas.
Em
primeiro lugar, gostaria de falar um pouco sobre a atuação policial e as
profundas discussões que ocorreram quanto ao despreparo e o imenso aparato
repressivo que os governos têm utilizado para silenciar os ativistas. Neste
contexto, precisamos estar cientes de que a polícia não treina para ser
pacífica. Não fosse isso, poderíamos prever que as fardas estivessem
desprovidas de armas; e os homens, de espírito violento!
No
dia de ontem, a cidade de Santa Maria, sim, a mesma em que a negligência do
poder público levou centenas de jovens à morte na boate Kiss, foi palco de uma
imensa covardia da polícia em relação aos manifestantes que protestavam contra
o aumento das passagens de ônibus. Basta buscar os vídeos pelas redes sociais para
constatar o que estou escrevendo! O despreparo que aponta armas para os jovens
e a ignorância que aperta o gatilho! Balas de borracha, violência, fogos e muitas
queixas na polícia contra a própria polícia.
Pois,
então, este era o primeiro aspecto que gostaria de apontar: a repressão tende a
ganhar força, cada vez mais. Desde Junho de 2013, nada mudou e o poder das armas
ainda controlam milimetricamente os passos do povo. O outro aspecto que chamava
a atenção no início deste texto: a atuação dos jornalistas ao noticiarem os
fatos!
Aquela
história de que a mídia tem de ser imparcial e todo aquele curso de ética que
aprendemos na faculdade são atributos simbólicos no mundo atual. Um jornalista,
por exemplo, escreve ou noticia aquilo que seus patrões querem. Ou a Rede
Globo, RBS e outras tantas “subordinadas” não são verdadeiras empresas que
vendem notícias como se fosse qualquer produto que embeleza uma vida altamente
consumista?
Assim
sendo, também precisamos atentar para o fato de que essas empresas
jornalísticas têm lá os seus contatos com o mundo empresarial e político.
Percebam que algumas interpretações ( E este termo não deveria existir no meio
jornalístico! ) são completamente incoerentes. Por exemplo, uma jornalista pode
colocar no mesmo pacote termos como “suspeito”, “traficante” e “homem”. Basta
situar o termo na condição da firma. O mensalão petista é inculcado de forma
completamente diferente do mensalão tucano.
A
isto precisamos estar atentos: a mídia é como uma enfeitada vitrine de uma loja
qualquer! Produtos que não vendem são retirados! Ou seja, o que não interessa à
firma e a seus patrocinadores é, possivelmente, manipulado; ou, mesmo,
negligenciado!
Daí
duas preciosidades que vem acalorando debates e gerando imensas trocas de
farpas entre governo e oposição! Conflitos entre polícia e manifestantes!
Discórdias entre a imprensa e seus clientes e por aí vai!
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