sexta-feira, 10 de abril de 2015

Uma xícara de café!

Ainda que muitas pessoas insistam em cultivar o comodismo pessoal, algumas não se esquivam da arte de refletir, debater e compartilhar posições.  Parece que a grande maioria da população está subordinada a uma ignorância que ela mesma ( a maioria ) ignora. No entanto, não me ocorre que isso seja por acaso.
No primeiro exemplo, podemos trazer como contribuição a história do Roberto, um estudante universitário que ganha a vida entregando jornais da empresa que mais monopoliza o sistema de comunicação da cidade inteira. Trata – se de um rapaz dotado de um extremo espírito crítico e reflexivo em qualquer discussão ou debate em que seja convidado a participar.
Por exemplo, costuma comparar a sua profissão ( Entregador de jornais ) com os “aviõzinhos”, aquelas pessoas encarregadas de entregar drogas nos redutos onde o tráfico de entorpecentes alimenta o vício de muitas pessoas. Assim, ao fazer esta comparação, o rapaz acaba assumindo a função da empresa que o contrata na sociedade atual: fornecer droga! Ou seja, o próprio Roberto se sente como um “aviãozinho” pelo simples fato de entregar uma droga ( O jornal ) aos consumidores ( Usuários ) diariamente.
Em contrapartida, muitos clientes ( Usuários ) da droga que Roberto entrega nem imaginam o quanto estão sendo ludibriados pela composição superficial e o conseqüente efeito que tal droga ( O jornal ) pode causar nestas pessoas. Para Roberto, certa feita ele mesmo defendeu esse argumento em um seminário na faculdade, assim como as pessoas perdem os sentidos ao consumirem muita cerveja, por exemplo, elas também comprometem os seus sentidos lendo as notícias manipuladas e vendidas como reais pela grande mídia da atualidade.
Desta maneira, os clientes dos patrões de Roberto consomem um produto que os aliena e os deixa completamente desorientados em relação aos reais acontecimentos que cercam a vida em sociedade. Nesse sentido, possuem um ordenamento “cultural” que não é capaz de ultrapassar os limites de algumas opiniões superficiais no sentido de impor a ideologia da empresa aos clientes.
Dessa forma, e isso é bastante comum no sistema capitalista ( Guloso por exploração e dinheiro! ), os patrões de Roberto são como traficantes de drogas. Agem na ilegalidade sonegando impostos e corrompendo funcionários encarregados de cobrar contribuições e impostos. Contudo, continuam vendendo a droga, cada vez em maior quantidade, atingindo um público de usuários cada vez mais amplo.
Esta droga é tão apreciada que os heróis criados por ela estão nas novelas, nos gramados de futebol espalhados pelo mundo e na pornografia generalizada dos programas de brothers que transam para o grande público como se isso fosse um nada. Tudo, parece claro, incentivado por pseudo – intelectuais e jornalistas despreparados que ganham milhões com a venda dessa droga e muitas outras que os próprios  dependentes não percebem.
Finalizando, Roberto e os clientes são faces de uma mesma moeda. O primeiro ganha um salário pífio ( Em relação ao excesso de trabalho diário! ) para entregar a mercadoria; enquanto os segundos consomem essa mercadoria em qualquer bar, nos escritórios localizados no centro da cidade e, mesmo, dentro dos seus lares. Portanto, a ilusão de que somos certos e errados são os que consomem drogas oriundas das favelas é fruto da ação e resultado de um consumo em massa da maior das drogas; aquela que corrói o cérebro, a reflexão e a possibilidade de ver um palmo a sua frente.
O que fazer?

Talvez beber uma xícara de café.

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