sábado, 6 de maio de 2023

Barbárie nas escolas.

 

Barbárie nas escolas.

Os recentes casos de violências e ameaças protagonizadas por jovens e estudantes nas nossas escolas não surgem do nada. Recentemente, discursos de ódio e preconceituosos de toda sorte foram disseminados pelas redes sociais e, até mesmo, dentro das escolas. Por outro lado, jamais tivemos tanta apologia ao uso de armas como forma de autodefesa como nos últimos anos. Ou seja, existe um conjunto de fatores que fizeram com que chegássemos a esta barbaridade dentro das nossas instituições de ensino e também fora dela.

Atualmente, diversos casos de preconceito têm "viralizado" em nossa sociedade como se fosse algo comum. Apenas para citar alguns, os casos de racismo são recorrentes e já nem se escondem mais no obscuro submundo das redes sociais. Muitas pessoas exercem sua barbárie racial à luz do dia, sem o menor receio, na frente de outras pessoas, sob as lentes de câmeras anônimas. Da mesma forma, pessoas homossexuais são vítimas de tudo que é forma de preconceito; inclusive, não raramente, vindo a óbito por não resistir ao excesso de brutalidades irracionais que sofrem em casos de agressão.

Não há dúvidas de que existe um terreno demasiado fértil para a disseminação deste tipo de ideias: a internet. Muitos jovens articulam atos de violência entre grupos de internet, onde fazem uso da prática de jogos na rede mundial de computadores que expõem intenso conteúdo de barbárie e violência. Não satisfeitos, ultrapassam os limites da tecnologia e tecem ameaças em grupos de WhatsApp, impondo o medo na comunidade, o pavor na sociedade e acabam por despertar as atenções do poder público com relação à segurança das pessoas. Tudo isso, claro, sem que os pais tenham o menor conhecimento do que, de fato, esteja acontecendo com os seus filhos fora da certidão de nascimento ou do documento de identidade.

Por outro lado, não podemos esquecer que os últimos anos deram uma enorme contribuição para que ideias anticivilizatórias se propagassem com relativa força no nosso meio. A polaridade política e os discursos preconceituosos do ex-presidente do Brasil trouxeram à tona um sentimento de exclusão que muitas pessoas jamais imaginaram que possuíam. O ódio ao PT e ao atual presidente saiu do terreno da política para orbitar a esfera social. Isso talvez tenha sido o estopim para que tantos atos violentos fossem noticiados pela imprensa e suas imagens divulgadas pelas redes sociais.

Outro fator de extrema relevância para que tal cenário se apresentasse foi, certamente, a apologia ao uso de armas de fogo que foram escancaradas pelo derrotado ex-presidente. Desde fotos com infantes gesticulando uso de armas até uma de suas bandeiras de campanha: Bolsonaro sempre procurou minar a violência, prometendo liberar o belicismo, como se fosse a única forma de acabar, pasmem, com a violência. Pode até parecer bizarro, mas é a mais pura verdade!

Como resultado, o bolsonarismo foi externalizado até por pessoas que se dizem cristãs, ou de religião. A violência, o preconceito e o modo de exclusão passaram a ser cada vez mais comuns como nunca antes na história deste país. Muitas relações familiares foram rompidas e relações de amizades de longo tempo foram desfeitas. Muita gente começou a questionar tudo desfilando ignorância e divulgando mentiras. Esse conjunto de fatores acabou fazendo com que a idolatração da violência, o culto ao preconceito e o uso de exacerbado de armas fizessem com que nossos jovens colocassem para fora tudo aquilo que aprendem longe dos pais e de pessoas íntegras. O resultado está exposto: facadas, tiros, sangue, assassinatos e crimes contra a vida.

Enfim, precisamos, de fato, ficar atentos àquilo que os nossos jovens estão fazendo por trás do computador ou dos grupos de WhatsApp! Não é admissível que a família espere apenas tomada de decisão do poder público ou das instituições de ensino para educar para a dignidade humana. A família é o primeiro degrau de socialização de qualquer pessoa; é lá que deve aprender as lições básicas como a de que todos somos iguais e que cada pessoa tem uma história diferente e uma opinião que deve ser respeitada em qualquer situação. Somente assim poderemos evoluir em um ambiente de harmonia e paz na sociedade. Fora isso, estaremos correndo o risco de continuarmos sendo uma sociedade anômica, para dizer o mínimo.

 

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