Todos os dias é a mesma
coisa: saio pela manhã, pego o coletivo lotado e vou ao trabalho. Á noitinha, a
cena se repete:o coletivo anda se arrastando e ainda mais lotado com a
contribuição de um trânsito tenso, lento e insuportável. Neste contexto,
preciso me transformar em herói para não ver o meu psicológico cair chão
abaixo. Preciso me transformar em um bicho para me adaptar á forma na qual o
povo é tratado pelos governantes. Bichos, é isto que somos e parece cada vez
mais complicado para as pessoas perceberem isso.
Parece difícil imaginar como as pessoas vivem, ou melhor: sobrevivem! Não paramos pra pensar, mas passamos bem mais tempo de nossas vidas esperando por alguma coisa do que aproveitando esta mesma coisa. Por exemplo, qual o serviço que um banco pode oferecer? Empréstimo, um caixa para pagar contas. Então, fique na fila de um banco para perceber o que estou falando. Outro exemplo, as famosas lotéricas. Nestes locais, o público tem aumentado cada vez mais. Qual o motivo? A esperança de ficar milionário acertando meia dúzia de números? Claro que não!
Parece difícil imaginar como as pessoas vivem, ou melhor: sobrevivem! Não paramos pra pensar, mas passamos bem mais tempo de nossas vidas esperando por alguma coisa do que aproveitando esta mesma coisa. Por exemplo, qual o serviço que um banco pode oferecer? Empréstimo, um caixa para pagar contas. Então, fique na fila de um banco para perceber o que estou falando. Outro exemplo, as famosas lotéricas. Nestes locais, o público tem aumentado cada vez mais. Qual o motivo? A esperança de ficar milionário acertando meia dúzia de números? Claro que não!
As filas em lotéricas têm
aumentado consideravelmente porque as pessoas não suportam mais esperar por
longas jornadas nas filas intermináveis de bancos. Então, passam a pagar seus boletos
nas casas lotéricas mais próximas. Sim, somos todos tratados como animais! São
apenas dois breves exemplos do nosso cotidiano.
Percebam o nosso sistema de
segurança, de saúde e educacional! São serviços essenciais, mas que são
sucateados por sucessivos governos que assumem com um discurso e uma prática.
Mesmo sendo tratados como animais, podemos perceber que discursos e que
práticas são essas. Talvez o leitor deva estar se perguntando qual o
significado deste texto.
Respondo: nenhum, dependendo
da percepção de quem está do outro lado da tela, lendo. Por exemplo, um
trabalhador que dedica maior parte do seu tempo ao trabalho para ganhar um
salário miserável dirá que as coisas são assim mesmo. Ou seja, aceita a idéia
de que somos bichos e devemos continuar sendo. Descartará este texto como se
fosse uma porção de coisas e informações verídicas, mas imutáveis.
Um grande empresário, que
ganha muito dinheiro como se nada fosse colocará a culpa nos governos,
argumentando que são de esferas privadas. Lerá este texto, reconhecerá os
problemas, mas se omitirá de qualquer ação prática para resolver quaisquer dos
problemas aqui apresentados. Em ambos os casos, trabalhador e empresário acabam
aceitando a idéia de que somos bichos.
Então, se aceitamos em
silêncio tudo o que vemos, mesmo sabendo ser injusto, como não sermos tratados
como bichos? Como não ser um bicho, se a passagem aumenta e nos esmagamos cada
vez mais a cada percurso? Como não sermos bichos, se aceitamos qualquer
promessa de pessoas que não tem compromisso nenhum com a sociedade mais
necessitada? Como não sermos bichos se acreditamos que a melhor maneira de ressocializar
um criminoso é o matando?
Enfim, não faltam motivos
para que sejamos chamados e tratados como bichos. Não faltam exemplos para
perceber que o individualismo das pessoas conduze a apreciarem os seus
instintos mais primitivos. Sim, somos bichos e continuaremos a ser, pelo menos
até o momento em que houver uma grande mudança de identidade e todos passarmos
a sermos heróis! Enquanto isso, engoliremos poucas e boas! Permaneceremos
calados, como um bicho nato! Silenciaremos por falta de argumentos! Mesmo
assim, sobreviveremos e seguiremos caminhando e cantando!
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