sábado, 24 de maio de 2014

Georg Simmel e a tia nervosa!



Assim como em algumas outras oportunidades; dias atrás, passei ( Mesmo que como um atento observador ) por um momento de turbulência enquanto rumava ao trabalho, no centro da cidade. Na atualidade, as pessoas estão alienadamente buscando cumprir o seu dever diário que a sociedade ( Diga – se o sistema exploratório capitalista, de produção! ) lhe impõe: trabalhar, ir para casa e dormir! No outro dia: trabalhar, ir para a casa e dormir. Diante de tamanha escravização cotidiana, visto que viver dignamente tem este preço, aconteceu algo um tanto curioso:
Uma senhora, que não precisaria estar na fila para pegar o ônibus, se exaltou com um rapaz que estava a sua frente. Argumentava ela que o rapaz foi chegando de “mansinho” e acabou ficando por ali, sem fazer o correto, segundo ela: ir para o final da fila. Mais ainda, a senhora estava exaltada porque não poderia se atrasar para chegar ao trabalho e que não poderia esperar o próximo coletivo, que sairia 10 minutos depois. Aquela senhora me fez lembrar de Georg Simmel, na hora!
Impressionante como a correria cotidiana e a escravização em massa criam um falso desenvolvimento social, ao mesmo tempo em que corroem o conhecimento e propagam a ignorância entre as pessoas. A senhora estava tão “nervosa” que não conseguia pensar que tinha uma pequena fila paralela, destinada aos idosos, gestantes ou deficientes. Seria uma das primeiras a entrar e escolher quaisquer assentos preferenciais, que estavam desocupados. Neste sentido, parece que o mercado capitalista, que guia a ganância dos patrões em busca do lucro a todo o instante, acelerou o ritmo das ruas e entorpeceu a mente das pessoas, fazendo – as ignorantes em relação aos seus próprios direitos.
Voltando ao título deste texto, lembrei de Georg Simmel por toda a contribuição para a sociologia que este autor dedicou. Ao pensar sobre temas como a modernidade e a importância social do dinheiro, podemos fazer uma relação com este caso relatado acima. A “tia nervosa” está por todos os cantos da sociedade brasileira e do mundo. As pessoas não podem mais perder um minuto se quer de seu precioso tempo; elas precisam correr e produzir a todo o custo, a todo instante. Neste sentido, reclamam de qualquer coisa, buzinam seus carros freneticamente no trânsito, brigam e, não raramente, se matam por qualquer coisa ou se extressam por qualquer motivo fútil.
Em síntese, a correria e as múltiplas tarefas presentes na sociedade estão fazendo com que o ser humano se transforme em um mero objeto de mercado. Funcionando perfeitamente, a vida segue; do contrário, podem ter certeza de que o patrão o descartará como um pedaço de papel inútil. Pensando em Georg Simmel, mais uma vez, deixo um conselho: cuidado ao pedir aumento de salário ou valorização ao seu patrão ou superior! Você pode correr o risco de ouvir a seguinte resposta:
“Se eu abrir uma vaga, no seu cargo, a fila dobrará a esquina! Portanto, não reclame, pois na rua a situação está bem pior!”

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