quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

De balas e repressão.



As manifestações que ocorreram no ano passado, e que ainda acontecem nos dias de hoje, trouxeram a discussão a respeito de muitos assuntos que grande parte da população desconhecia: as instituições, a política, por exemplo. As pessoas, mesmo que já adormecidas em sua grande maioria, passaram a atentar mais para situações recentes que estão rodeando a nossa sociedade. Os escândalos envolvendo políticos corruptos vandalizando a política, bem como, policiais assumindo a postura de marginais como o intuito de justificar uma grande repressão. Tudo isso sob o chefiado de emissoras de televisão e seus funcionários competentemente contratados para fazer o serviço sujo!
Com certeza, os olhos do povo começam a se mover em um sentido oposto aos gramados de futebol, às novelas que idealizam uma vida de outro mundo e programas de auditório que têm a nítida pretensão de ocupar o tempo das pessoas com inutilidades para que elas não percam o seu precioso tempo exercendo a arte de pensar. Entre estas percepções, no seio de uma nação até então desorientada, gostaria de destacar duas que me parecem de extrema relevância: a participação dos órgãos de segurança do Estado, a polícia em particular e a participação das empresas midiáticas; em especial, a forma como os fatos são transmitidos ao público pelos jornalistas.
Em primeiro lugar, gostaria de falar um pouco sobre a atuação policial e as profundas discussões que ocorreram quanto ao despreparo e o imenso aparato repressivo que os governos têm utilizado para silenciar os ativistas. Neste contexto, precisamos estar cientes de que a polícia não treina para ser pacífica. Não fosse isso, poderíamos prever que as fardas estivessem desprovidas de armas; e os homens, de espírito violento!
No dia de ontem, a cidade de Santa Maria, sim, a mesma em que a negligência do poder público levou centenas de jovens à morte na boate Kiss, foi palco de uma imensa covardia da polícia em relação aos manifestantes que protestavam contra o aumento das passagens de ônibus. Basta buscar os vídeos pelas redes sociais para constatar o que estou escrevendo! O despreparo que aponta armas para os jovens e a ignorância que aperta o gatilho! Balas de borracha, violência, fogos e muitas queixas na polícia contra a própria polícia.
Pois, então, este era o primeiro aspecto que gostaria de apontar: a repressão tende a ganhar força, cada vez mais. Desde Junho de 2013, nada mudou e o poder das armas ainda controlam milimetricamente os passos do povo. O outro aspecto que chamava a atenção no início deste texto: a atuação dos jornalistas ao noticiarem os fatos!
Aquela história de que a mídia tem de ser imparcial e todo aquele curso de ética que aprendemos na faculdade são atributos simbólicos no mundo atual. Um jornalista, por exemplo, escreve ou noticia aquilo que seus patrões querem. Ou a Rede Globo, RBS e outras tantas “subordinadas” não são verdadeiras empresas que vendem notícias como se fosse qualquer produto que embeleza uma vida altamente consumista?
Assim sendo, também precisamos atentar para o fato de que essas empresas jornalísticas têm lá os seus contatos com o mundo empresarial e político. Percebam que algumas interpretações ( E este termo não deveria existir no meio jornalístico! ) são completamente incoerentes. Por exemplo, uma jornalista pode colocar no mesmo pacote termos como “suspeito”, “traficante” e “homem”. Basta situar o termo na condição da firma. O mensalão petista é inculcado de forma completamente diferente do mensalão tucano.
A isto precisamos estar atentos: a mídia é como uma enfeitada vitrine de uma loja qualquer! Produtos que não vendem são retirados! Ou seja, o que não interessa à firma e a seus patrocinadores é, possivelmente, manipulado; ou, mesmo, negligenciado!
Daí duas preciosidades que vem acalorando debates e gerando imensas trocas de farpas entre governo e oposição! Conflitos entre polícia e manifestantes! Discórdias entre a imprensa e seus clientes e por aí vai!

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