segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Educação e capital

Não chega a ser novidade as dificuldades atuais enfrentadas pela educação na sociedade . Os problemas relacionados a estruturas físicas e pedagógicas podem ser importantes , mas não determinam esta crise . Poderíamos ficar discutindo sobre diversas maneiras com as quais aprimoraríamos o processo educacional . No entanto , uma destas maneiras – e , para mim , a mais importante – é aquela que em que se situa o aprendizado junto à sociedade em que se vive e se desenvolve . Desta forma , podemos questionar e refletir sobre a seguinte questão : “Estamos educando, para quê (quem)?”

Lembro que nas lajes laterais do arroio dilúvio continha a seguinte escrita: Para que (quem) serve o teu conhecimento? Pois esta é a verdade , não sabemos para que estamos estudando . Não sabemos para que (quem) vamos ensinar , algum dia .

O contexto capitalista , onde tudo é busca pelo dinheiro , exige dos profissionais a ambição . Exige-se que o lucro esteja por toda a parte. Neste ínterim, o conhecimento deixa de ser questionado e tudo o que se ensina fica jogado de canto, ou seja, em segundo plano. E o professor não fica de fora deste sistema. Quer dizer, ele precisa ganhar para seu sustento e para o sustento de sua família, então não interessa o que ele pensa sobre o conteúdo a ensinar aos alunos e , muito menos , a leitura crítica que ela faz destes conteúdos frente à sociedade moderna . O capitalismo tem este incrível atributo de oferecer capital para que se receba a obediência.

Assim sendo, penso que o problema principal da educação moderna não está no ensino em si , mas na contextualização social. Ensina – se apenas o que interessa aos detentores de capital. Um exemplo bem notável disso é quando estamos no ensino fundamental e estudamos o Brasil – Colônia. O professor não ganha para ficar questionando ou fazendo críticas sobre o tema, ganha apenas para enfiar na cabeça dos alunos este conteúdo. E assim o fazem. Esta carência de senso crítico faz dos cidadãos atuais uns verdadeiros submissos ao mundo do capital. Não se pensa nada, não se discute nada. Isso porque discutir e pensar não rende dinheiro. No texto de Jayme Paviani1 ,em sua página 25, aparece uma caracterização corretíssima do capitalismo: “não é apenas um modo de produção, mas também um modo de pensar, um modo ideológico de interpretar e de orientar todos os segmentos da sociedade”. Daí dizer que a educação transforma-se, com o passar do tempo, em uma serva incontestável do capital servindo único e exclusivamente a ele.

Enfim, entre outros inúmeros problemas relacionados à educação, este pra mim parece ser o principal: o contexto. Tudo o que fizemos e pensamos está voltado para o capitalismo e para a busca incansável pelo dinheiro. Muitas pessoas sempre disseram que eu deveria fazer um concurso público para ganhar bem, com isso jamais precisaria entrar para a faculdade. Então, este é o contexto – o capitalismo. Onde não se ganha para outra coisa a não ser obedecer. Ou seja, o pensamento e – conseqüentemente – o senso crítico não podem existir em uma sociedade de democracia capitalista fajuta. Para finalizar, retomando mais uma passagem do texto de Jayme Paviani: “A reflexão crítica, portanto, procura examinar a origem, a natureza, o modo de ser e a finalidade do conhecimento em geral e do conhecimento científico especialmente, enquanto representação da realidade”.Portanto, é tudo o que nos está faltando!

1 Jayme Paviani; Problemas de Filosofia da Educação (3ª Edição )

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