Ainda
que muitas pessoas insistam em cultivar o comodismo pessoal, algumas não se
esquivam da arte de refletir, debater e compartilhar posições. Parece que a grande maioria da população está
subordinada a uma ignorância que ela mesma ( a maioria ) ignora. No entanto,
não me ocorre que isso seja por acaso.
No
primeiro exemplo, podemos trazer como contribuição a história do Roberto, um
estudante universitário que ganha a vida entregando jornais da empresa que mais
monopoliza o sistema de comunicação da cidade inteira. Trata – se de um rapaz
dotado de um extremo espírito crítico e reflexivo em qualquer discussão ou
debate em que seja convidado a participar.
Por exemplo,
costuma comparar a sua profissão ( Entregador de jornais ) com os “aviõzinhos”,
aquelas pessoas encarregadas de entregar drogas nos redutos onde o tráfico de
entorpecentes alimenta o vício de muitas pessoas. Assim, ao fazer esta
comparação, o rapaz acaba assumindo a função da empresa que o contrata na
sociedade atual: fornecer droga! Ou seja, o próprio Roberto se sente como um “aviãozinho”
pelo simples fato de entregar uma droga ( O jornal ) aos consumidores ( Usuários
) diariamente.
Em
contrapartida, muitos clientes ( Usuários ) da droga que Roberto entrega nem
imaginam o quanto estão sendo ludibriados pela composição superficial e o conseqüente
efeito que tal droga ( O jornal ) pode causar nestas pessoas. Para Roberto,
certa feita ele mesmo defendeu esse argumento em um seminário na faculdade,
assim como as pessoas perdem os sentidos ao consumirem muita cerveja, por
exemplo, elas também comprometem os seus sentidos lendo as notícias manipuladas
e vendidas como reais pela grande mídia da atualidade.
Desta
maneira, os clientes dos patrões de Roberto consomem um produto que os aliena e
os deixa completamente desorientados em relação aos reais acontecimentos que
cercam a vida em sociedade. Nesse sentido, possuem um ordenamento “cultural”
que não é capaz de ultrapassar os limites de algumas opiniões superficiais no
sentido de impor a ideologia da empresa aos clientes.
Dessa
forma, e isso é bastante comum no sistema capitalista ( Guloso por exploração e
dinheiro! ), os patrões de Roberto são como traficantes de drogas. Agem na
ilegalidade sonegando impostos e corrompendo funcionários encarregados de
cobrar contribuições e impostos. Contudo, continuam vendendo a droga, cada vez
em maior quantidade, atingindo um público de usuários cada vez mais amplo.
Esta
droga é tão apreciada que os heróis criados por ela estão nas novelas, nos
gramados de futebol espalhados pelo mundo e na pornografia generalizada dos
programas de brothers que transam para o grande público como se isso fosse um
nada. Tudo, parece claro, incentivado por pseudo – intelectuais e jornalistas
despreparados que ganham milhões com a venda dessa droga e muitas outras que os
próprios dependentes não percebem.
Finalizando,
Roberto e os clientes são faces de uma mesma moeda. O primeiro ganha um salário
pífio ( Em relação ao excesso de trabalho diário! ) para entregar a mercadoria;
enquanto os segundos consomem essa mercadoria em qualquer bar, nos escritórios
localizados no centro da cidade e, mesmo, dentro dos seus lares. Portanto, a
ilusão de que somos certos e errados são os que consomem drogas oriundas das
favelas é fruto da ação e resultado de um consumo em massa da maior das drogas;
aquela que corrói o cérebro, a reflexão e a possibilidade de ver um palmo a sua
frente.
O que
fazer?
Talvez
beber uma xícara de café.
Nenhum comentário:
Postar um comentário